Capítulo 17

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Depois de uma noite cheia de sonhos, era hora de acordar e encarar a realidade que prometia ser melhor ainda.

Levantei bem disposta, tomei um banho nada demorado (estou tentando economizar água), e vesti apenas uma calça jeans com uma camiseta branca. Coloquei um par de sapatilhas e fiz uma maquiagem simples. Eram apenas sete horas da manhã e eu não queria nada exagerado.

Como hoje é sábado, meu pai tem o privilégio de dormir mais um pouco antes de ir trabalhar. Mamãe, que é apenas dona de casa, já está acostumada a acordar cedo. E foi ela que encontrei sentada no sofá, assistindo algum jornal, enquanto tomava café.

- Oi, mãe. Bom dia.

- Onde você vai?

- Ver o Rafael... O vôo dele chega oito horas. Sei que vocês não permitiram, mas também não negaram, então...

Depois de eu ter provado através das redes sociais e da notícia sobre o acidente, minha mãe pareceu estar convencida de que o Rafa é uma boa pessoa mesmo.

- Tudo bem. Mas você não vai sozinha - ela falou levantando do sofá. - Vou chamar o Gustavo pra ir junto.

- Não precisa, mãe. As meninas vão comigo.

- Que meninas?

- Isadora, Amanda, Laura e Flávia.

- Ok, mas, mesmo assim, ainda é melhor terem como companhia um homem.

Mães...

Com tantas garotas é meio óbvio que iríamos nos atrasar. Eu só não imaginava que seria tanto assim.

Ainda estávamos no ônibus quando meu celular vibrou. Tirei do bolso e, com as mãos que estavam trêmulas desde cedo, abri a nova mensagem que vinha do Twitter.

@rafa_the_dark:

Cadê você, @patriciamnzs? Acabo de chegar na sua cidade e não tenho direito a boas vindas calorosas?

- Gente, o Rafa já chegou! - Falei alto demais, atraindo a atenção não só das minhas amigas e do meu irmão, mas também de grande parte das pessoas no ônibus.

- Dá próxima vez fala um pouco mais alto, acho que o cobrador também quer ouvir, amiga - Flávia, que estava sentada ao lado da Laura, murmurou sarcástica.

A Amanda e a Isa também estavam sentadas uma do lado da outra. Eu preferi ficar em pé por pura ansiedade, e o Gu estava ao meu lado por falta de lugar mesmo.

Eu tentava manter a calma depois de ser comparada até com o Burro, do Shrek, por ficar perguntando toda hora "a gente já chegou?". Felizmente não tive mais que falar isso, pois eu já podia ver o aeroporto da cidade.

Assim que o veículo parou, desci que nem uma louca, seguida pelas minhas amigas.

- Tá legal, se acharem alguém com cabelos bagunçados e roupas pretas, podem apostar que é o Rafael - falei, assim que entramos no local.

- Não é mais fácil mandar mensagem pra ele? - Meu irmão perguntou como se fosse a coisa mais óbvia a fazer.

@patriciamnzs:

Cadê você, garoto sombrio @rafa_the_dark? Tô te procurando.

@rafa_the_dark:

Acho que já te achei, @patriciamnzs ...

Depois de ler isso é claro que ansiedade, nervosismo, entusiasmo e felicidade eram palavras pequenas para definir o que senti. Pela primeira vez entendi porque as pessoas costumavam dizer que estavam com "borboletas no estômago.".

E como é bom sentir isso...

Se eu estava assim apenas lendo uma mensagem, imagina quando tirei os olhos do celular e vi ele.

Não consigo descrever com muita clareza, nem encontrar palavras para dizer como eu me senti ao ver ele vindo em minha direção. Meu coração começou a bater mais forte do que nunca.

E talvez isso seja natural já que se trata de um cara lindo, com jeans velhos e camiseta de alguma banda, caminhando em minha direção. O olhar frio, os cabelos escuros e aquele sorriso que dizia tantas coisas... Mistério, malícia, dúvida e paixão.

Lutei contra a vontade de sair correndo e me jogar nos braços dele. Eu tinha que lembrar que não estava em um filme romântico, e que a vida real é bem diferente.

Depois de uma caminhada que pareceu ser em câmera lenta, o Rafael se aproximou de mim, e eu o abracei. Assim mesmo, sem trocar nem uma palavra.

Não sei se foi um abraço curto de três segundos, ou um abraço prolongado de vinte segundos. Mas sei que, apenas com essa demonstração de afeto, senti vontade e pude pensar em tantas outras coisas...

Me imaginei dando carinho, fazendo cafuné, beijando e cheirando o Rafa. Me imaginei assistindo o filme favorito dele (mesmo sendo de terror), cuidando, mimando e animando ele nos dias tristes.

Eu queria ser o alicerce do Rafael. O chão. O apoio para ele não cair. Queria pegar a mão dele nas horas mais difíceis e dizer que tudo ia ficar bem.

Mas, claro que a cena romântica que rondava a minha cabeça tinha que ser interrompida. Eu não podia ficar ali abraçando o menino sem dizer nada.

- Pensei que você fosse um pouquinho mais alta, menina sofrimento.

E essas foram as primeiras palavras que ouvi o Rafa falar pessoalmente.

Ah, sério? Tinha que ser isso?

Eu já estava meio acostumada a ouvir essa frase. Quase todo mundo que me vê pela primeira vez diz que achava que eu tinha um tamanho normal. E não que eu era um "toco de gente".

- Oi pra você também - eu disse, ignorando o comentário dele.

- Oi, Patrícia.

Já vi que não vai ser fácil me acostumar com essa voz incrivelmente sedutora pronunciando meu nome...

Logo apresentei as meninas pra ele. Não dava para ficar suspirando toda hora não.

- Essa aqui é a Laura - falei apontando para a minha amiga loira, que sorriu enquanto cumprimentava o Rafa. - Essa é a Flávia. A ruiva é a Amanda. E a lindona aqui é a Isadora.

Rafael cumprimentou todas as meninas. E então o Gu apareceu com um sorvete nas mãos.

- Você dever ser o Gustavo, certo? - O Rafa falou com o meu irmão.

- Aham. A Pati deve falar muito de mim, não é?!

- Pior que fala mesmo.

- É, eu sei. Essa menina não seria nada sem o maninho aqui.

Os dois se deram bem e logo conversavam como se já fossem amigos há anos. Tenho que admitir que fiquei com um pouco de ciúmes. O Rafael tinha chegado a mais de uma hora e eu ainda não tinha conseguido nem ter uma conversa somente com ele.

Eu nem sabia direito o que queria falar. Estava me sentindo tão tímida que até a Amanda conversou mais com ele do que eu.

Coloquei na minha cabeça que ainda teria algum tempo para isso. Se falasse tudo assim, por impulso, poderia acabar dizendo o que não devia.

Agora sim os planos para conquistar o garoto sombrio vão entrar em prática com tudo. E dessa vez sem erros. Me desejem sorte. Eu vou precisar.

O amor em 140 caracteres [completo]Where stories live. Discover now