Capítulo 18

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Assim que saímos do aeroporto, fomos comer em uma lanchonete da minha cidade. O lugar era simples, mas a comida era divina.

Minhas amigas não foram nada discretas quando escolheram os lugares a mesa, deixando eu e o Rafa colados um do lado do outro.

- Bem, hoje é um dia especial para a garota mais sensível e responsável de todas - Isadora começou a falar como se fosse um discurso.

- E não é apenas por sua causa, Rafael - Amanda completou, fazendo graça. - Hoje a Pati faz dezessete anos.

Minha boca se abriu formando um o. Eu tinha esquecido o dia do meu aniversário!

- Você esqueceu? - Meu irmão perguntou surpreso com a minha reação.

Antes que pudesse responder, as minhas amigas vieram me abraçar, desejando parabéns. O Gu bagunçou os meus cabelos enquanto dizia que eu estava ficando velha mesmo. E o Rafa foi bem tímido me dando mais um abraço.

Comecei a pensar em como não fui a única que esqueceu o meu próprio aniversário. Minha mãe me viu pela manhã e não falou nada. Além disso, não recebi mensagens de ninguém.

Depois de comer muita besteira, meu irmão ficou mexendo no celular, e as meninas, estrategicamente, me excluíram dos seus assuntos. Estava tão claro que elas faziam isso apenas para eu conversar com o Rafa que até fiquei envergonhada.

- Trouxe um presente pra você - Rafael falou me olhando nos olhos.

- Ah, não precisava!

- Não é nada demais. Coisa simples - ele me entregou um embrulho dourado. Pelo formato, era um CD. - Selecionei algumas músicas que gosto e coloquei aí. O nosso gosto musical não é nada parecido, mas essas letras... Encantam qualquer um, cara!

Minha vontade era falar que ficava encantada mesmo com cada palavra que saia da boca dele. Se controla, Pati!

- Obrigada, Rafa! Vou ouvir hoje mesmo.

Após isso um silencio desconfortável se formou. Eu queria dizer tantas coisas, mas a minha timidez não estava colaborando.

- Então, já sabe onde vai ficar? - Perguntei.

- Aham, pesquisei alguns hotéis.

- Legal...

Já estava na hora do almoço e o Rafa foi o primeiro a ir embora.

- Então, a gente pode fazer alguma coisa amanhã. Ir a algum parque, sei lá... - Ele falou com as mãos nos bolsos.

- Tudo bem - concordei e acenei assim que ele conseguiu chamar um táxi.

Nós também fizemos o mesmo. Eu e as garotas fomos espremidas no banco traseiro de outro táxi, e meu irmão foi super confortável ao lado do motorista.

Descemos em frente a minha casa e todos saíram apressados do veículo, me deixando pagar a conta. Que privilégio!

Eu não via a hora de deitar na cama e relaxar ouvindo o CD que ganhei do Rafa.

- Lar doce lar! - Exclamei abrindo a porta. A sala estava estranhamente vazia. Chamei pelo Gustavo, mas não recebi nem uma resposta.

Ouvi sussurros na área atrás de casa e passou pela minha cabeça que talvez aquelas espertas, junto com meu irmão, queriam me pregar uma peça.

Eu já estava preparada para acabar com a brincadeira deles quando fui até o quintal.

- Surpresaaaa! Parabéns pra você, nessa data querida, muitas felicidades, muitos anos de vida!

Meus pais, tios, primos, vizinhos e amigos estavam ali, batendo palmas e cantando. Claro que eu lagrimei vendo tudo aquilo.

- Assopra as velas e faz um desejo, Pati! - Minha mãe falou animada.

Olhei para o bolo em minha frente. E desejei comer ele logo. Eu nunca sabia o que pedir, então foi isso mesmo.

Logo depois todo mundo me encheu de abraços. E ainda bem que ninguém lembrou de pedir discurso.

Eu conversava com algumas primas quando senti alguém cutucar meu ombro. Virei o rosto e vi um garoto, todo fofo, com um violão nas mãos.

- Ei, baixinha! Desculpa o atraso - João Lucas falou. - Parabéns!

- Não precisa se desculpar, e obrigada! - Agradeci sorrindo.

- Que tal a gente ir pra um lugar mais sossegado? É que tá fazendo muito barulho aqui, e eu queria te dar um presente...

É, isso foi estranho, mas concordei com a cabeça e levei ele para a sala de casa. Como lá ainda fazia muito barulho, nós dois fomos para o meu quarto. O João conhecia perfeitamente o caminho. Não pensem besteira. Ele entra aqui desde que nós éramos crianças inocentes.

Me sentei na ponta da cama. Ele pegou uma cadeira e se sentou na minha frente, muito próximo por sinal. Ajeitou o violão, e então começou a tocar e cantar uma música que eu conhecia bem...

"Sabe quando a gente tem vontade de contar a novidade de uma pessoa, quando o tempo passa rápido quando você está ao lado dessa pessoa, quando dá vontade de ficar nos braços dela e nunca mais sair?

Sabe quando a felicidade invade quando pensa na imagem da pessoa, quando lembra que seus lábios encontram outros lábios de uma pessoa, e o beijo esperado ainda está molhado e guardado ali?

Em sua boca que se abre e sorri feliz quando fala o nome daquela pessoa, quando quer beijar de novo muito os lábios desejados da sua pessoa, quando quer que acabe logo a viagem que levou ela pra longe daqui."

Ele cantava a minha música preferida do Nando Reis. Eu simplesmente me derreti. Fiquei encantada.

"Sei...Eu sei". Ele concluiu.

- Uau! Que lindo, João... Nossa... Eu nem sei o que te dizer - falei totalmente boba pelo que aconteceu.

- Abre - ele disse me dando uma caixinha rosa.

Fiz o que ele pediu. Abri a caixinha e tirei de lá uma pulseira prateada, ela era muito fofa e tinha vários pingentes.

- Me deixa colocar em você.

Enquanto ele fazia isso reparei que seu rosto estava corado. Depois de colocar a pulseira em meu pulso, ele segurou minha mão e explicou o que cada pingente representava.

- Os livros e o lápis são porque, além de você amar ler, também escreve muito bem. O celular é porque você não vive sem.

- E o lacinho? - Perguntei.

- Ah, é que eu lembro que você gostava de usar quando era criança. - Ele ainda continuou explicando mais alguns.

- Adorei o presente, João. Acho que foi a coisa mais linda que você já me deu. Obrigada.

- De nada, baixinha. Mas, olha só, ainda tem um espaço sobrando, certo? - Ele apontou para uma parte sem nem um pingente na pulseira.

- Aham.

- Ainda tenho um aqui. Mas você que escolhe se quer na sua vida ou não...

- Então mostra logo, ué.

Ele tirou do bolso um coraçãozinho, e nele estava gravado as iniciais JL.

- Você quer saber se eu ainda te quero da minha vida? Claro que sim, bobo! Já disse que nós podemos voltar a ser amigos.

- Ah, claro... Amigos...

- Isso! Agora, eu acho melhor a gente ir lá pra baixo. Se notarem a nossa falta, você já sabe as piadinhas que vão fazer - falei me referindo as graças que a gente aturava no início do nosso namoro.

Então ele levantou e me abraçou. E, olha, não foi qualquer abraço não. Foi longo, e talvez até apaixonado...

O amor em 140 caracteres [completo]Where stories live. Discover now