Capítulo 14

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Uma vez eu li em algum site que as notícias boas se espalham mais rápido que as ruins. A matéria era muito convincente, trazia depoimentos de vários cientistas. Eles alegavam que as pessoas, quando contam uma história para os amigos, querem receber reações positivas, e não ser vistos como estraga prazeres.

Contudo, ontem eu pude presenciar atitudes totalmente contrárias. As pessoas poderiam comentar sobre a incrível vitória dos meninos no futebol, ou sobre como as garotas do primeiro ano arrasaram em todas as apresentações. Podiam falar sobre o projeto que havia sido um sucesso e que atraiu alunos de muitas escolas.

Tantas coisas boas para serem espalhadas no Facebook, no Twitter, ou em grupos do Whatsapp. Mas não aconteceu nada disso. O que a maioria estava falando tem relação com a Aline e suas fotos.

Depois que ela saiu chorando da quadra, eu quis ir atrás dela. Me contive assim que vi suas colegas de turma indo. Achei que a companhia delas seria melhor que a minha, e preferi tentar falar com ela depois.

Hoje, na escola, a maioria dos alunos já viram as fotos, e agora inventam histórias e culpados para isso tudo.

Ouvi coisas totalmente sem sentido, como a insinuação de que a própria Aline tinha pedido para alguém espalhar só para se autopromover. De onde tiraram isso?

Outros falam que foram fotos que ela fez para uma revista, e depois mostram aquele olhar sínico, imaginando que tipo de revistas. Mas a insinuação mais horrenda veio de duas garotas do segundo ano.

- Ah, não tem mistério nesta história. Quem espalhou foi o João Lucas. Eu tenho certeza. Ele não aceitou o fim do namoro, sabe? A Aline já estava cansada dele. Então ele fez isso - uma garota de cabelos enrolados afirmava.

- É, acredito que foi isso... - A outra menina concordou.

- Foi ele! João Lucas não é um anjo não, Caroline. Você não viu o que ele fez com aquela Patrícia Menezes? Trocou ela rapidinho. É um canalha.

Quando ouvi aquilo perdi a pouca paciência que me restava. Eu não ia mesmo deixar aquela fofoquinha maldosa se espalhar.

- Você tá louca? - Rebati furiosa. - De onde tirou isso? Não tem nada melhor para fazer? Você não pode acusar ninguém sem provas. Não fale o que não sabe.

A menina ficou surpresa e assustada, acho que ela pensou que eu iria bater nela, porque puxou a outra garota e a colocou em sua frente, como se ela fosse um escudo.

A Isadora e a Amanda, que estavam ali comigo, me acalmaram. Como ainda faltavam alguns minutos para a campa do intervalo tocar, nós fomos conversar em um canto afastado.

- Pati, não entendo porque você está tão irritada com essa história. Sei que o que aconteceu com a Aline foi horrível, só que não tem nada a ver com você... - A Isadora falou.

- Eu sei. O que me irrita mesmo é ver essas pessoas inventando histórias idiotas e culpando o João Lucas.

- Amiga? - Amanda me chamou com uma voz suave. - Você já pensou na possibilidade de ter sido ele mesmo?

- Não! Claro que não, Amanda! Em hipótese alguma! Não mesmo!

- Calma, Pati, foi só uma suposição...

Não pode ter sido ele. De forma alguma. Sim, muitas vezes ele agiu como um idiota, imaturo e egoísta. Mas, mau caráter desse jeito, não! O que aconteceu com a Aline foi pura maldade. E o João não seria capaz de fazer isso. Ele não é assim.

Ouvimos a campa tocar e fomos para a sala. Por sorte as aulas seriam de biologia e eu teria muito tempo para conversar com o meu ex-namorado.

A professora nos mandou formar as duplas e começar a executar o trabalho. O João arrastou sua cadeira e a colocou ao lado da minha. Enquanto eu tirava o livro da mochila, ele se sentou.

O amor em 140 caracteres [completo]Where stories live. Discover now