Capítulo 11

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Determinada. Tinha sido essa a primeira palavra que pensei assim que despertei na manhã de segunda-feira. Eu iria colocar em prática tudo que aprendi em relação a conquistas. Não deve ser muito difícil fazer um garoto - irritante, chato, insensível e misterioso - ficar caidinho por você. Ou será que é?

- Animação sem motivos, sorrisinhos bobos, olhar para a tela do celular a qualquer momento... Vai, Pati, conta logo o que você está escondendo!

Eu e as meninas estávamos na quadra da escola, ensaiando para a nossa apresentação de Educação Física, quando a Amanda (tinha que ser ela!) começou a questionar o meu comportamento um pouco diferente.

- Tem a ver com o João Lucas? Vocês estão de conversinha... Não é? - Agora era a Laura.

- Não mesmo! - Respondi surpresa, não por causa da insinuação, e sim porque ela falou isso de forma nada discreta, e com a Aline bem perto de nós. Sorte que a loira estava distraída demais para ouvir alguma coisa.

- Tá louca, Laura? Fala baixo!

- Então desembucha logo, amiga!

Eu não queria falar sobre o Rafa ainda. Porém, seria difícil ficar disfarçando o que estou sentindo. Quando gosto e penso em alguém, deixo escapulir alguns sorrisinhos apaixonados e fico no mundo da lua. Naquela manhã não foi diferente, eu estava a todo momento lembrando do rosto do Rafael, dos olhos, dos cabelos bagunçados...

- Alô? Terra chamando Patrícia - Isadora falou mexendo uma das mãos em frente ao meu rosto.

- Tá bom vai, eu conto. É... Um garoto...

- Quem é ele?

- Calma aí, Isa!

- Sorry. Pode continuar.

- Então, é um garoto que eu conheci na internet... No Twitter, para ser mais precisa. Ele foi bem arrogante comigo mas nós viramos amigos...

Eu contei as nossas intriguinhas, nossas conversas "normais", e falei sobre como ele era muito fechado. O que decepcionou minhas amigas foi não poder ver o rosto do Rafa na foto de perfil.

- Sei não, amiga. Esse menino aí é estranho - Flávia disse assim que parei de falar.

- Ele não é estranho... Depois que o conhece de verdade, entende o motivo de ele ser frio assim.

- E qual é esse motivo?

- Ele perdeu a mãe ano passado.

- Nossa, Pati... Como foi?

As meninas me olharam curiosas. Não achei que seria um problema contar tudo que descobri. Elas eram minhas amigas, e nós não costumamos esconder as coisas umas das outras por muito tempo.

- Foi em um acidente de carro, enquanto ela dirigia rápido, levando o Rafa para um hospital, não conseguiu desviar de outro veiculo que vinha na mesma direção, algo assim...

- E foi o próprio Rafael que te contou isso, amiga? - Isa quis saber.

- Na verdade não. Eu acabei descobrindo enquanto pesquisava sobre ele.

- Pati, você já pensou na hipótese dele ficar chateado por você ter pesquisado? Não faço a menor ideia de como é esse garoto, mas acho que ele não iria gostar de saber disso.

A Isadora estava certa. Eu não tinha pensado nisso.

- Ah, mas não tem como ele saber que a Pati descobriu isso, não é? - Amanda disse.

- É, não tem não... - Respondi.

- Já sei, você está com peso na consciência. Aí, Pati, eu te conheço. Só tenta não pensar nisso enquanto vocês estiverem conversando - Isadora falou me abraçando. - Vai ser melhor assim. Espera ele tomar atitude de falar no assunto, ok?

- Tudo bem...

Já estávamos na última aula do dia, de bobeira na sala, enquanto a professora de biologia não chegava. Todos odiavam a aula dela por um só motivo: ela era viciada em passar atividades enormes para os seus queridíssimos alunos.

- Bom dia. Quero todos sentados agora.

A professora entrou na sala impaciente. Alguns alunos resmungavam enquanto iam para os seus lugares. Ela foi andando por todas as fileiras segurando um copo plástico nas mãos, dentro dele havia muitos papeizinhos dobrados.

Quando chegou até mim, eu peguei um e desdobrei. Nele estava escrito apenas um número.

Assim que todos pegaram o pequeno papel a professora se dirigiu ao quadro e começou a escrever vários temas nele.

- A partir do mês de setembro, nós vamos iniciar as apresentações dos temas que estão no quadro. Como é uma sequência de atividades trabalhosas, eu resolvi avaliar vocês em duplas, então... - Antes que ela pudesse concluir o que falava, todos já estavam se virando para os seus parceiros com aquele olhar de "vamos fazer juntos, não é?".

Já no meu grupo de amigas o assunto dupla era um tanto complicado. Somos cinco, então, obviamente, uma sempre sobra e tem que fazer com o Murilo, que é outro que nunca tem parceiro para seus trabalhos. Nós íamos começar a decidir quem iria fazer com quem, até que a professora falou tão alto que fez todos se calarem.

- Eu mesma fiz questão de sortear as duplas - esse é o momento que todos insultam ela mentalmente. - Neste papel que vocês pegaram, como já devem ter visto, tem um número. Então é só procurar pela pessoa que tem o mesmo número que vocês e formar a dupla. Simples.

Assim que ela permitiu, fui procurar pela minha dupla. Eu havia tirado o número dezesseis, e a apresentação do meu trabalho seria a última.

- Seu número é dezesseis, Roberta?

- Não, Pati... Acho que esse é o do Jorge.

- Jorge, você é o dezesseis?

- Não, sou o seis.

- Ah sim, desculpa...

Passei mais alguns minutos procurando o meu parceiro de trabalho, e não encontrei ninguém com o mesmo número que o meu.

- Professora, eu estou sem dupla - falei assim que cheguei em sua mesa.

- Qual é o seu, Patrícia?

- Dezesseis.

- Ah, é verdade, sobrou um papelzinho aqui. Vamos ver quem faltou...

Enquanto ela consultava a lista de chamada, eu percorri meus olhos pela sala, já sabendo quem seria a minha dupla...

- Ah, está aqui. O aluno que faltou foi o João Lucas Rodrigues, ele será o seu parceiro.

Aí não!

O amor em 140 caracteres [completo]Onde as histórias ganham vida. Descobre agora