Capítulo 6: Isso não parece um peixe

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Vi Natasha sentada na murada de madeira que impedia as pessoas (Dodger) de caírem contra um desfiladeiro de pedras na areia lá em baixo. Ela olhava o sol descendo no horizonte até o mar imenso.

Saí de casa, indo até ela e me apoiei do seu lado.

- Tudo bem? – perguntei, e ela assentiu. - Sei que tem algo te incomodando, ruivinha.

- É muito confuso. - ela murmurou, olhando pra mim. - Sei exatamente quem eu sou. Do que eu gosto e não gosto. Como eu ajo, minha personalidade. Sei que minha cor preferida é azul e que sapatos me irritam.

Abri um sorrisinho.

- Mas simplesmente não consigo saber de onde eu vim. Quem é minha família. - ela fez uma careta, como se tentasse muito lembrar de algo. - Sabe quando tenta lembrar de algo e não consegue? Como se tivesse na ponta da língua e simplesmente sumisse?

Ela jogou essa torrente de palavras cheias de emoção, me deixando atônito por alguns segundos. É mais do que ela falou comigo esse dia inteiro.

- Eu sei. - suspirei, passando a mão pela barba. - Sabe a chave do meu pai? É como se estivesse na ponta da língua a resposta para o que ela abre. Por que meu pai me deu isso. Eu sei que são muitas perguntas.

- Como você lida com isso? - ela perguntou, abraçando o corpo.

- Bem... Eu tenho esperança de que alguma hora a verdade vai aparecer. - ela suspirou, fechando os olhos. Senti meu coração apertar. - Me conte tudo que lembra. Assim pode incentivar sua memória.

Ela pensou por alguns segundos se devia, e então cedeu, olhando lá pra baixo.

- Tallulah é minha irmã mais nova. Acho que tenho mais. Consigo lembrar... de um homem estendendo esse colar pra mim. Ele não tem rosto, mas lembro do amor.

- Pode ser seu pai. - sorri, e ela assentiu.

- Eu amo nadar. - ela sorriu, como se escondesse um segredo. - É parte de mim.

- Pelos seus hábitos alimentares e essa informação eu posso dizer que você provavelmente mora em uma cidade costeira.

- Não acho. - ela novamente sorriu como se risse de mim, mas ignorei.

- Por mais que eu tente, não lembro de nada próximo. Só alguns fleches de móveis... Rostos difíceis de reconhecer. - seu rosto ficou triste de repente. - Tem uma garota. Igual a mim, ruiva de olhos verdes. Acho que ela morreu.

Não disse nada por alguns segundos, olhando-a. Natasha tocou seu colar.

- Eu também gosto de azul. - eu disse, e ela olhou para mim indecifrávelmente. - Podemos ir a um lugar? Tenho certeza de que você vai gostar.

Ela pensou um pouco, assentindo por fim.

- Okay, põe uma roupa arrumadinha e depois de ligar o farol nós vamos. - sorri, levantando da murada e fui pra dentro.

Tomei banho, ajeitando algumas coisas no meu quarto e liguei o rádio de notícias da cidade. As chances de tornado aumentavam a cada segundo, de acordo com os meteorologistas.

Vesti uma bermuda preta e uma blusa de botões azul marinha, sem nunca abandonar meus chinelos. Passei perfume, coloquei meu relógio e Natasha tropeçou para fora do quarto.

- Opa! - segurei seus braços, pronto para rir de sua cara brava.

- Como se anda com isso? - ela apontou para os saltos pretos.

- Bem... eu não sei. - ela abriu um sorrisinho, antes de chutar os sapatos para fora dos pés. E quando ela se afastou de mim percebi que Natasha usava os mesmos shorts e só um sutiã de renda preto. - Ahn...

I Sea You - RomanogersOnde histórias criam vida. Descubra agora