Capítulo 7: Ela é paga pra ser chata?

974 147 74
                                    

Ouvi um grito, e logo um barulho alto e repetitivo de algo caindo. Desliguei o forno, correndo até a sala, e encontrei Natasha estirada nas escadas, gemendo de dor.

- Natasha! – corri até ela, parando do seu lado, mas não a toquei. – Consegue se mexer?

- Sim, dá pra me ajudar? – ela disse, resmungando e obedeci.

- Desculpe. Com um amigo médico, conhecer procedimentos de emergência é quase normal. Wanda sabe fazer massagem cardíaca de ponta cabeça por causa de Bucky.

Passei os braços pela cintura de Natasha, fazendo-a mancar até a bancada. Coloquei-a sentada, analisando-a e procurando ossos quebrados. Só encontrei seu rosto contorcido numa careta irritada.

- Não foi nada. – eu disse, e ela arregalou os olhos.

- Isso dói! – ela reclamou.

- Claro que dói, você caiu da escada!

- Essa forma humana é muito fraca, agh! Humanos são fracos e frágeis.

- São. – sorri, me virando para pegar gelo no congelador. Peguei um pedaço de carne congelado num saquinho.

- Posso arrancar minhas pernas? – ela perguntou.

- Dramática. Está agindo como se nunca tivesse caído.

- Eu nunca caí mesmo.

Fiz menção de tocar o meu gelo improvisado no seus joelhos, mas ela agarrou meu braço.

- Não! – gritou. – Isso é água doce!

Analisei a carne, confuso.

- É... é o que acontece quando gelo derrete... – cocei a cabeça.

- Não precisa disso.

- Precisa sim, vai ficar roxo se não pôr gelo. – disse, e ela bufou.

- Você vai me deixar em paz se eu não colocar?

- Você sabe que não. – sorri, e ela bufou, largando minha mão.

- Culpa sua se eu ficar fraca. – ela falou, cruzando os braços e toquei a carne em seu joelho. Natasha sempre diz coisas sem sentido algum, acho que já me acostumei. - Joelhos são as fraquezas dos humanos. – constatou.

- Isso é verdade. Me dá as mãos. – pedi, e ela obedeceu, se sentando de novo. Ela fez uma careta, contendo a dor. – Pronto.

Beijei sua mão, sorrindo.

- Não vai ganhar pirulito, fez muito escândalo.

- Desculpe. – ela corou, rindo e a tirei de cima da mesa abraçando-a, incerto se ela tinha altura para sair dali sozinha.

– Por que você tropeça tanto? Parece que esqueceu como se anda.

- Eu nado mais que ando. – disse, indo até a sala e se sentou lá. Fui atrás, me sentando ao seu lado. Suspirei, pensando numa maneira de dizer o que eu queria.

- Natasha, o xerife Colson me deu o número de uma psicóloga da cidade. – eu disse, tirando o cartão do bolso. – Ele acha que você pode ter sofrido um trauma psicológico maior que te afetou, talvez até apagou sua memória como forma de proteção.

- Psico o que?

- Psicóloga. Sabe, aquela médica que te ajuda a organizar seus pensamentos e transtornos, que te ouve falar por muito tempo...

- Ah. Colson acha que sou louca.

- Não. Eu demorei muito para entender que psicólogo não é coisa de gente louca, e sim algo que todos precisam. Fui nela por muito tempo, e a doutora Mantis me ajudou muito quando perdi meu pai.

I Sea You - RomanogersOnde histórias criam vida. Descubra agora