Capítulo 26: FINAL

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- Anda.

Bufei. Taras tinha a arma contra minhas costas, quando me conduzia para descer do barco. Ele jogou o colar de Natasha na água, antes de me empurrar.

Atlântida era linda. Uma cidade simplesmente enorme, com tons de azul e roxo. As construções eram pontudas, apontavam para o céu e o material era algo que eu nunca tinha visto, brilhava como um arco-íris. Assim que chegamos perto, Taras encostou o barco e jogou a âncora na terra.

Eu desci para a superficie irregular, que formava um tipo de escada subindo até a cidade. Eu observava aquilo encantado, meus olhos se enchiam de lágrimas.

Meu pai procurou esse lugar a vida toda, e morreu antes de encontrá-lo.

As construções pontudas se espalhavam pela cidade, formando ruas de várias larguras. Conseguia identificar casas, tipos de apartamento, aquela era uma cidade fantasma. Não tinha mais ninguém ali, e isso já fazia séculos.

O medo de perder Natasha me fazia tremer, onde ela estaria? Natasha sabia nadar sem uma cauda? Deus, eu queria tanto que ela estivesse aqui. E esperava que estivesse bem.

Taras me guiou pelas ruas, ele próprio estava maravilhado.

  - As sereias, há séculos, vivem em um buraco, graças aos humanos. Essa é nossa casa!

  - Que eu me lembre, os dois lados têm culpa. Os humanos mataram a ancestral de vocês, sim. Mas vocês cantaram e mataram centenas de homens em Stone Bay. Aí criou-se a maldição.

  - A diferença, seu ignorante, é que os homens tem muita terra para viver. As sereias, não. O mar é extremamente perigoso, cheio de humanos. Temos que viver escondidos em uma fenda. A única coisa que nos protege é o Triângulo das Bermudas, mas isso é muito instável. A punição foi mil vezes pior para nós.

  - Você está certo. Mas isso não explica você querer tomar a coroa do seu irmão. Isso é só ganância, mesmo.

  - Cala a boca! Senão estouro sua coluna.

  - Aí você vai quebrar a maldição como, mesmo?

Ele me empurrou. Continuei andando, meio a ruas intermináveis, até chegarmos em um tipo de praça, com uma enorme escultura de pedra de Poseidon, pelo que reconheci dos livros do meu pai. Era linda, imponente e azul.

  - Pronto - disse. - Como quebramos essa maldição?

Eu suspirei.

  - Você não vai gostar.

  - Anda!

  - Uma sereia, ou tritão, precisa fazer cinquenta reverências a Poseidon, e pedir perdão cimquenta vezes também.

  - Só isso?

  - Acho que os deuses só querem um ato de humildade.

  - Se sair daí, eu atiro em você!

Ele se ajoelhou de frente para poseidon e começou a rezar. Seu corpo ia para frente e para trás, reverênciando o Deus. Eu pressionei os lábios para segurar o riso.

  - Ah, meu Deus! Está funcionando, estou vendo água! - disse.

Ele continuou fazendo, preso no movimento e esqueceu de mim. Eu fui dando passos para trás, um atrás do outro, lentamente.

  - Os prédios estão tremendo! Continua, cara!

Me virei e comecei a correr. Corri sem olhar para trás, pelas ruas e vielas tentando me lembrar o caminho. Ouvi um berro, denunciando que ele percebeu que estava sendo feito de idiota, mas continuei correndo. Um tiro passou voando ao meu lado, me fazendo desviar para a rua do lado. Continuei correndo, eu já via o mar.

I Sea You - RomanogersWhere stories live. Discover now