Capítulo 17: Sete bilhões de pessoas

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Eu encarava a paisagem da janela com uma mão na boca, pensando, concentrado. Atrás de mim eu conseguia ouvir a voz da Sandra continuando a passar as notícias locais, e pelo reflexo do vidro podia ver Natasha.

Encolhida no sofá, com uma mão no rosto e a outra abraçando os joelhos. Respirei fundo e fui até ela, me sentando no apoio de pés a sua frente e segurei sua mão.

  - Vamos dar um jeito.

Natasha descobriu o rosto, nervosa.

  - O que acontece se todos descobrirem que sou eu?

Engoli em seco. Alguns iam querer prender Natasha para estudá-la, outros a chamariam de farsa, algums tentariam caça-la, depois seu mundo de sereia e então destruí-lo, como seres humanos fazem com tudo.

  - Coisas ruins.

Natasha suspirou, fechando os olhos.

  - Ei. - Me aproximei mais dela. - Nada vai acontecer com você.

  - Mas...

  - Não vou deixar.

Seu olhar se suavizou no meu.

  - Qualquer pessoa sã não acredita em sereias, Nat, e eles teriam que ter provas. Não podemos dá-las a eles. - Suspirei. - Então você não pode descer.

  - Como vou sobreviver sem ir no mar?

  - Vamos dar um jeito.

O fato de não poder ir até o mar pareceu magoar Natasha mais do que eu poderia esperar. Mas por um tempo as águas ficariam sendo vigiadas, pessoas da região, barcos viriam pra cá procurando a sereia. Mas, quando não acharem nada, vão embora depois de um tempo.

  - É só por umas semanas.

Natasha não respondeu, e eu me levantei. Fechei as cortinas, olhando lá fora por um tempo. Tinha que fazer as pessoas esquecerem de Natasha também, qualquer um com o mínimo de fé nessa história descabida era só ligar os pontinhos bem simples e escancarados que levariam até Natasha.

E ainda tinha a conversa bizarra que tivemos há alguns minutos, Natasha queria que eu...

Neguei com a cabeça, olhando para ela por uns segundos. Deus, Natasha era linda. Absurdamente linda. Só de imaginar seu corpo nu que eu já tinha visto tantas vezes...

Sacudi a cabeça, por Deus, Rogers!

  - E se eu for embora?

Olhei para Natasha.

  - O que?

Ela me olhou com os olhos cheios de lágrimas e senti alguma coisa dentro de mim arder. Pânico. Me sentei ao seu lado, olhando pra ela.

  - Eu não quero te colocar em perigo. Nem trazer mais problemas.

Desviei os olhos dela, sentindo minha respiração falhando. Engoli em seco, a sala rodou com a possibilidade de Natasha ir embora, mas me virei pra ela.

  - Você não me coloca em nenhum lugar que eu não queira estar.

Natasha deixou uma lágrima cair, e me toquei que foi a primeira vez que a vi chorar nesses meses. Nem quando ela acordou sem memória, ou quando foi atacada no beco, Natasha não chorou nenhuma vez, mas chorou com a possibilidade de me perder.

Eu estendi os braços para ela, e automaticamente, Natasha me abraçou. Eu a puxei para meu colo e deixei-a murchar em meus braços. Ela chorou por uns bons minutos enquanto eu acariciava suas costas.

Sabia que ela estava colocando tudo que segurava pra fora.

Quando ela se acalmou, não nos movemos.

  - Natasha, não quero que se sinta presa. Sabe que pode ir a hora que quiser. - Sussurrei. - Mas, se não quiser ir, não precisa.

I Sea You - RomanogersWhere stories live. Discover now