Capítulo 25: Velho farol

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- Achei que não quisesse vir para o hospital - resmunguei.

- E não queria. Viemos buscar o mapa.

Olhei para ela.

Natasha andou pelos corredores brancos, e eu apenas a segui. Ela parou de frente para uma máquina de pegar doces.

  - Natasha, não temos tempo para isso. Ainda vai te dar dor de barriga.

  - Não vou comprar nada - reclamou.

Ela apontou, para a parte de trás das argolas de ferro repletas de doces. Tinha uma vazia, meio torta, que possívelmente estava estragada. Bem no fundo, tinha um tipo de pedra cinza, mal dava para ver com a luz queimada. Natasha enfiou o braço, balançando a máquina com sua força descomunal, e ele caiu na mão dela.

  - Isso é uma pedra.

  - Isso é o mapa.

  - Então eu estou louco.

  - Estava comigo. Não sabia o que era e tinha medo que pegassem. Então, escondi.

  - Deus, você é brilhante.

(...)

- Eu sempre amei navegar.

Entendia perfeitamente quando Natasha dizia que era parte do mar, porque eu também era. Era onde eu fui criado. Meio ao sal, areia e barcos. E eu amava navegar.

Não são poucas as lembranças que tenho do meu pai atrás de um timão, enquanto eu corria no convés com minha mãe. Era nosso habitat natural. Mesmo quando ela morreu, nós continuamos a navegar, embora fosse bem menos ensolarado que antes.

Mas, quando meu pai morreu, eu nunca mais entrei num barco.

Agora, com Natasha no meu convés, a viagem parecia ensolarada novamente.

Os primeiros raios de sol surgiam no céu quando deixamos a Baía de Stone Bay. Natasha nunca tinha entrado em um barco antes, e foram muitos minutos eufóricos enquanto eu ensinava tudo que tinha que fazer para ela.

Meu barco era um barco de pesca branco e azul. Tinha uma estrela ao laddo nome Sarah Rogers II, já que o I estava no fundo do oceano com o corpo do meu pai dentro. Embora fosse um barco de pesca, era muito mais novo do que as canoas medievais que sempre ficavam atracadas no cais.

Ao lado do timão, minham muitas novas tecnologias de navegação e uma pequena casa abaixo da cabine. Natasha dormia lá dentro, por ser muito cedo. Depois de uma hora, senti mãos me abraçando.

  - Eu não consigo parar de pensar no que eu me lembrei - sussurrou.

  - Você vai ter tempo para digerir - disse, acariciando seus cabelos.

  - E...

Natasha abriu e fechou a boca.

  - O que vai acontecer com a gente depois disso tudo?

Suspirei, sem saber bem uma resposta.

  - O que você quiser, Natasha. Eu vou continuar no mesmo lugar, naquele velho farol. E você sempre vai saber onde me encontrar.

Ela sorriu.

  - Você não precisa ficar lá, sabe. No farol. Preso ao passado. Agora, vamos resolver isso, e você vai poder seguir em frente.

A possibilidade me apavorou. O que eu era, sem aquele farol? Eu não sabia mais. Mas ao olhar para Natasha, eu conseguia ter uma pista. Ela não esperou uma resposta, apenas se sentou na parte da frente do barco e observou as águas passando em alta velocidade.

I Sea You - RomanogersWhere stories live. Discover now