Capítulo 23: Tape os ouvidos

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Eu dirigia rápido como um raio. Já tinha infringido dezenas de leis, mas não me importava. Subi em calçadas, dirigi meio a plantações, tudo para seguir o barulho do aparelho.

Eu tinha que rezar com toda força para eu estar rastreando Natasha, não alguma concha aleatória, mas teria que confiar no meu pai. Me lembrava de Natasha dizendo que aquela concha era extremamente rara, e o único sinal significante eu esperava que fosse ela.

Se não fosse, eu não saberia o que fazer.

Depois de uma hora, percebi que estava me levando para Jacksonville. Quando cheguei na cidade, já tinha ideia para onde tinha que ir. Um cais abandonado em uma parte remota da praia de Jacksonville.

Quando me aproximei, vi um galpão de concreto e uma movimentação. Parei com o carro a certa distância, e desci a pé. Andei cauteloso pelas dunas cobertas de vegetação rasteira e me abaixei perto do galpão.

O barulho do aparelho agora era frenético, acompanhava o ritmo do meu coração. Eu sabia que Natasha estava ali, e que estava em perigo, então, tinha que agir rápido e com cuidado.

Observei com calma. Vi homens pelados andando por lá, três. Também tinham mulheres, consegui contar cinco. Não sabia se lá dentro tinham mais, mas sabia que tinha que me aproximar.

Dei a volta no galpão, onde não havia ninguém, e tentei fazer o mínimo de barulho. Sabia que as sereias tem os sentidos mais apurados, mas meu barulho seria mascarado pela cidade pulsando há uns quinhentos metros atrás de mim.

Encontrei uma escada, e comecei a subir. Uma vez no telhado, andei lentamente até a claraboia aberta, e a vi.

Natasha estava no centro do galpão, dentro de uma gaiola de lagostas. Não conseguia vê-la perfeitamente, mas senti meus olhos se encherem de lágrimas. Só Deus sabe há quanto tempo ela estava assim, eu nunca deveria ter deixado ela ir.

  - Sabe, você vai morrer em breve se continuar assim.

Vi Taras se aproximar dela.

  - Prefiro morrer do que falar alguma coisa pra você. - Natasha disse, com aquele temperamento aparecendo. Sua voz parecia fraca, cansada.

  - Não vai nos deixar escolha, a não ser ir atrás daquele humano patético pelo qual você se apaixonou.

  - Ele não dirá nada, por que não sabe. Eu encontrei Atlântida sozinha, e ele não tem a menor ideia. Eu não contaria tal coisa para um humano.

  - Então terei que te torturar de novo?

Engoli em seco.

  - Já sabe que não vai adiantar.

  - Então, fique à vontade para morrer enquanto procuramos.

  - Me tira daqui, hijo de puta!

Taras a ignorou, andando para fora do galpão, e Natasha ficou sozinha. Era agora ou nunca.

Entrei na clarabóia, segurando-ma na beirada e consegui pisar no corrimão da plataforma que erguia caixas em um passado distante. Se eu fosse menor alguns centímetros, estaria ferrado, mas uma vez apioado, pulei para o chão. Andei pela plataforma e consegui me jogar até as vigas do galpão, descendo-as como uma escada.

Assim que toquei o chão, busquei me esconder atrás de caixas e procurei algo para soltá-la. Tinha muito entulho ali, inclusive ferramentas. Tive sorte de encontrar uma chave de fenda, e tremendo, corri até Natasha.

  - Nat.

Ela olhou para trás de olhos arregalados.

  - Steve! - Ela sussurrou, se arrastando para perto de mim.

I Sea You - RomanogersWhere stories live. Discover now