Na poltrona

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 Ochako escolheu uma blusinha amarelo clara e uma calça jeans um tanto justa, ela gostou bastante do que viu no espelho e achou que seria apropriado. O Monoma não falou nada sobre evitar ou dar preferência a certo tipo de roupa, então ela concluiu ser uma boa escolha.

Quando ele a viu, mediu-a de cima a baixo e pareceu satisfeito, como se ela tivesse conseguido cumprir o objetivo de não vir ao encontro vestindo algo ridículo. Não adianta, é o olhar dele que sempre passa impressão de desdém mesmo, talvez nem seja o que ele quer passar, mas é o que parece. De toda forma, o loiro também não deixa nada a desejar no visual, trajando uma camisa azul escura que ressalta o tom de seus olhos, bermudas cáqui e um par de tênis marrom ocre. Além de eterno deboche, a aparência dele sempre transmite muita elegância e confiança também, nesse momento mais que nunca.

Assim que Ochako o avista, parado no ponto onde combinaram de se encontrar, ela sente o rubor subir por suas bochechas, essa já é a quarta rota, seu terceiro encontro, e ainda é tão enervante quanto foi na primeira vez. Claro, é porque são garotos diferentes também, mas tem muito mais a ver consigo mesma e sua inexperiência nessa área no mundo real. Ochako nunca foi a um encontro, ela sai com seus amigos e se diverte, mas encontro romântico mesmo nunca rolou.

Claro que se imaginou indo a um com o Deku, aqueles pensamentos que ela não se permitia contemplar muito a não ser em noites mal dormidas, nas quais certas fantasias falavam mais alto, mesmo que fossem breves. Talvez ela tenha sonhado estar em um encontro com o Todoroki uma vez, Ochako não se lembra muito bem.

Seja como for, ela nunca sequer cogitou a hipótese de sustentar uma conversa com o Monoma, que dirá um encontro! A única vez em que interagiu com o verdadeiro foi naquele treino conjunto com a turma B no qual o Deku perdeu o controle da individualidade, ela se lembra de ter capturado o Monoma, e que ele tentou ludibriá-la a responder a ele para que caísse no transe da individualidade copiada do Shinsou, Ochako não é tão burra assim logo não caiu, até hoje ela não sabe se ele estava blefando ou não, mas em todo caso, recorda-se vagamente dele dizendo que ela era esperta. E foi isso, o ápice de sua interação com esse garoto de olhos caídos e voz suave.

Por não saber muito do Monoma , ela não sabe o quanto o desse mundo se assemelha ou se difere do original. Ele com certeza é bem debochado e articulado, tanto para provocar quanto para persuadir, o que parece ser algo que o original também é. Mas esse parece ser um tanto... sensível, reagindo de maneira mais exagerada do que o necessário quando ela diz ou faz algo que ele não estava prevendo ou quando o constrange. Principalmente quando o constrange. Para além disso, ele não parece ser lá muito honesto, gosta de dar seus jeitinhos e diz coisas que não quer realmente dizer. É isso que faz um tsundere? Ochako não sabe, e não tem para quem perguntar.

Não que isso importe, ela vai aceitar todos os conselhos que recebeu sobre seguir jogando por si só e descobrir seu caminho como pode. Se o Bakugou se recusa a falar com ela, não é ela que vai procurá-lo exigindo um pedido de desculpas, seria patético, como este Monoma diria. E provavelmente o original também.

— Está nervosa?

— Hum? Não, eu... — ele a olha incisivamente — Não muito. — e ri diante da admissão dela. A risada dele lhe soava bem irritante no começo, agora tem qualquer coisa de charmosa.

— Eu sou assim tão pouco confiável?

— Não, é só que você parece gostar de me ver me enrolando e... com vergonha.

— Está dizendo que eu sou sádico? Que horror, Uraraka Ochako!

— N-não foi isso que eu falei! — ela brada, notando como ele parece adorar isso.

— Bom... você não estaria totalmente errada, mas acho que isso não é assunto para um primeiro encontro, vamos com calma.

— Eu não- ugh, eu vou ficar quieta! — ela cruza os braços e vira a cara pra ele.

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