Tutorial

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Ochako não quer dar o braço a torcer, a verdade é essa.

Porque o que o Bakugou disse faz todo o sentido do mundo, é lógico que foi isso que aconteceu: eles entraram no mundo onde se passa esse tal de "Pretty Guys Gakuen". Isso explica toda a ambientação esquisita, o fato de boa parte das pessoas não terem um rosto muito definido, porque os poucos conhecidos que encontrou estavam em classes diferentes e agindo de maneira diferente. Quando eles vieram parar aqui? Quando a estante caiu, ela se lembra de um clarão estranho e então, de estar em uma casa que com certeza não é a sua. Sim, é claro que é isso.

Mas saber disso tudo não a deixa menos irritada com o Bakugou, afinal, se isso aconteceu, é por culpa dele e de seu egoísmo. E verdade seja dita, Ochako meio que já tinha percebido que se tratava de outro mundo e que vieram parar aqui a partir do momento em que a TV caiu sobre eles. O loiro surgir do nada como o salvador da pátria que porta todas as respostas e não as ter de fato só a deixa irritada e com zero vontade de admitir que ele tem razão sobre algumas coisas.

—  Ok, Bakugou-kun, supondo que a gente esteja mesmo no universo desse jogo... como isso é possível?

—  É uma individualidade, porra.

—  Sim, mas de quem?

— É o que eu quero descobrir. —  ele fecha o punho — Se eu pegar esse desgraçado, ele vai se ver comigo!

—  Ok, mas pra isso a gente vai ter que sair daqui, você não pensou nisso? —  ela pergunta meio que por curiosidade, meio pra desafiá-lo. Olhos vermelhos brilham de modo ferino contra a luz alaranjada do pôr-do-sol.

—  Tsk, você acha que eu sou burro? —  ele revida — Eu li essa porra de encarte uma caralhada de vezes. —  ele aponta para a capa do jogo, ela o abre, encontrando um livretinho cheio de imagens e textos.

"Este garoto de cabelo vermelho é cheio de energia e entusiasmo. Está no clube de futebol e é seu vizinho. Age como alguém despreocupado e tem grande senso de humor, mas seu coração é repleto de incertezas e arrependimentos. Você s    e mudou para perto da casa dele no fim do fundamental e vocês se tornaram grandes amigos, ele tem uma profundo carinho e necessidade de te proteger."

Ela vai folheando e lendo as descrições dos personagens bem por cima, sem entender em como isso ajuda, exatamente.

—  E o que que tem?

—  Você é burra ou o quê? Não entendeu que tem que-

—  O-chan?! —  uma voz masculina chama em um misto de determinação e surpresa. Ao se virar, ela se depara com o que se trata do Kirishima desse mundo bizarro. Ele a encara, segurando a maleta da escola por cima do ombro e, ao notar o Bakugou, fecha a cara como se estivesse tentando intimidá-lo —  O que você tá fazendo, O-chan?

—  Hum? Eu, hã... indo pra casa?

—  Por que não me esperou? A gente sempre vai embora junto, é mais seguro assim. Você pode acabar encontrando gente que não presta pelo caminho. —  ele está falando com ela, mas olhando para o Bakugou, que o olha também, numa expressão que transita entre o deboche e a irritação, ela acha — Esse cara tá te incomodando?

—  Não, não. —  não é completamente verdade, o Bakugou lhe incomoda, sim. Mas ela sente que vai causar encrenca se disser qualquer coisa além de "não" —  o Bakugou-kun só queria que... hã... que eu falasse o que teve de matéria hoje na escola. Não é isso, Bakugou-kun?

—  Tsk, que seja. —  ele dá de ombros, ignorando o olhar incisivo dela —  Tá olhando o quê, Cabelo de Ouriço?

—  "Cabelo de Ouriço?" —  o Kirishima parece meio encabulado, até ficar bem irritado e avançar na direção dele, mas Ochako intervém e bloqueia a passagem do ruivo —  Dá licença, O-chan.

Tudo o que está em jogoWhere stories live. Discover now