Na biblioteca

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 É incrível como a partir do momento que alguém aponta algo, esse algo se torna mais e mais visível. Ochako se considera uma pessoa até bastante perceptiva na forma como consegue entender as pessoas ao máximo que consegue, mas há coisas que às vezes não aparecem em seu radar. Foi necessário que o Aoyama apontasse que ela estava apaixonada pelo Deku para perceber que sim, de fato estava, e conforme mais pensava nisso, mais claro ficava para ela.

Então agora a garota está se sentindo até meio boba por não ter percebido de primeira que a Tsu desse mundo está interessada no Kirishima, os sinais deviam estar lá desde o princípio, ela só não deve ter se dado conta, absorta na angústia que foi a rota do Deku e a loucura que foi a do Kirishima. Aliás, agora que pensa nisso, Ochako percebe que a Tsu talvez tenha presenciado muitas cenas parecidas com a de ontem, na qual interagia com o ruivo, e mesmo que não houvesse intenções românticas por parte dela, não é possível dizer o mesmo do rapaz... é, a Tsu com certeza viu coisas que, em sua cabeça apaixonada, fazem de Ochako uma vilã.

Bom... não adianta pensar muito no que passou, tá na hora de seguir em frente e achar uma maneira de aumentar essa intimidade com a garota de cabelos verdes, no momento em 10% — que honestamente, é até mais do que ela esperava ter com a garota nessas circunstâncias.

O problema é que a Tsu não poderia ter escolhido alguém mais complicado pra se apaixonar! Por que logo o Kirishima? Por que justo o garoto com quem ela acabou de terminar a rota de maneira tão dramática? É um desafio enorme, pois Ochako precisaria fazer o ruivo notar a garota e não vê-la como "uma esquisita" ao mesmo tempo que não o magoa dando a impressão de que está empurrando alguém pra ele pra se livrar de qualquer sentimento romântico que o Kirishima ainda nutra por ela, é extremamente complicado!

Além disso, ela tem que ganhar a confiança da Tsu, mostrar que não é uma ameaça, não seria nem mesmo se quisesse, mas como se a garota já tem uma ideia pré-estabelecida dela e não abre muito espaço pra papo?

E o pior é que Ochako não pode contar muito com o conheicmento do Bakugou agora. Ele não sabe como funciona a dinâmica numa rota desse tipo, e pra além disso, ela acha que o loiro não seria capaz de entender algo tão particular entre garotas, de qualquer forma. O Bakugou pode ser inteligente e perspicaz, mas não é alguém que entende certas nuances, tendo uma visão mais ampla sem pensar nos detalhes menores... ele não pode ajudar muito.

Então, depois de muito refletir, ela chega a uma conclusão.

— Preciso de um conselho. — Ochako informa assim que se senta junto da Yaomomo no refeitório.

— Diga. — ela ajusta os óculos, nem um pouco surpresa. É quase como se já esperasse por isso.

— É sobre... você sabia que a Asui-san gosta do Ei-kun, né? Você deu a entender isso aquele dia na sorveteria.

— De fato. Mas se estou sendo honesta, essa informação é de domínio público. Não há ninguém em nossa sala que não esteja ciente do interesse dela pelo Kirishima-san.

— Ah... sério?

— Sim, a maneira como descobriram foi um tanto desagradável, se quer saber. Um garoto em nossa sala pegou o caderno dela e viu umas anotações da Asui nas últimas páginas, foi extremamente desconfortável para quem presenciou a cena.

— Imagino como foi pra ela, então... — Ochako quase sente o mesmo constrangimento por tabela. Deve ser realmente péssimo ter seus sentimentos expostos assim sem sua permissão. O Aoyama percebeu o que ela sentia pelo Deku e, por mais exagerado que sempre tenha sido, não saiu espalhando nada, pelo menos isso.

— Ela sempre foi bastante tímida e calada, apenas se agravou desde o ocorrido. — a Yaomomo come uma cenoura em formato de flor em seu bentô — Mas então... qual o conselho?

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