✥ㅡ O POÇO ㅡ✥

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   ㅡ Eu ainda não consigo acreditar que você ameaçou Dakar.

   Ergo os olhos de onde estava observando um antigo livro da biblioteca pessoal de Dakar. Eu e Korian viemos até aqui e meio que exigimos nossa entrada ao dono do lugar. Não sabia como Dakar acreditava que poderíamos encontrar o que queria com nenhum recurso naquela prisão.

   Eu tentei acordar Yura durante a noite para que ela pudesse me dizer qualquer coisa, afinal, fora ela quem me dera as informações mais relevantes que eu pude adquirir. Mas a deixei quieta depois que um dos guardas entregou um balde de água não tão limpa para que eu mesma a banhassse. E quando vi os malditos hematomas em seus quadris e coxas, quase não me segurei o suficiente para me impedir de pular no pescoço dos guardas. Seus seios também estavam extremamente machucados, com marcas de unhas e hematomas.

   Korian conversara com ela durante o tempo que ela se preparava para vir até o andar de cima em busca de qualquer informação sobre como traduzir os livros. Se o que Dakar dissera antes era verdade, eu poderia traduzir sozinha. Ou, pelo menos, podia lembrar como fazer isso. Lembrava vagamente dos livros que roubava da biblioteca particular dos governadores na aldeia humana. A língua diferente, mas que, por algum motivo, eu entendia perfeitamente. Não tinha qualquer dificuldade em interpretar aquela língua, e agora posso perceber como isso é estranho.

   Nem mesmo Korian, com suas centenas de anos vividos, sabia o que eram os símbolos há muito tempo esquecidos. Parecia estar cada vez mais confuso conforme passa os olhos pelas páginas repletas da Língua Antiga, sem entender uma palavra.

   Eu até poderia achar graça nisso se não estivesse tão desesperada para resolver logo tudo isso. Korian, o autoproclamado ser mais inteligente que já existiu em Taryan, estava totalmente dependente de minha capacidade de relembrar a língua perdida para seguir com a missão.

   Dou de ombros pela observação dele.

   ㅡ Ele quer que encontremos o maldito Círculo, mas não fazemos ideia de onde procurar. Ele quer que eu traduza o livro, mas não sei como.

   Korian ergue a cabeça de onde lia um livro na sua língua.

   ㅡ Você sabe como. Eu vi...

   ㅡ Sei que você me espionava. Não precisa me lembrar disso ㅡ o fuzilo com os olhos quando ele solta uma risadinha. ㅡ Mas como eu vou lembrar de algo que vi apenas uma vez?

   ㅡ Nada é familiar para você?

   Balanço a cabeça com frustração quando encaro o livro aberto mais uma vez. Sei que já vi estes símbolos antes. Lembro vagamente deles. Mas o significado de cada um simplesmente sumiu da minha cabeça.

   Seria isso um mapa? A localização exata de onde está o Círculo que Dakar tanto procura?

   Eu posso não conhecer os métodos dele, mas duvido seriamente que ele confie totalmente em mim para conseguir algo tão poderoso como o Círculo. Pelas histórias que Korian me contou anteriormente, o Círculo era um objeto perdido há milênios que continha o poder mais puro existente em Taryan. Sem erros nem consequências para quem o usa. Dakar quer o Círculo para uso pessoal, mas por que confiar plenamente em mim se sequer me conhece?

   Eu não posso deixar de pensar em Grant, porém. Preso por suas garras e torturado todos os dias enquanto ainda não consigo achar uma resposta concreta. Essa é sua forma de me fazer cooperar e não errar. A ameaça de morte contra meu irmão queima constantemente em meu peito, causando mais apreensão do que estou acostumada. Pelo estado em que estava quando o vi, imagino que deva estar ainda pior agora.

A ƑILHA ƊO ƑOƓO - A MALƊIƇ̧ÃO ƊO SOLSƬÍƇIODove le storie prendono vita. Scoprilo ora