✥ㅡ A PISTA ㅡ✥

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   As cavalgadas pela floresta é mais cansativa do que eu imaginei que seria.

   Desde que apareci no quarto de Korian, dois dias antes, para lhe exigir uma visita até minhas terras, ele tem me ignorado e propositalmente não dando o menor apoio às minhas decisões. Se sua capacidade lhe permite, ainda zombou de minha preocupação em alguns momentos. A fúria rodou por mim tão rápido que precisei conter o fogo antes de "sem querer" chamuscar sua cara.

   Não falo com ele durante a viagem, por mais que esteja no mesmo cavalo que eu. Korian tem bufado e reclamado o caminho inteiro, mas acredito que meu total desinteresse em sequer ouvir sua voz o calou. Finalmente.

   Em minha cabeça, não há nada mais importante do que encontrar Lena. E todos os outros. Por mais que a antiga exigência para ver meu irmão nas masmorras não tenha dado em nada, ainda posso lhe mandar mensagens. Contar que todos estão bem e protegidos. Lena não é burra, afinal. Ela saberia, sem sombra de dúvidas, se proteger e à todos ao seu redor. Seu instinto maternal foi uma das coisas que me impediu de enlouquecer em todos estes anos.

   Nos últimos dias, enquanto desesperadamente encontrava maneiras de distrair a cabeça para longe desses pensamentos, passei a conversar com os quadros nos corredores. Patético, eu sei. Realmente deveria estar parecendo uma doente mental para quem passava ao redor ou simplesmente me encontrava com a cabeça encostada na tela apenas para *sentir* um pouco menos de solidão. As grades na janela me impossibilitavam de sentar ali, e o vento era barrado pelo ferro. Por conta disso, pouco a pouco minha sanidade era drenada até que eu estava em chamas em cima da cama e murmurando coisas sem sentido.

   Korian me acordava. Geralmente, com um tapa. Ou, nos momentos mais gentis, com pensamentos felizes que lançava em minha cabeça. Como nos dias em que eu ralava o joelho no jardim da mansão e Grant corria comigo dali nos braços e rapidamente cuidava de meus ferimentos, fazendo de tudo para que nunca fosse descoberta.

   Isso me curava mais rápido do que os métodos que ele considera normais.

   Porém, em outros momentos, mas minhas ocasionais visitas aos quadros solitários, podia jurar que ainda ouvia alguém pedindo socorro.

   No entanto, ao olhar para todos os lados, não encontrava ninguém.

   Imagine só. Uma pessoa em um quadro pedindo socorro.

   Me mexo desconfortavelmente na sela, sentindo a tensão emanando de Korian enquanto me segura para não cair. Desde que descobri sobre o ataque, não me dou ao trabalho de aparecer no jantar, ou nos treinos. Prefiro apenas queimar os belos e dourados móveis que ele faz questão de jogar na minha cara todos os dias.

   Isto é um pouco melhor do que estar na presença de dezenas de homens em um ringue, observando cada movimento meu e rindo como hienas. Isso sem mencionar os espinhos venenosos que correm atrás de pés humanos para agarrá-los.

   ㅡ Sabe, todos esses pensamentos estão me dando dor de cabeça. Por que não relaxa um pouco? ㅡ Korian diz, um fio de raiva em seu tom.

   Não me abalo pelo seu incômodo.

   ㅡ Se não quiser ficar com a cabeça doendo, é só não se intrometer na minha mente.

   Um dos soldados ao lado bufa, mas Korian mostra uma reação diferente.

   ㅡ Esse seu mau humor está estragando a bela manhã em que nos encontramos, não acha?

   ㅡ Talvez você nunca tenha estado em uma situação onde estivesse preocupado com quem ama. Se já tivesse passado, não me julgaria.

A ƑILHA ƊO ƑOƓO - A MALƊIƇ̧ÃO ƊO SOLSƬÍƇIOWhere stories live. Discover now