✥ㅡ AS FERAS ㅡ✥

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   ㅡ Cuidado!

   O grito aterrorizante me faz acordar abruptamente de onde estava encolhida no canto de uma minúscula cabine sem portas que me permitia ver o cais com perfeição, assim como os guardas de olho em mim lá fora.

   A movimentação rápida se inicia conforme mais gritos soam. Tento me levantar, mas minhas algemas foram presas em um toco de madeira preso ao chão e não consigo ir a lugar nenhum. Estico a cabeça para tentar enxergar o que está acontecendo, mas também sou bloqueada pelo guarda, que adentra a passos rápidos dentro da cabine.

   Um grito horripilante faz os pelos de meu corpo eriçar. Estamos viajando durante o dia todo, e já está praticamente de noite. Acabei adormecendo na cabine pouco tempo depois que o navio sofreu um solavanco violento que indicava a entrada no território perigoso dos monstros marinhos. O mar ficou mais violento, o vento, bem mais forte. Nem mesmo Korian ficou imune aos enjoos que os balanços provocaram, e foi mandado para seu próprio quarto, de onde não saiu mais.

   O guarda se abaixa perto de mim, soltando minhas algemas. Ergo as sobrancelhas, mas não falo nada conforme ele me puxa de pé com urgência e me arrasta do quarto com puxões fortes no exato momento em que algo bate no casco do navio, levando nós dois aos tropeços para a frente até que me vejo estatelada na madeira juntamente com outros homens.

   Olho na direção que a comoção se inicia mais uma vez, e perco o fôlego quando vejo um tentáculo rosado gigantesco se desprendendo do navio depois de receber uma bola de canhão. Marinheiros gritam para todos os lados, e posso ver Dakar de longe com a mão ocupada pelo Artefato de Aramina enquanto tenta mirar na coisa. Ele vai mesmo roubar os poderes desse animal? Esse era o plano?

   Volto à consciência quando o guarda me agarra novamente, murmurando maldições sem parar. Vejo um corte profundo em sua testa que parece ter sido provocado por uma lasca de madeira. Ele tenta estancar o sangramento provisoriamente, mas quando vê que não consegue, xinga novamente.

   Outro solavanco nos envia aos ares. Uma exclamação de surpresa deixa meus lábios quando outro tentáculos aparece bem na nossa frente e se crava diretamente no peito do homem, não me acertando por pouco. Sangue sai de sua boca, e os homens ao redor correm com suas espadas para tentar cortar o tentáculo. Mas é inútil, eu sei. Com olhos arregalados, o guarda encara a criatura lhe segurando por pouquíssimos segundos. Logo depois, sua expressão passa de assombrada para vazia e ele é puxado para fora do navio e diretamente para a profundeza do oceano.

   ㅡ Por todos os malditos deuses! Liguem os canhões! ㅡ o marinheiro com uma espada gigante e com o rosto manchado de sangue grita para os outros, que se movem com rapidez para cumprir suas ordens.

   Me ergo do chão, trêmula, vendo com meus próprios olhos que as histórias de terror contadas para as crianças se comportarem não eram absolutamente nada em comparação com a realidade. Uma tempestade se forma sobre nossas cabeças; raios e trovões soam ao longe, indicando que rapidamente tudo irá piorar.

   Ainda lutam com o enorme polvo, tentando soltá-lo do navio. Não vejo Korian em lugar nenhum. Mas vejo Yura ao lado de Dakar, parecendo tão apavorada que corro para lá em dois segundos.

   Assim que ela me vê, arregala os olhos e faz um sutil sinal para que eu fique no lugar. Balanço a cabeça e me ponho ao lado dela, encontrando o olhar pedregoso de Dakar.

   ㅡ Onde está o maldito guarda que estava de olho nela? Prendam-na! Agora! ㅡ grita ele, furioso, gotas de cuspe saindo de sua boca. Logo outro soldado aparece, agarrando minhas algemas.

A ƑILHA ƊO ƑOƓO - A MALƊIƇ̧ÃO ƊO SOLSƬÍƇIOOnde as histórias ganham vida. Descobre agora