✥ㅡ PRISÃO SILENCIOSA ㅡ✥

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   A realidade parece mudar em questões de milésimos.

   Há apenas um mísero segundo, estava chamando minha magia para fortalecer a barreira que Korian segurava ao nosso redor. O fogo consumia minhas veias, mas de alguma forma não conseguia conjurá-lo por completo. Algo estava me barrando, como um enorme escudo rebatendo meu ataque.

   E agora... Korian foi atingido.

   Um grito silencioso escapa da minha boca quando vejo-o cair no chão, o braço atingido inerte ao seu lado. A barreira sumiu, e agora estamos todos cercados de inimigos.

   Encaro Lena, que parece em choque. Os guardas tentam a todo vapor reerguer as barreiras, principalmente depois que ouviram Korian soltar um gemido doloroso e sofrido.

   Uma flecha atinge de raspão minha coxa, me fazendo estremecer e rolar para o outro lado. Para Korian, que tem os olhos fechados fortemente e suor já se espalhando por seu corpo inteiro. Não sei como, mas sua pele adotou um tom esverdeado nada normal.

   Ele tenta erguer o braço erguido, mas não consegue. Um chiado de magia sai de sua mão, mas não se concretiza. O mesmo escudo que me prende também o segura para que não ataque quem quer que queira nos matar agora.

   Uma flecha passa zumbindo por meu ouvido, me fazendo encolher contra Korian.

   Chacoalho seu corpo, tentando fazê-lo abrir os olhos. Mas ele não consegue. A flecha ainda continua perfeitamente enfiada em seu braço, e se nela realmente existe o veneno que ele mencionou, o estrago deve estar sendo bem grave. Até mesmo minha coxa lateja dolorosamente desde que a lâmina passou raspando minha carne.

   ㅡ Asterin! ㅡ Lena grita, e nem tenho tempo de ficar surpresa quando vejo a magia rodopiando para fora de seus dedos quando tenta ajudar os guardas. ㅡ Use seu poder. Proteja-o! Se o pegarem, estamos mortos!

   E não estaremos de qualquer maneira?

   Tento transmitir para Lena que não consigo. Ainda não possuo tal controle contra meu próprio poder ao ponto de obrigá-lo a se tornar uma grande barreira ao nosso redor.

   Mas Korian me disse que, se não aprendesse a controlar, ele me controlaria. E me queimaria viva.

   Olho para o rosto dele, ficando ligeiramente apavorada ao ver a cor sumindo de seus lábios e sua respiração ficando cada vez menos superficial.

   Minhas mãos tremem tanto que mal consigo impedir de balançar a flecha enfiada no corpo dele quando agarro seu cabo, puxando-o suavemente de sua pele dourada.

   Ao nosso redor, Lena e os guardas criam barreiras improvisadas e fracas que, ao menos, nos protegem do ataque.

   Korian geme quando puxo a flecha mais um pouco, mas não acorda. Seus olhos vidrados e verdes-opaco rolam atrás de suas pálpebras fechadas, e seu corpo convulsiona levemente. Ele está morrendo. Sofrendo. Por Taryan, o que eu devo fazer?

    Uma nova chuva de flechas despontam das árvores, diretamente miradas para nós. Olho para cima, para o céu, mirando aquela imensa vastidão de luz azul e as nuvens cruzando sua beleza, silenciosamente implorando que alguém nos ajude.

   Um grito forte irrompe de minha boca quando uma flecha envenenada me acerta em cheio no tornozelo direito.

   Tombo no chão como uma rocha, soltando a flecha presa em Korian. Ele geme mais uma vez, o rosto contorcendo em agonia.

   Uma queimação grave se espalha por minha perna, seguindo a outra rapidamente e subindo até alcançar meu peito e rosto. Sinto como se um fogo imenso e poderoso queimasse minhas entranhas por dentro, arrancando todas as esperanças de que eu consiga me salvar. O veneno me atinge em cheio, agonizando meus membros em dores violentas. A grama parece perfurar minha pele quando rolo sobre ela, agarrando minha própria barriga em um esforço sem sentido de tentar arrancar aquilo de mim.

A ƑILHA ƊO ƑOƓO - A MALƊIƇ̧ÃO ƊO SOLSƬÍƇIOWhere stories live. Discover now