✥ㅡ A BRUXA ㅡ✥

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   Fanillen não é nada parecida com o que eu imaginava.

   Não sei o que me fazia pensar assim, mas sempre achei que em todas as partes veria morte e destruição, e não beleza e paz. Em todos os lugares crianças correm umas atrás das outras com gritos e brados de alegria, cada um empunhando seus brinquedos.

   Comerciantes alegres se movem rapidamente pela cidade, levando suas cestas gigantes cheias de frutas diretamente para suas barracas onde alguns clientes já esperam. Isto poderia muito bem ser considerado um lar para quem vive aqui. Não vejo dor ou tristeza; apenas a alegria daquilo que construíram há vários séculos atrás. A herança que conservam até hoje. O tesouro de Taryan, como eles mesmos falam.

   O vento frio do início de inverno penetra meus ossos, fazendo-me estremecer. Aperto mais a túnica em minha volta e suspiro forte, vendo hálito se condensar levemente na frieza da manhã.

   Pássaros cantam livremente por aqui. Em algumas árvores espalhadas pelo mercado, vejo vários ninhos formados e os passarinhos ali juntamente à sua família. Sorrio um pouco para as pequenas aves que passam por nós, voando rodopiando sobre nossas cabeças como pequenos piões.

   Korian me encaminha para uma barraca específica. De armas pequenas, como adagas, flechas pequenas e facas que se pode ser escondida nas meias ou dentro da calça passando despercebida. Ele recolhe várias delas ㅡ a maioria de enfiar na meia ㅡ e carrega tudo para longe, me arrastando junto. Passamos por várias outras barracas que vendem diversas outras coisas e ele compra varias outras armas confusas que me fazem ficar ligeiramente assustada com a quantidade de armamento que ele está carregando pelas ruas.

   As pessoas não parecem notar sua presença enquanto passam por nós dois. Na verdade, parecem estar conscientes, mas são inteligentes ou burros o suficiente para não entrarem em seu caminho e o atrapalhar em uma missão. As sacolas que carrega realmente dá para ver o material dentro delas, então este deve ser o motivo. Korian pode ser assustador com um simples olhar diferente.

   ㅡ Eu deveria perguntar o motivo de tantas armas? ㅡ questiono, desviando de uns mercadores que passam por mim carregando nas costas grandes sacos de batatas e outras coisas.

   Korian se vira e me olha, mas seu rosto inexpressivo não me dá nenhuma dica do que talvez queira com estes objetos altamente cortantes.

   ㅡ Não, não deveria.

   Sua resposta curta e direta me faz ranger os dentes e tentar controlar o fogo que sobe pelo meu rosto. Sua resposta direta, mesmo que já esperasse, ainda tem o poder de me deixar com raiva e Korian sabe disso. Seu sorriso irônico quando se vira novamente me faz ter certeza. Caminhamos em silêncio por muito tempo, até que paramos na fronteira do final do mercado com o enorme gramado verde que se segue infinitamente até as colinas íngremes.

   E ali, bem no topo de uma colina, a mesma enorme caixa preta que antes vi nas terras humanas desponta sobre a grama verde.

   Paraliso, olhando fixamente para aquele lugar. Igualmente à outra vez, a grama ao redor da caixa está murcha e preta. E, também igualmente, ninguém mais parece ter consciência sobre aquela grande construção bem no meio de seus jardins. Muitos imortais olham para aquela direção, mas pelo brilho em seus olhos, apenas observam a bela paisagem que se estende sobre o gramado.

   Minha cabeça pulsa. Fico olhando aquela caixa por tanto tempo que as coisas ao meu redor parecem passar em câmera lenta. Por que ela está aqui? É um indicio de que eu deveria ir até la e descobrir por mim mesma? Grant disse que ali haveria bruxas escondidas, mas o que eu tinha a perder se morresse pelas mãos asquerosas de bruxas? Na pior das hipóteses, entraria ali e seria imediatamente devorada antes de poder ter a chance de perguntar e obter minhas respostas. E na melhor, eu estaria ali tirando todas as duvidas sobre as questões em minha cabeça e elas não sentiriam vontade de beber meu sangue.

A ƑILHA ƊO ƑOƓO - A MALƊIƇ̧ÃO ƊO SOLSƬÍƇIOWhere stories live. Discover now