✥ㅡ DESCOBERTAS ㅡ✥

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   Paraliso, estremecendo levemente quando a magia rodopia até mim juntamente àquela voz melodiosa e rouca. Senti a ponta de perigo em seu tom; um doce alerta para que eu me achasse estúpida o suficiente para vir até aqui sozinha e começar a sentir o medo. Suas intenções são claras, mas acredito que elas já deveriam saber que eu viria, certo? Afinal, apenas eu poderia ver a caixa e acredito ser a única burra o suficiente para chegar perto delas a esta hora e depois de ter fugido do castelo. Não quero nem saber o que vai acontecer quando eu voltar e caso alguém me encontre.

   Hesito em responder, achando que se ficar em silêncio durante algum tempo, a pessoa que estiver dentro desta caixa vai acreditar que fui embora e assim posso sair calmamente sem chamar atenção. Até chego a dar um passo para longe da caixa, mas a mesma voz rodopia em meus ouvidos como o vento leve da primavera carregando o aroma doce das flores.

   ㅡ Não adianta sair, querida. Ouvimos você. Sentimos você. Agora que está aqui, por que não entra para conversarmos?

   Conversar. É claro que vocês querem conversar.

   Meu corpo fica duro com a onda perigosa que sinto em sua fala. Apesar da sua voz neste momento ter se tornado mais doce do que nunca, sei que se tentar correr ou fingir não a ter ouvido não vai demorar para que uma delas venha a meu encontro para me rasgar ao meio.

   Bruxas não são muito bem vistas em minhas terras. Várias delas aparecem por lá de tempos em tempos, mas nunca nos mostram seus truques. Estão apenas em busca de coisas de pouco ou muito valor, de diferentes tamanhos e formas. Nunca entendi o motivo de as vezes estarem catando pedrinhas no chão, e até hoje ainda não compreendo. Muitos dizem que faz parte de seu círculo de magia, e precisam dos objetos para completarem seus feitiços.

   E outros, apenas dizem que elas são velhas rabugentas que gostam de objetos sem valor e os deixam de exposição em sua casa velha. Não sei em qual teoria acreditar, afinal, existem bruxas diferentes para cada reino de Taryan.

   ㅡ Quem está aí? ㅡ pergunto, e consigo manter a voz firme e alta.

   Uma risadinha sai de dentro da caixa.

   ㅡ Você sabe quem eu sou da mesma forma que eu sei quem você é, Asterin.

   Gelo sobe pelo meu corpo e alcança meu cérebro. Como diabos ela sabe meu nome? Dou outro pequeno passo para trás, e o vento forte rola sobre mim, quase me fazendo cair se não tivesse me agarrado na caixa.

   ㅡ Não fuja de nós, humana, pois não deixaremos. Tire aqui todas as respostas que deseja, querida.

   Meus olhos se arregalam. Esta é a mesma frase que as outras bruxas diziam quando iam até minha vila, e a maioria delas nunca sabia de nada ou acertava o futuro. Não passavam de vigaristas que gostavam de roubar o dinheiro das pessoas a troco de uma informação falsa que poderia mudar seu futuro para sempre. De forma boa ou ruim. Ouvi falar de pessoas que enlouqueceram depois de terem "descoberto" seu futuro com uma dessas mulheres, e a informação que lhe deram o causou tanto medo que nunca mais viveu da mesma forma.

   Porém, mesmo tentando fazer minha cabeça acreditar nesta farsa que elas são, não consigo deixar de lado a pão de que talvez estas sejam sinceras e me darão respostas verdadeiras. Ao mesmo tempo em que estou com um passo atrás para voltar correndo, as mãos estão prontas para empurrar qualquer porta que tenha aqui.

   Ao longe, posso ouvir gritos dos guardas do castelo. Olho nervosamente naquela direção, ponderando se devo confiar no que quer que esteja dentro dessa caixa ou se devo retornar à prisão e aceitar as consequências. No mínimo, Korian atacaria Grant. Trinco os dentes, me perguntando o porquê de não ter sequer pensado em meu irmão antes de sair escondida.

A ƑILHA ƊO ƑOƓO - A MALƊIƇ̧ÃO ƊO SOLSƬÍƇIOWhere stories live. Discover now