✥ㅡ A FILHA ㅡ✥

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   Caí na água gelada, sentindo o ar sendo imediatamente retirado dos meus pulmões. Nadei para cima com rapidez, e endureci ao sentir a mão de um soldado se enrolando com firmeza em meu braço para me puxar. Assim que cheguei à superfície, pude respirar normalmente. Ser empurrada para fora do navio nunca foi divertido, agora, muito menos. Estava olhando o primeiro marinheiro pular para fora quando outro, mal humorado, me pegou por baixo das axilas e me jogou sem cerimônia no oceano.

   Olhei feio para ele, que acabou de emergir. O homem ergue uma sobrancelha arrogante para mim ao mesmo tempo em que sinto um puxão na cintura. Viro para o lado e encontro Malark prendendo uma corrente em meu cinto, a outra extremidade presa em seu quadril. Ele olha para mim quase com desculpas brilhando nos olhos vermelhos, por isso não me importo com a suposta prisão. Ainda lembrava da encarada penetrante de Yura mais cedo, e a mensagem que ela queria que eu captasse.

   Vê-la amarrada e amordaçada àquela cadeira quase me fez queimar o maldito navio inteiro. Se não fosse pelas algemas cortando meus poderes, teria feito exatamente isso. Mas pior foi ver o olhar de cobiça nos homens quando pousavam os olhos nas partes bem expostas de Yura. De vez em quando um deles ia até lá e a provocava até que ela estivesse tentando se contorcer para longe dele na cadeira, mesmo sabendo que não era possível. Korian parecia tão furioso quanto eu ao vê-los tocando-a intimamente sem pedir permissão.

   Eu ainda suspeitava dela. Suspeitava de sua verdadeira origem. Mas Yura nunca me deu motivos para que eu suspeitasse de sua infidelidade. Até porque eu via a fúria brilhando em seus olhos verdes quando Dakar se aproximava, ou quando voltava horas depois de seus encontros com ele. Yura podia estar debilitada e ferida, como na vez em que foi chicoteada, mas nunca demonstrou ser leal a ele. Eu acharia extremamente esquisito se fosse.

   E ver Malark também me trazia o mesmo pensamento. Ele parecia ser leal a Dakar, e conseguia bancar o durão quando queria, mas eu duvidava que fosse apenas isso. Mal tinha uma história que ainda não foi contada. Não totalmente, pelo menos. Confiando na total capacidade de Dakar de arrumar seus "trabalhadores", eu acreditava totalmente em seus métodos de sequestrar familiares a fim de que todos trabalhem sem reclamar. Se a irmã de Mal foi mesmo mais uma vítima de suas garras, seria bem difícil recuperá-la. Assim como Grant.

   Olho para o céu com um suspiro, a vastidão azul perfeita em comparação com a tempestade que nos assolou anteriormente. A luz do sol refletida na água parecia milhões de pequenas pedras preciosas que me lembravam o castelo de Korian, extravagante e rico. Em comparação com o círculo de água puro ao redor do Templo, este aqui era uma completa nojeira. E quando Malark nadou em direção à grande construção, respirei fundo e o segui.

   Aguente firme, Grant. Se você morrer mesmo depois de tudo o que eu fiz, vou arrumar um jeito de te ressuscitar só para te matar de novo.

   ㅡ Asterin ㅡ sinto uma mão conhecida agarrando meu pulso. Malark vira e olha feio para Korian, que o ignora. Ele nada para mais perto e inclina meu rosto em sua direção com um dedo em meu queixo. Korian sorri tristemente.  ㅡ Volte para mim, combinado?

   Quase bufo. Falar é tão fácil.

   Ele parece ver esse olhar no meu rosto, porque solta uma risadinha.

   Abro um sorriso.

   ㅡ Só se você prometer que não vai virar um monstro do mar.

   Em resposta, Korian se inclina e me beija gentilmente. Malark, como uma criança, faz sons de vômito atrás de mim. Com um sorriso, ele separa os lábios dos meus e nada de costas para longe, pouco a pouco esticando nossos braços, com as mãos ainda unidas.

A ƑILHA ƊO ƑOƓO - A MALƊIƇ̧ÃO ƊO SOLSƬÍƇIOWhere stories live. Discover now