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Chegar à ilha era como fazer uma viagem no tempo. Lá não havia energia elétrica, carros nem meios de comunicação. A ilha era um universo totalmente isolado do restante do mundo, habitada por um povoado camponês que parecia viver como nos tempos medievais. Eram os adoradores da cobra. O povo de Nascár. E Jorge era o grande líder deles.

Viviam em um vilarejo, localizado ao norte da ilha. As casas eram feitas de pedra e possuíam grandes quintais que eram delimitados por cercas de madeira. Algumas poucas carroças circulavam transportando feno para os cavalos. Vestiam túnicas feitas de linho, presas na cintura por um cinto de couro e cobertas com mantos vermelhos com a imagem de Nascár bordada nas costas. Calçavam sandálias, também de couro, amarradas ao tornozelo por uma tira comprida. A partir daquele dia, aquela também seria a vestimenta de Marcela.

Mas não era junto do seu povo que Marcela se sentia à vontade e sim com os animais da ilha. Vivia cercada deles: cachorros, gatos, pássaros, coelhos, todos a adoravam. Seu preferido era Zargus, um lindo corcel negro que ganhou do pai assim que chegou na ilha. Mesmo com tantas novidades naquele novo mundo que se descortinava aos seus olhos, duas fortes lembranças se destacavam do seu primeiro dia na ilha: o encantamento ao assistir o voo de uma gaivota que havia acabado de libertar de uma gaiola e o amor imediato que sentiu desde a primeira vez em que viu Zargus.

-Você será meu melhor amigo aqui na ilha. – disse Marcela assim que o viu, acariciando o seu pescoço.

Foi também na ilha que Marcela descobriu que tinha uma irmã, Natasha Mansur

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Foi também na ilha que Marcela descobriu que tinha uma irmã, Natasha Mansur. Embora fosse um ano mais nova, Natasha era também mais alta e mais forte que Marcela. Seus longos cabelos castanhos ondulados desciam até as costas. Os olhos eram cor de mel como os de Marcela, porém mais arredondados. Os lábios carnudos acentuavam um sorriso que por mais inocente que fosse sempre parecia carregar alguma malícia. Seu corpo atlético e sua pele bronzeada estavam sempre cobertos pela túnica que lhe descia até o tornozelo.

Marcela e Natasha tinham temperamentos totalmente opostos. Enquanto Marcela era uma adolescente comunicativa e hiperativa, Natasha era introspectiva e reservada. Marcela passava a maior parte do seu tempo brincando com os animais e explorando a ilha com Zargus. Natasha preferia se cercar de livros, quase todos sobre a história daquela ilha. Quando não estava estudando, se dedicava a prática do arco e flecha, habilidade que aprendeu com sua falecida mãe Marta Mansur, a melhor arqueira que já viveu na ilha. 

Aos 14 anos de idade, Natasha já sabia tudo sobre o povo de Nascár. Criada na ilha, foi Natasha quem introduziu a irmã aos costumes daquele povo. Era com ela que Marcela aprendia mais sobre suas origens. E era para ela que Marcela recorria quando procurava explicação para as coisas que não entendia.

-Por que papai viaja tanto? Para onde ele vai quando não está aqui?

-Papai é o maior líder que nosso povo já teve. - respondeu Natasha com orgulho. -É ele quem vai nos livrar daqueles que perseguem o nosso povo há milhares de anos. Daqueles que se denominam Os Sentinelas do Leão. Ele vai honrar a morte da nossa mãe.

Os Sentinelas do LeãoOnde as histórias ganham vida. Descobre agora