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Já passava de uma da manhã e como acontecia todos os sábados, a pista de dança já estava lotada de jovens que aguardavam ansiosos por Lucas Navarro, o carismático DJ da Spectron

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Já passava de uma da manhã e como acontecia todos os sábados, a pista de dança já estava lotada de jovens que aguardavam ansiosos por Lucas Navarro, o carismático DJ da Spectron. Era um jovem negro, de corpo atlético, lábios carnudos e sorriso sedutor. Um legítimo galã. Estiloso, vestia um colete preto sobre a camisa cinza que fazia uma combinação perfeita com a calça jeans moderninha e o chapéu preto de aba curta.

Dos fundos da boate mais badalada de Águas Cristalinas, Lucas podia ouvir o coro insistente que chamava pelo seu nome. Mas preferia não dar ouvidos. Estava mais interessado nos lábios rosados da loira que lhe fazia companhia.

-Já viu a hora? Você tem que tocar! –disse a loira enquanto recebia uma suave mordiscada na orelha que lhe arrepiou todo o corpo.

-Quer mesmo que eu vá embora? –sussurrou Lucas no seu ouvido.

-Não! Fica mais um pouquinho! –respondeu a loira, completamente seduzida pelo rapaz. Mas nem precisava ter dito nada. Lucas já sabia a resposta. Conhecia bem o poder do seu charme. Aproveitando a deixa, puxou a moça firmemente pela cintura e a envolveu em um ardente beijo.

-Promete que você será só meu e de mais ninguém? – pediu a loira, enquanto Lucas lhe beijava o pescoço.

-Não gata! Lucas Navarro não tem dona!

Foi o suficiente para que a moça imediatamente se afastasse de Lucas.

-Que foi? Quer parar por aqui? Tudo bem! Tem um monte de gente lá dentro me esperando.

-Já faz duas semanas que eu fico contigo e você nunca me convidou sequer para um jantar.

-Eu não faço essas coisas, minha linda.

-Então isso quer dizer que tudo que eu posso esperar de você são alguns amassos?

-Os melhores amassos que você já teve na vida.

-Você é mesmo muito convencido.

-Ok. Então se não é suficiente para você, paramos por aqui. A partir de hoje, não rola mais nada entre nós. –disse Lucas, dando as costas para a loira.

-Peraí! Eu não disse que queria parar.

Lucas virou-se para olhar a moça de frente e a puxou novamente pela cintura.

-Você sabe que está brincando com fogo, não sabe? Depois não diga que não avisei. –provocou Lucas, com os lábios bem próximos aos dela.

E se beijaram novamente. O desejo era tão grande que mal perceberam quando o senhor Takeshi, um anão japonês de voz aguda e estridente que era o dono da boate Spectron, surgiu pela porta dos fundos.

-Quelem a chave do meu apartamento pala ficar mais a vontade? –ironizou o senhor Takeshi, com seu carregado sotaque japonês.

-Depende chefinho. Tem vista pro mar? –ironizou Lucas.

Já a loira, sem a mesma cara de pau, se assustou com o flagra do patrão e constrangida saiu de cabeça baixa, deixando Lucas e o senhor Takeshi a sós.

-Eu já não disse que não quelo mais saber de você se amassando com as funcionálias da Spectron?

-Mas chefinho, o que o senhor me paga é muito menos do que eu mereço. Eu preciso ter minhas compensações.

-E já falei também pala não me chamar de chefinho.

-Tá. Desculpa... Senhor Takeshi. Mas é que "chefinho" é tão mais carinhoso.

-Pois demonstre esse calinho palando de seduzir minhas funcionalias. Daqui a pouco não vai ter mais nenhuma moça bonita pala tlabalhar de hostess aqui na boate. É semple a mesma coisa. Elas caem na sua lábia, depois ficam com o colação partido e pedem as contas antes de completar um mês na casa.

-Para o senhor ver como essas mulheres de hoje em dia estão carentes, chef... Senhor Takeshi –corrigiu antes de ser repreendido. –É só ganharem uns amassos bem dados que já querem botar uma coleira na gente! Vê se pode uma coisa dessas!

-Sem mais amassos, Lucas.

-Tem que haver outra saída, Senhor Takeshi. Eu não posso ir contra a minha natureza.

-É isso ou o olho da lua.

-Da rua, Senhor Takeshi. –corrigiu Lucas, sem disfarçar o riso.

-Isso! O olho da lua! –repetiu o Senhor Takeshi exaltado, reprisando o mesmo erro.

-Já que é assim. –Lucas deu as costas ao Senhor Takeshi, entrou na boate pela porta dos fundos e foi direto a cabine do DJ. No mesmo instante em que viram Lucas, os jovens que lotavam a pista de dança começaram a soltar gritos de euforia.

-Galera, eu sei que vocês estão ansiosos para dar início à festa, mas infelizmente não vai rolar. A partir de hoje eu não sou mais o DJ residente da Spectron. –disse Lucas ao microfone, provocando um verdadeiro alvoroço. –Mas como eu sei que não posso abandonar vocês, semana que vêm vamos todos para outro lugar, e faremos a nossa festa sob nova direção.

Todos gritavam o nome de Lucas em uníssono. Era nítido que para onde ele fosse, seus seguidores iriam atrás.

-Tá maluco, galoto? Quer esvaziar minha boate? –perguntou o Senhor Takeshi, assim que entrou na cabine do DJ.

-Eu quero 50% da bilheteria, além do salário que o senhor já me paga.

-50%? –se espantou o Senhor Takeshi.

-E o direito de escolher as hostess que o senhor contrata, é claro!

-Você vai acabar alumando um plocesso por assédio.

-Eu nunca assediei ninguém, Senhor Takeshi. Elas ficam comigo porque querem.

-Pleciso de um tempo pra pensar.

-Minha oferta deixa de valer em 5 segundos... 4, 3, 2...

-Tudo bem, eu aceito! –respondeu o Senhor Takeshi, no desespero. No mesmo instante, Lucas pegou novamente o microfone e avisou:

-Mudança de planos, galera! A festa vai continuar sendo aqui. Como disse um dia um príncipe, "se é para o bem de todos e a felicidade geral da nação, diga ao povo que eu fico!"

E o povo comemorou com euforia. Na boate Spectron, não havia como negar, Lucas Navarro era um rei e os jovens que lotavam semanalmente a boate em busca de diversão, seus súditos fiéis. 


Os Sentinelas do LeãoWhere stories live. Discover now