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-Vamos filha! Acabe logo com isso!

-Não! Isso não é possível! Eu vi com os meus próprios olhos! Você caiu daquela muralha!

-Um pouco abaixo da mureta há uma pequena sacada e uma porta que dá para a escada rochosa no interior da muralha. Eu estava lá. Você não viu porque a neblina encobria o local.

-Eu não entendo. Você era o grande líder do povo dessa ilha. E enganou todas essas pessoas se passando por morto. Por quê?

-Todas as pessoas não. Só você.

Fez se um breve silêncio entre os dois. Marcela estava atônita. Havia sido vítima de uma grande farsa e não entendia o porque. Jorge então continuou:

-A ilha nunca deixou de ter um líder. Durante estes 3 anos, eu sempre estive presente. E todos sabiam que eu estava vivo.

-Até a Natasha?

-Sim, até sua irmã!

-Então é por isso que ela aceitou com tanta facilidade a sua morte, e nunca me culpou. Ela era cúmplice dessa farsa.

-A ilha inteira foi cúmplice.

-Eu não me surpreendo com as mentiras do povo dessa ilha. Mas a Natasha! Por quê?

-Sua irmã é uma de nós! Mas você é diferente! Você foi criada pelo seu avô para se tornar nossa inimiga.

-Uma sentinela.

-Entende agora? Eu não podia permitir que você fugisse da ilha e corresse o risco de ser recrutada pelo Leão. Você precisava crescer aqui, aprendendo a ser uma de nós. E se eu estivesse por perto, isso nunca iria acontecer. Você iria sempre me confrontar. Era preciso conter a sua rebeldia.

-Por quê você simplesmente não me queimou viva, como fez com todos aqueles outros garotos presos no estábulo? -perguntou Marcela, com cólera nos olhos.

-PORQUE VOCÊ É MINHA FILHA PRIMOGÊNITA! –gritou Jorge enfurecido. –O seu destino é ser líder do nosso povo!

-Pois é com muito orgulho que lhe digo que o seu plano não deu certo, querido papai. Eu não sou e nem nunca serei uma de vocês. A única coisa que eu quero é o amuleto que me foi prometido há 3 anos.

-Então se você quer realmente esse amuleto, cumpra a tradição e enfie esse punhal no meu peito. Mas saiba que esse será o seu rito de passagem. No instante em que você derramar o meu sangue, se tornará para sempre uma de nós.

Segurando firme o punhal com as duas mãos, Marcela ergueu os braços com fúria. Vendo o ódio crescer nos olhos da filha, Jorge abriu um enorme sorriso. Estava pronto pra morrer nos braços dela.

Prestes a cumprir a vontade do pai, Marcela viu sua própria sombra com os braços levantados refletida na parede da caverna e imediatamente lembrou das últimas palavras de seu avô. "Nunca deixe que destruam quem você é de verdade!"

Sem pensar duas vezes, arremessou o punhal para longe, transformando o sorriso de seu pai numa expressão que era misto de raiva e decepção.

Foi então que subitamente uma flecha cruzou o ar e atingiu o pescoço de Jorge, que caiu morto de joelhos. Marcela imediatamente olhou para trás e viu Natasha empunhando um arco na direção do pai. E da mesma forma que ocorreu há 3 anos, sentiu uma mão lhe cobrir as narinas com um lenço de formol e desmaiou.

 E da mesma forma que ocorreu há 3 anos, sentiu uma mão lhe cobrir as narinas com um lenço de formol e desmaiou

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Os Sentinelas do LeãoWhere stories live. Discover now