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-Alguém pode me explicar o que a gente tá fazendo aqui? –perguntou João, logo após acender a luz e não ver nada além de uma típica cozinha de refeitório.

-A "gênia" acha que a baixinha do mal deixou alguma pista aqui do paradeiro dela. –explicou Lucas.

-Hmmm. Então é uma caça ao tesouro! É isso?

-Tá vendo só? Falou em tesouro, o ladrão já se empolgou! –ironizou Lucas, sem conter a gargalhada.

-Era só o que me faltava! O paspalhão encontrou outro pateta pra formar a dupla! –desdenhou Fabi.

-Liga não! O que ela tem de louca, também tem de emburrada! –avisou Lucas.

-Ok! E como vai ser essa caça ao tesouro? –perguntou João.

-Nós vamos preparar uma sopa! –respondeu Fabi, com um sorriso de satisfação.

-Oi? –exclamou João.

-Qual é o prato que é servido toda segunda-feira nesse refeitório? -continuou Fabi.

-Sopa de legumes. –respondeu Lucas.

-Lembra o que eu disse que a "baixinha do mal" queria que a gente fizesse?

-Sabotasse a comida do refeitório.

-Pra sabotar, primeiro a gente precisa fazer a comida, certo?

-Certo!

-E pra fazer uma sopa de legumes, do que a gente precisa?

-Dos legumes! –concluiu Lucas.

-É lá que está a próxima pista! –apontou para um grande cesto coberto de batatas, cenouras e beterrabas. –No meio dos legumes.

-Ok! Você acaba de elevar o nível das conclusões ridículas para um novo patamar! –ironizou Lucas.

Fabi deu de ombros e se dirigiu até o cesto de legumes, enquanto os meninos permaneceram parados, sem tomar nenhuma iniciativa. De costas para os dois, perguntou:

-Vocês vão me deixar trabalhando sozinha? –Lucas e João se entreolharam e sem emitir nenhuma palavra, consentiram em ajudar.

Juntos, os três começaram a revirar a montanha de legumes empilhada sobre o cesto. Cinco minutos depois, apenas Fabi parecia empolgada com a "caça". Já os meninos não conseguiam disfarçar o tédio.

-Acho que já dá pra dizer que não tem nada aqui, né? –disse João.

Fabi encarou João com um sorriso enigmático e então respondeu:

-A única coisa que dá pra dizer meu caro mágico é que hoje sou eu que estou tirando o coelho da cartola. –e em seguida, puxou do cesto um objeto que já havia caído em desuso há muito tempo.

-Uma fita cassete! Essa baixinha do mal é nostálgica, hein? –exclamou Lucas ao ver aquele utensílio retrô nas mãos de Fabi.

-Mágica de verdade vai ser encontrar um aparelho de som que ainda toque fitas cassetes. –afirmou João.

-Se isso for uma mágica, o segredo por trás desse truque está revelado aqui. –disse Fabi, entregando a fita para João, que só então percebeu um adesivo pregado sobre o objeto com a seguinte instrução: ABRAM O FORNO.

Fabi correu até o forno elétrico e assim que o abriu, viu um aparelho de som portátil escondido lá dentro. Imediatamente pegou o aparelho e o ligou na tomada. Sem dizer nada, João inseriu a fita e apertou o play. Após alguns segundos de silêncio, ouviram uma voz masculina grave e imponente saindo das caixas de som:

-Fabi Meirelles, Lucas Navarro e João Robbins. A dramaturga, o DJ e o ladrão. Vocês conhecem os seus talentos. O que não sabem ainda é o que podem fazer com eles. Uma era de terror foi anunciada e vocês foram os escolhidos para combatê-la. Agora prestem muita atenção, pois este é o seu chamado. Vocês tem uma escolha: podem ignorar esta mensagem e seguir normalmente com suas vidas, ou podem atender ao chamado e embarcar numa aventura capaz de mudar para sempre o destino deste mundo. Se escolherem a primeira opção, terão de conviver para o resto de suas vidas com o peso de saber que apenas vocês poderiam ter evitado os horrores que se anunciam. E para isto, tudo que vocês precisam fazer é seguir o canto da gaivota.

Foi quando ouviram o som encantatório e convidativo que vinha da porta. Então viraram o pescoço ao mesmo tempo e viram uma gaivota branca com as asas e o dorso azuis pousar no chão.

-Vocês não tão pensando mesmo em fazer isso, né? –perguntou João, sem desviar os olhos da gaivota.

-Seguir um pássaro sabe-se lá pra onde, só porque uma gravação anônima sugeriu que assim o fizesse? Porque não? –perguntou Fabi, com um sorriso que não escondia sua excitação.

-Ela é maluca, esqueceu-se disso? –provocou Lucas, também olhando fixamente para o pássaro.

-Eu não vim até aqui pra não descobrir do que se trata esse tal chamado. –respondeu Fabi, com convicção.

-Apenas nós podemos evitar os horrores que se anunciam. –repetiu Lucas em voz alta, relembrando o que acabara de ouvir na gravação.

-Você vai realmente dar ouvidos a ameaça de uma gravação anônima? –perguntou João, virando o pescoço na direção de Lucas e pela primeira vez desviando os olhos do pássaro.

-Da última vez que eu não dei ouvidos, um avião explodiu sobre a minha cabeça.

-A gente pode pelo menos discutir isso mais um pouco? –insistiu João.

-Vocês façam o que quiser. Eu já fiz a minha escolha. –avisou Fabi, e foi em direção ao pássaro, que imediatamente levantou voo e atravessou o refeitório até pousar no galho de uma árvore que havia do lado de fora, em frente a uma janela que dava para a cozinha. Sem hesitar, Fabi o seguiu.

-E você, também fez a sua escolha? –perguntou João, enquanto espiava o pássaro pela janela.

-Eu não tenho escolha, João. Vidas estão em jogo. –respondeu Lucas, e foi ao encontro de Fabi, que já estava fora do prédio do refeitório, parada em frente a árvore onde o pássaro havia pousado.

-E o outro? –perguntou Fabi, assim que Lucas se juntou a ela.

-Ele não trabalha em equipe, esqueceu?

-Existe algo que você precisa aprender a respeito dos gatunos, meu caro paspalhão. Eles não agem conforme o que dizem. –afirmou Fabi, apontando para João, que vinha correndo em sua direção.

-Eu só tô aceitando fazer isso para descobrir o que aconteceu com a minha família. –avisou João, assim que viu a cara de espanto de Lucas.

De repente, a gaivota levantou voo e os três a seguiram rumo ao desconhecido. 

Os Sentinelas do LeãoWhere stories live. Discover now