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Marcela ficou ainda um tempo sozinha no topo da muralha em estado de choque. Por mais que não amasse o pai e fosse contra tudo o que ele acreditava, era para não ser obrigada a um dia tirar sua vida que pretendia deixar a ilha. Não esperava que ao tentar escapar do seu destino acabasse provocando exatamente aquilo que queria evitar (ao menos, era o que naquele momento, ela acreditava que havia ocorrido).

De qualquer forma, precisava sair dali. Então abriu o mesmo alçapão de onde seu pai havia surgido e desceu uma longa escada rochosa iluminada apenas por tochas de fogo. Ao final, chegou a uma porta de madeira. Abriu a porta e logo se viu encurralada por um grupo de dez mascarados que a aguardavam na saída da muralha.

-É isso que você quer? –perguntou um dos homens, tirando do bolso o amuleto. Marcela confirmou com a cabeça. –Seu pai nos ordenou que se algo acontecesse a ele, você não deveria ser punida. Para ganhar o direito de deixar a ilha, você deve crescer aqui vivendo como uma de nós. Quando completar 18 anos, receberá o amuleto e poderá escolher o seu destino.

E assim Marcela retornou ao norte da ilha e se integrou novamente aquela comunidade. E lá viveu de forma pacifica, esperando pelo dia em que finalmente poderia partir.

Na pequena casa de sua família, moravam agora apenas ela e Natasha. As duas irmãs cresceram sem depender de mais ninguém. Aprenderam a se virar levando uma vida rural. Natasha, que herdara da mãe o talento da pontaria, se tornou uma arqueira habilidosa. Com um arco que ela mesma confeccionou, caçava o alimento que depois comeria sozinha, já que Marcela (que era vegetariana) preferia se alimentar apenas das frutas, verduras e legumes que plantava na horta que as duas cultivavam em seu quintal.

Para não se envolver em confusão, Marcela procurava não saber de nada do que acontecia no conflito entre o povo de Nascár e Os Sentinelas do Leão. Passava a maior parte do seu tempo com Zargus, que agora cego precisava de todo o seu cuidado.

O cavalo assustado com sua nova condição tinha dificuldade para se locomover. Rodava no mesmo lugar, achando que estava andando para frente. Mas Marcela estava sempre ao seu lado, guiando e treinando seu melhor amigo. Com o passar do tempo o cavalo foi adquirindo habilidades e a menina voltou a montá-lo. Até que 3 anos se passaram. 

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