II

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Não era a primeira vez que Rodolffo a fazia passar por aquilo, lógico que não gostava da situação, mas não tinha o que fazer, não podia nem pensar em se separar dele, não tinha emprego, não tinha estudos, não sabia fazer nada e sua família e amigos iriam se virar contra, não que tivesse muitos amigos também, eram somente as pessoas da igreja, nunca poderia contar com nenhum deles, seu marido era o líder, ela era somente um adereço que acompanhava Rodolffo.

O corpo doía da noite sem dormir, ainda tinha vários pontos irritados e coçando, quando se olhou no espelho logo de manhã viu as olheiras escuras e olhos vermelhos. Sentia se horrível fisicamente e psicologicamente.

Foi até a cozinha preparar o café da manhã, correu até a padaria para comprar o pão logo na primeira fornada, Rodolffo gostava do pão sempre fresquinho, enquanto ele comia, foi preparando a marmita que ele levava todo dia, por sorte ele não vinha almoçar em casa, ia ser muito mais difícil suportar reclamações duas vezes por dia.

Assim que Rodolffo saiu, Juliette tentou relaxar um pouco, tinha várias coisas para fazer, mas estava totalmente sem pique, voltou a deitar e tentou dormir mais um pouco, só conseguiu cochilar, seu senso de dever ficava apitando na cabeça e dizendo que não era certo uma mulher trabalhadora ficar dormindo até tão tarde, não que fosse assim tão tarde, mais ela não conseguia se livrar da sensação.

Foi varrer a frente de casa e da igreja como fazia todos dias, fez isso com uma lentidão enorme, o corpo não queria responder ao comando do cérebro para agir mais rápido.

Notou a moto parada em frente a casa vizinha, curiosidade não era uma coisa legal, mas ela queria muito saber quem estava morando ali.

Uma garota de uns 29 anos mais ou menos saiu de dentro da casa, parou na calçada, se espreguiçou e ficou olhando para a rua, então a garota se vira e olha para Juliette. Um choque percorreu a espinha de Juliette, ficou atordoada, nunca tinha visto uma mulher tão bonita assim pessoalmente, parecia àquelas moças que ela via em revista de moda ou nas poucas vezes que assistia TV.

Era alta, magra, mais com o peso bem distribuido, tinha o cabelo loiro bem claro e olhos esverdeados, era simplesmente linda, e então ela sorriu, nessa hora o mundo pareceu parar, na verdade era a vontade de Juliette, que o mundo parasse e ela pudesse olhar um pouco mais a garota.

Então se deu conta do absurdo que estava pensando. Como assim ficar toda desse jeito por uma mulher, não era primeira vez que ela achava uma mulher bonita, mas não gostava da sensação, era muito muito errado.

A garota caminhou até onde Juliette se mantinha parada.

- Bom dia! Acabei de mudar e ainda não conheço nada por aqui, será que você tem um pouco de pó de café para me arrumar?

Juliette não disse nada, ficou olhando aqueles olhos esverdeados tão intenso.

- Meu nome é Sarah, você mora aqui certo?

Ela sai do transe e começa a prestar atenção na conversa.

- Oi, sim eu moro aqui, meu nome é juliette.

- Prazer em te conhecer, Juliette.

Sarah estendeu a mão e Juliette apertou, sentiu um calor subindo pelos braço e atingir seus pensamentos.

- O prazer é meu. Eu não tenho café solúvel, serve o café comum?

- Ainda bem, odeio café solúvel, é tão fraco, gosto de um café bem forte.

Mais uma vez aquele sorriso lindo deixou Juliette sem ação. Resolveu entrar logo em casa e pegar o café, queria se livrar logo da vizinha e ao mesmo tempo continuar a conversa, estava totalmente confusa.

Levou um copo com pó de café e entregou a Sarah que se mantinha parada na calçada olhando tudo.

- Nossa obrigada você simplesmente salvou o meu dia. Depois devolvo seu copo e o café que me emprestou.

- Não foi nada.

- Vou precisar de ajuda para localizar pontos básicos aqui no bairro, sabe, farmácia, quitanda, mercados, essas coisas, pode me ajudar depois.

- Posso, quando você quiser.

- Você é muito gentil, Juliette. Obrigada.

Sarah se despediu com um beijo no rosto, e Juliette passou o dia todo pensando na nova vizinha.

A noite quando Juliette foi dormir, ainda podia sentir o beijo da outra em sua Buchecha.

O último pensamento antes de adormecer foi: "isso não é bom, nada bom!"

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Por hoje é só.

Qualquer erro me comuniquem

Happy Birthday Sarinha🤍.

A Mulher do PastorWhere stories live. Discover now