Sarah

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     Ficaram sentadas no sofá em frente a TV sem dizer nada por um tempo, Sarah observou Juliette com o canto do olho, cabelos escuros, quase negros, aqueles olhos castanhos que as vezes a deixava parecendo um personagem de um anime ou manga, ó jeito humilde, tudo isso levava a pessoa a querer contar as coisas para ela, fazer confidenciais.

       Sarah era uma pessoa muito fechada, não falava de sua vida para ninguém, nem o pessoal com quem ela trabalhava sabia muito a seu respeito, Gil era o único que sabiá. Quando perguntava alguma coisa ela sempre dizia brincando: Ao meu respeito eu mostro o que eu quero, e você deduz o que quiser.

     Geralmente isso era suficiente para acabar com as perguntas e se não acabassem simplesmente se recusava a responder.

      Então por que sentia tanta vontade de falar parte de sua vida para Juliette? Por que confiar tanto em alguém que tinha acabado de conhecer? Não tinha resposta para isso, só sabia que queria muito que ela a conhecesse melhor, pelo menos uma parte de sua vida.

- Bem Juliette, pronta para saber um pouco mais sobre mim?

- Só se você jurar que não é nenhuma
Assassina em série que mata pessoas para comer.

- Nossa Juliette!!! Como descobriu o meu segredo?

       As duas riram e isso quebrou um pouco o clima de tensão que Sarah estava sentindo.

- Fui criada pela minha avó, ela é uma mulher bem rigorosa e sempre se esforçou pra me dar a melhor educação, quando soube que eu queria trabalhar com fotos, surtou, o sonho dela era me ver fazendo uma faculdade de administração ou direito e indo trabalhar nos negócios da família. Foi uma grande decepção para ela. Mas eu não levo jeito para ficar o dia todo em um escritório cuidando de planilhas, contratos, reuniões. Deve conhecer o café Alto Grão.

    Juliette olhou surpresa para Sarah.

- Você é dona da Alto Grão?

- Não Juh, minha avó é dona, eu sou só uma fotografa.

- Você é dona de uma das maiores marcas de café do Brasil e vem me pedir café emprestado. Sua aproveitadora.

- Haha, nunca gostei da Alto Grão acho ele muito forte.

     Mais uma vez as duas riram juntas, como era bom conversar com ela.

- Mas Sarah...seus pais...eles...bem...o que...

     Entendeu o que Juliette estava pensando, por sorte tinha essa sintonia tão raro que só grandes amigos possuem.

- Ah não Juh, eles estão bem vivos. Minha vida seria muito clichê com um acidente de carro e toda aquela história de pobre menina rica. Meus pais sempre gostaram de viajar, se conheceram em uma  viagem, dois meses depois já estavam casados, então num surto fantasioso, resolveram que queriam ter um filho, assim como quem decide ter um bicho de estimação. Quando nasci, eles viram que eu gerava um pouco mais trabalho que um cachorro ou um gatinho, então iam me deixando com minha avó, até que um dia ela já estava me criando e eles viajando mundo a fora.

       Deu de ombro como se não se importasse muito com essa história toda, como se não fosse nada demais, mas era, aquilo ainda fazia doer uma parte bem grande do seu coração, durante muito tempo sonhou que os pais iriam buscá-la na casa da vó e viajar o mundo com eles, mas esse sonho acabou  quando deixou de ser criança, mas ainda era ruim, teria essa cicatriz na alma para sempre. Mas evitou falar isso para Juliette, era íntimo demais até para ela.

- Sinto muito Sarah.

- Eu tô legal, já não me importo.

      Juliette segurou as mãos de Sarah, um fio desencapado não teria gerado um coque mais forte nela.

- Olha só, quem perdeu foram eles, perderam sua companhia, perderam uma pessoa maravilhosa e especial. Sua avó tem muito sorte.

       Ficou sem saber o que dizer. Àquelas palavras aqueciam mais que café recém feito.
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Por enquanto é isso.

Qualquer erro me comuniquem.

Bjs até depois 🤍

A Mulher do PastorWhere stories live. Discover now