VI

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     Não conseguiu se concentrar no trabalho, por sorte hoje não hoje havia nenhuma foto para fazer, só editar as que se acumulavam no seu computador as horas pareciam se arrastar, por algum motivo que ela ainda não entendia bem sentia uma imensa vontade de falar com Juliette, desvendar ou decifrar aquele olhar assustador e triste. Tinha se conhecido a poucos dias, mas Juliette despertava em Sarah algo bom que nem mesmo ela  sabiá que ainda poderia sentir, uma amizade de verdade talvez.

     Finalmente deu meio dia. Pegou sua bolsa e foi para casa, nem se importo em comer nada, sentia um pouco de ansiedade, ficar nervosa por causa de um bate papo com uma amiga, estava começando a se estranhar, talvez precisasse voltar a sair a noite como antigamente.

Chegou na casa de Juliette e bateu na porta, a outra abriu rapido, tinha aqueles  lindos olhos castanhos arregalado e olhavam Sarah com medo.

- Olá Juliette, ainda se assustando comigo?

- Quer entrar?

- Sim. Não vou tomar muito do seu tempo. Só queria fazer algumas perguntas.

- Entre.

      Juliette abriu espaço para Sarah entrar, a casa não era tão grande, tinha móveis velhos, mais era tão limpa e arrumada que chegou a sentir inveja.

     A sala ficava próxima a cozinha e Sarah sentiu um cheiro maravilhoso de comida vindo de lá, sua barriga roncou em protesto pela falta de alimento. Juliette notou.

- Sarah, você ainda não almoçou?

- não, eu nem me lembrei, queria muito falar com você.

- Então explica isso para o seu estômago, parece que ele não entendeu bem a intenção.

     Era a primeira vez que Juliette fazia uma piada, por mais boba que tenha sido, Sarah começou a sorrir.

- Nossa!!! Quem diria. Você sendo irônica?

     Um leve sorriso tímido surgiu no rosto de Juliette.

- Agora você vai comer algo, o que tem para me falar pode esperar mais alguns minutos, não pode?

- Não tô muito afim de ir para casa cozinhar.

-  E nem vai ser preciso, almoça aqui. Mas a comida é simples.

   Foram até a cozinha, Juliette colocou um prato na mesa e serviu Sarah, arroz e feijão recém preparados, barata frita e bife, o sabor era perfeito, tanto pela comida como pela fome que estava sentindo, pensou em comer mais uma vez, mas ficou com vergonha. Agora já podiam conversar sem que a barriga de Sarah ficasse fazendo aquele barulho como se houvesse dois cachorros brigando ali dentro.

- Eu queria te pedir desculpas pelo outro dia, estava tirando fotos suas e não sei o que fiz de errado, você saiu correndo daquele jeito e me deixou preocupada. Seja lá o que foi que fiz, me desculpe, não foi de propósito.

      O rosto de Juliette ficou escarlate, Sarah começou a achar aquilo tão fofinho.

- Você não fez nada, eu só me lembrei que tinha deixado uma panela no fogo.

   Fingiu que acreditou, mas Juliette mentia muito mal. Aquela resposta ao invés de esclarecer algo só deixou Sarah mais intrigada ainda.

- Então menos mal. Mas outra coisa por que fingiu que não me conhecia quando falei com você e seu marido?

   Dessa vez a demora para responder foi bem mais longa, Sarah esperou pacientemente, um, dois minutos e nada, o silêncio estava ficando constrangedor quando Juliette respondeu

- Isso é meio complicado Sarah, não sei como te explicar, meu marido controla tudo, entende?

- Mais ou menos. Você quer dizer que ele controla até suas amizades?

- Sim, tudo.

- E eu não sou uma boa amiga para você? Prefere que não nos falamos mais?

- Claro que é uma boa amiga, só não quero que ele saiba, não quero que tenha problemas, ele é um pouco radical com quem não tem religião. Você entende?

    Não, ela não entendia, cada um devia viver como desejava, sem que sofresse algum preconceito com isso, agora gostava cada vez menos do pastor Rodolffo, mais fez que sim com a cabeça.

- Entendendo. Mas da sua parte está tudo bem?

- Sim, quero muito ter você por perto.

     Essa última frase fez com que uma lasquinha do coração gelado de Sarah derreter.

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Todo dia vamos ter 2 capítulos.

Qualquer erro me comuniquem.

Bjs até a manhã 🤍

A Mulher do PastorOnde histórias criam vida. Descubra agora