III

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         Quando chegaram ao supermercado, e Juliette desceu da moto, suas pernas estavam bambas, mas não sabia dizer se era o medo da viagem ou se era por ter estado tão próxima a Sarah, praticamente grudada  em suas costas.

- Então, foi tão ruim assim andar de moto?

- Você me prometeu que não ia correr.

- Mas não corri, em situações normais ando muito mais rápido que isso.

      Sarah só podia estar de brincadeira, ninguém anda tão rápido assim de moto pela cidade né?! Ou será que andam? Se fosse assim teria que dar uns puxões de orelha nela. Aquilo era perigoso.

       Foram até a entrada dó supermercado e pegaram um carrinho. Juliette também tinha que pegar umas poucas coisas, mas seria rápido.

- Vamos pegar suas coisas primeiro. Já vou dizendo o que vai na receita.

       Foram caminhando entre prateleiras, pegaram leite, ovos, óleo e farinha, depois passaram na área dos laticínios, pegaram queijo e requeijão para o recheio. Sarah era viciada em todo tipo de queijo, queria panquecas desse sabor.

        Estava passando pela área onde fica os achocolatados, quando Sarah parou por ali e ficou olhando.

- Hey Juliette, dá para fazer panqueca de chocolate?

- Não sei, nunca tentei, más podemos testar.

- Ahhh que perfeito, testes culinários na minha cozinha. Estou eufórica.

      E estava mesmo, era possível
Perceber a alegria só de olhar naqueles olhos esverdeados que pareciam maiores quando ela ficava feliz.

       Já havia pegado tudo, Sarah até aproveito para levar algumas coisas a mais para casa, umas barras de cereais, uma garrafa de vinho e comida congelada.

       No momento em que se dirigiam até o caixa, Juliette lembrou das batatas que precisava pegar, avisou Sarah.

- Preciso pegar algumas Batatas, pode me esperar?

       Ficou totalmente surpresa, quando Sarah falou num tom meio cantado e meio brincalhão.

- E se você não demorar muito, posso espera-la por toda a minha vida.

           Quando notou a completa confusão no rosto de Juliette, se adiantou em esclarecer.

- É uma frase de Oscar Wilde.

       Sem saber o que dizer de imediato, correu para pegar as batatas, Sarah ainda não havia passado no caixa, estava esperando por ela.

- Por que ainda não passou, Sarah?

- Porque disse que ia te esperar.

         Passar no caixa demorou bem mais do que a paciência costuma suportar, mais por fim estávam lá fora. Apesar de já ser quase inverno, as tardes eram ainda bem quentes.

- Vamos tomar um sorvete? Tem uma barraquinha ali perto.

- Estou morrendo de calor, mais acho que meu dinheiro não vai dar para o sorvete.

- Deixa disso Juliette, eu pago, é só um palito, não precisa se preocupar.

       Deixaram a moto no estacionamento do mercado e foram comprar o sorvete, Sarah quis o de abacaxi e Juliette de chocolate, sentaram em um banco que ficava debaixo de um grande ipê amarelo que fazia uma sombra deliciosa naquele calor infernal. Juliette queria saber mais sobre a frase.

- Aquela frase que você disse antes, quem é o autor mesmo?

- Oscar Wilde. Conhece?

        Tentou puxar pela memória, aquele nome não era cem por cento estranho, então se lembrou havia começado a ler um livro desse autor ainda quando ainda  estudava, mas não chegou a terminar.

- Eu me lembro de ter começado ler um livro dele, más não terminei, lamentei ficar sem saber o final.

- Consegue lembrar qual livro era?

- O nome não, mas lembro que era sobre um rapaz que ganhou um quadro e depois não envelhecia mais.

- Nossa, eu sei que livro é esse, O retrato de Dorian Gray. Adoro esse livro. Você lê bastante, Juliette?

        Deu um suspiro, nossa como ela adoraria poder ler mais, sem ter que esconder os livro, ela adorava ler.

- Quase não leio nada Sarah, na mente de Rodolffo tudo é pecado. As vezes leio escondido algum livro que pego na biblioteca, mas tem sido bem raro.

        Sarah pega na mão de Juliette e tentar conforta-la.

- Isso não é justo Juliette, você deveria poder ler o que quisesse.

      O toque da mão quente de Sarah sobre a sua parecia queimar, mandar ondas de carinho direto para a alma dela, não queria soltar aquela mão nunca mais, mas precisou, o sorvete começa a escorrer do palito.

- Então, gostaria de acabar de ler o Retrato de Dorian Gray?

- Gostaria muito, mais não quero correr mais o risco dele se zangar.

        A outra se manteve calada por alguns minutos e então disse de forma triunfante.

- Eu tive uma ideia, Juliette. Você pode ler na minha casa, todas as tardes, tenho vários livros e tenho esse do Oscar Wilde também. Eu saio para trabalhar e deixo a chave extra com você, é só entrar e aproveitar.

- Mas Sarah, eu ficaria sozinha na sua casa.

    Um sorriso deslumbrante se abriu no rosto de Sarah, antes dela responder.

- Eu confio em você, pode entrar em minha casa a hora que quiser.

      Pegou o chaveiro e tirou uma chave extra dele e entregou para Juliette.

- Aqui está. Agora Mi casa, su casa. Aproveite. Agora vamos, estou morrendo de vontade de comer essas panquecas logo.

        E lá foram as duas de moto para casa, mais uma vez Juliette grudada nas costas de Sarah, mas dessa vez aproveitando a sensação boa que aquela proximidade causava.
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Qualquer erro me comuniquem.

Bjs até depois 🤍

A Mulher do PastorOnde histórias criam vida. Descubra agora