RUÍNA

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RIO DE JANEIRO | BRASIL

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RIO DE JANEIRO | BRASIL.
Leona Bonemer, julho de 1992.

  AS FÉRIAS DE VERÃO ERAM OS ÚNICOS DOIS meses que eu realmente tinha tempo livre para lazer. Geralmente, eu fugia da minha família e me abrigava na casa de Damien em Nice, na França. Quase sempre levava meus afilhados, mas naquela semana os planos de sempre não deram certo. Logo pela manhã, Eleonor me ligou:

— Leona, venha para cá. Nós precisamos conversar. –não era um convite, seu tom muito menos fora amigável.

Havia sido apenas uma ordem. Peguei o carro e dirigi até a casa de meus pais, um trajeto de quarenta minutos que fazia parecer que ainda morávamos muito perto.

Quando adentrei a residência dos Bonemer, uma ânsia subiu pela minha garganta, o motivo principal pelo qual raramente visitava Pietra. Eu tinha extremo pavor daquele lugar.

— Leona! –minha irmã exclamou quando me viu, correndo para me abraçar.

Afaguei o cabelo cacheado dela com carinho, lhe dando um beijo na testa.

— E aí, pirralha?

— Faço dezenove anos mês que vem, não sou mais pirralha. –ela revirou os olhos azuis, assim como os de Leon.

— Onde seus pais estão? Eleonor me ligou dizendo que precisávamos conversar no mesmo tom em que se anuncia a morte de um parente.

— Eles estão estranhos desde ontem, não sei o que aconteceu. Estão no escritório.

— Você não vem?

— Não... Não é assunto meu, ainda bem. –ela fez uma careta. — Odeio como as reuniões em família com você e mamãe terminam.

A encarei por alguns segundos antes de esboçar um sorriso sem humor e ir atrás de nossos pais. Bati na porta duas vezes, logo ouvi a voz de Leon permitindo que eu entrasse.

— Vocês me chamaram, aqui estou. –me joguei na cadeira mais próxima da porta, mantendo certa distância de onde os dois estavam sentados.

Eleonor mostrou com sua expressão de sempre quando me via: desgosto. Ela me odiava tanto que eu não sabia o motivo, se sequer havia pedido para nascer. Leon foi o único que expressou algum sorriso ao me ver.

— Bom dia, filha.

— Bom dia. –murmurei. — O que houve?

— Seu pai está falindo, Leona. Ele afundou nossa família. –Eleonor proferou, seu tom era duro.

Eu ficava admirada com o quanto mamãe era bonita. Mesmo aos quase 50 anos, era possível dar uns trinta e pouco pra ela. Os olhos escuros e profundos eram as únicas coisas que eu havia herdado fisicamente de Eleonor, meu cabelo era num tom de castanho dourado devido a mistura do cabelo preto dela e os fios ruivos de meu pai; meu cabelo também era ondulado igual ao dele. Diferente de Pietra, que de papai só havia herdado os olhos azuis e a pele pálida. Eles sobreviveram ao sol do Rio de Janeiro sem pegar nenhuma cor, já mamãe e eu tínhamos a pele bronzeada pela quentura.

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