PAIS E FILHOS

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15:40.
Leona Bonemer.

  PASSEEI VAGAROSAMENTE PELA sala, um recinto amplo com algumas estantes e sofás de veludo branco. Nas estantes haviam mais fotos, a maioria de Leon ao lado de figuras importantes da política brasileira. Governadores e presidentes corruptos. Eu não conseguia sentir nada além de nojo daquilo, e agradeci por ter sido tão criada por tia Suzane que cresci tendo uma visão totalmente diferente do que meus pais apoiavam. Ao lado de todas aquelas fotos, condecorações e alguns prêmios que Leon havia recebido durante sua carreira emolduravam a parede. Tudo naquele móvel meticulosamente ilustrado reforçava a imagem do que Leon Kurtz-Bonemer era: presidente do Banco do Brasil, formado em Direito e Administração, especialista em Finanças Internacionais e pós-graduado em Economia. Não sobrara tempo para ser um pai presente. Pelo menos, não para mim.

Sentei-me no sofá, apreciando barulho de vozes abafadas por conta da distância. Como esperado, Michael estava se dando bem com a minha família. Enquanto isso permaneci no cômodo distante, tentando ignorar uma terrível sensação de desmaio e secura que tomou conta da minha boca. Eu estava procurando algo que pudesse servir de desculpa pra ficar longe da sala de jantar por mais tempo, sem sucesso.

  Meu peito doeu com as palpitações que surgiram quando ouvi passos em direção à sala, cogitando que Eleonor fora a minha procura. A última coisa que eu precisava era ficar sozinha com ela, e sabia que Ellie só estava esperando a primeira oportunidade de fazer isso e tentar me atacar de alguma forma. Como uma pessoa poderia ser tão narcisista?

Desprendi a respiração quando o topo de uma cabeleira ruiva surgiu. Tia Suzy segurava um copo de whisky numa mão e uma bolsinha na outra.

— Pensei que você iria buscar água na cozinha. –ironizou, passando por mim e abrindo metade da porta de vidro que dava vista para o imenso quintal.

— Respirar o mesmo ar que Eleonor me sufoca.

— Pelo menos ela não está sendo inconveniente como sempre é. Aliás, Michael é um homem muito legal, educado. Nada soberbo. –minha tia ponderou. — Você o pediu para assinar seu vinil de Thriller?

POTESTADEWhere stories live. Discover now