CHOQUE TÉRMICO

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Leona Bonemer.

  HAYVENHURST ERA UM lindo lugar. A residência possuía tons de branco e piso de madeira envernizada, com diversas fotografias da família emolduradas pelos cômodos. Eu me acomodei entre Michael e Janet, tendo Joseph, Latoya e Jermaine sentados de frente para mim. Os outros irmãos estavam espalhados ao redor da mesa e Katherine sentou-se ao lado Michael.

— O que sua família faz no Brasil? –o patriarca da família questionou, lançando-me o olhar mais desprezível.

— Meu pai é presidente do Banco do Brasil, minha mãe atua ao lado dele como secretária executiva.

A única coisa era que Eleonor não se dava o trabalho de cumprir seu posto, apenas encarregava-se de receber o salário. Tomei um pouco do suco de laranja. Mal havia começado a comer e já estava me sentindo empanzinada. Talvez fosse aqueles três pares de olhos que tentavam intimidar bem na frente. Bem, não funcionou, o problema foi que eu não podia respondê-los como queria. Latoya havia sido ríspida comigo em Nice sem nenhum motivo aparente e era certeza que tinha despejado veneno sobre mim para o pai e o irmão. Remexi minha salada com molho branco no prato, forçando-me a levar o garfo até a boca.

— E você, Leona? –um dos irmãos perguntou, estampando um sorriso. Randy. — Mike contou que você trabalha com Fórmula 1.

— É verdade? –Joseph interferiu. — Não sabia que mulheres tinham capacidade de trabalhar com essas coisas.

O encarei, apática. Um silêncio absoluto pairou sob a mesa e Joseph permaneceu me afrontando com os olhos e cheio de soberba.

— Joseph... –Janet começou, mas eu agitei uma mão.

— Não tem problema. –articulei. — Não é a primeira vez que ouço isso, sempre acho engraçado. O quão ultrapassados os homens são? Claro, sem querer ofendê-lo, senhor Jackson. –acrescentei num tom suave, pondo uma mão ao peito e balançando a cabeça com o mesmo cinismo que ele havia falado comigo. — É que algumas pessoas acabam achando que estamos em 1903, não 1993. Às vezes por causa da idade avançada, às vezes por puro mal caratismo. Mas eu entendo, super entendo, precisamos respeitar as limitações de cada um.

Janet deixou uma risada escapar enquanto Joseph, Jermaine e Latoya me fuzilavam com os olhos.

— Vamos jantar, pessoal? Minha mãe se esforçou muito para essa noite, então é melhor todos cooperarem para isto dar certo. –Rebbie, a primogênita, conclamou. — Joseph, deixe Leona respirar em paz.

Reparei a mão dela tremelear na medida em que o pai a encarava. Rebbie conservou a postura como se não fosse mais uma garotinha que ele pudesse amedrontar. Não que eu pudesse falar muito, só que aquela família era estranhíssima. Absolutamente.

POTESTADEWhere stories live. Discover now