𝐄𝐌 𝟏𝟗𝟗𝟐, 𝐋𝐄𝐎𝐍𝐀 𝐁𝐎𝐍𝐄𝐌𝐄𝐑 pensava que sua vida finalmente havia se estabelecido e ela estava aonde sempre quis. Aos 24 anos, Leona foi a primeira mulher a se tornar jornalista esportiva pela Fórmula 1. Além de ter que lidar com seus p...
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"Ele queria o conforto, eu queria aquela dor Ele queria uma esposa, eu estava correndo atrás do que queria Perseguindo a fama, ele continua o mesmo Tudo em mim mudou como a meia-noite".
Midnight Rain | Taylor Swift.
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MONTE CARLO | MÔNACO. Premiação Anual da FIA & FIJA. 23 de novembro de '92, Leona Bonemer.
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A ALIANÇA EM MEU DEDO foi a primeira coisa que Ayrton reparou no momento que se aproximou de mim. Um pequeno anel de ouro enfeitado com uma linda safira no meio, era impossível algo tão bonito não chamar atenção. Senna mostrou um sorriso pequeno, depois elogiou meu cabelo. Tinha alguma coisa entre nós, uma incerteza, contudo, o piloto me abraçou e eu engoli seco o sentimento estranho que subiu pela minha garganta.
Foi a primeira vez que nos encontramos após o GP da França, onde contei tudo o que estava acontecendo. Ayrton era muito importante para mim por estar ao meu lado desde o início e, diferente de Damien, nunca havia me decepcionado. Semanas antes, os rumores que o poderoso Leon Kurtz Bonemer estava falido já circulava entre as redações dos maiores jornais do país. Isso terminou quando o dinheiro de Michael foi convertido em cruzeiros e eu fui vendida por um milhão. Enquanto isso, Ayrton estava sem saber de nada. E eu não aguentava mais olhá-lo todos os dias no paddock e saber que estava fazendo com ele o mesmo que Damien havia feito comigo. Por toda a sensação de culpa, abri o jogo. Senna era a segunda pessoa para quem contei sobre o acordo, mas se Jackson fez o mesmo então estávamos quites.
Ayrton ouviu em silêncio, fechando os olhos e negando com a cabeça a cada segundo. Essa coisa de encarar a situação de vez e resolver o problema é tão superestimada. Falando parece fácil, mas na prática eu quase pude entender os motivos de Damien. Ao invés disso, quis sumir. Quis que meu corpo se desfizesse em água e se juntasse àquelas poças formadas pela chuva daquele dia.
"Leona, não brinca assim. Não faz isso comigo".
A voz de Ayrton ficou repetindo isso de novo, de novo e de novo na minha cabeça. Vê-lo me olhando com tanta tristeza fez com que eu tivesse certeza que depois de todos nossos anos juntos, eu gostava dele. Queria ter a capacidade de demonstrar que estava triste também, que não queria que as coisas tivessem acontecido daquele jeito. Só que isso não teria sido possível mesmo que Michael Jackson não tivesse surgido no meio do caminho. Meu trabalho sempre seria prioridade, da mesma forma que o trabalho de Ayrton era a dele. A carreira dele já estava consolidada. A minha, não. Nós nunca havíamos falado sobre tal assunto diretamente, bastavam os olhares, os sentimentos, os toques... De qualquer forma, não daria certo, nós dois sabíamos. Ainda assim, doeu. E só percebi isso quando vi que na realidade era muito maior do que eu fazia parecer na minha cabeça.
