CAPÍTULO 31

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RYAN VENOZA:


Ele suspirou mais uma vez enquanto escrevia aquele documento. Parece que a venda das terras de seu pai no seu país de origem estava mais do que certa, graças as articulações que a tia de Yuna havia conseguido para sua família. Aquilo não só geraria lucro para eles, como limparia de uma vez por todos o nome dos Venoza depois do infame escândalo com a falecida esposa de seu pai.

Ryan apenas tinha uma única dúvida, será que esse negócio também dependia da sua relação com a filha mais nova dos Wamura?

Ele lembra dela, vagamente. Fazia muito tempo que não a via, por isso não pode reconhecê-la de imediato, mas lembra do seu jeito teimoso, inovador e cheio de ideias que tinha. Ele era bem novo quando se mudou para Eleovoar, mas ainda se lembrava de Ren e das brincadeiras que faziam. Lembrou de quando recebeu a triste notícia do falecimento do senhor Wamura e se imaginou no lugar do amigo de infância, só de imaginar perder seu pai, sentia uma tristeza profunda, não desejava isso para ninguém.

Ao contrário de sua mãe, Arthur Venoza, seu pai, desejava que ele se casasse com a duquesa Lowis, e por causa disso eles tiveram algumas desavenças, que direito ele tinha de obrigar esta dama a se casar com ele quando ela foi bem clara em relação a seus sentimentos a anos atrás? Mais do que nunca, ele precisava recuperar-se e seguir em frente, e Yuna podia ser essa chance.

Ele se levantou cansado e foi até a janela de onde ouvia a voz de Núbia animada enquanto conversava, era tão raro ela falar, que aquilo o chamou a atenção. E lá estavam as duas falando de algum assunto interessante que ele não entendia perfeitamente. Seu olhar foi para a senhoria Wamura, fazia apenas três semanas que ela estava ali e ele já estava preocupado com as outras semanas que viriam.

Sorriu ao se lembrar dela irritada e desconfiada na estrada por conta do cavalo. Nunca imaginou que ela seria desta forma, a moça simplesmente era completamente diferente do que ele imaginou, do que ela se fazia parecer nas cartas. Yuna sorriu revelando todas suas covinhas que ele tinha certeza que foram feitas somente para mexer com os cavalheiros, ou com ele em específico. Ryan piscou coçando a nuca e se sentiu curioso em saber do que estavam falando, mas voltou a se sentar na mesa de costa para a janela.

Elas conversaram alto e ele se convenceu que era por isso ele não estava conseguindo se concentrar, discretamente empurrou a cortina com os dedos e olhou as duas do lado de fora da mansão novamente, Núbia e Yuna conversavam de forma descontraída e sorriam como se fosse amigas de longa data.

De repente, ele sentiu seu apresso pela senhorita das covinhas aumentarem. Nunca tinha visto Núbia sorrir daquela forma com ninguém, ela estava sendo ela mesma na frente de uma completa estranha que acabara de conhecer, isso era louvável, mas a Yuna tinha esse poder, essa luz que emanava dos seus olhos, olhos que por sinal eram profundos e misteriosos. Ele ficou impressionado com sua capacidade de deixar as pessoas a vontade perto dela, como se apenas o fato de estar presente deixasse o clima mais leve, mais tranquilo. Talvez sua mãe estivesse certa em presumir que eles seriam um bom casal. Há vários casais que começam desta forma, sem muito sentimentalismo, apenas atração, coisa que ele pressupõe que exista dos dois lados.

Ele suspirou, e sem resistir a curiosidade de saber o que falavam, resolveu se dirigir até a área externa. Pensava se a tal viagem até a praia seria uma boa ideia e piscou assim que sua mente lhe trouxe imaginações que não deveria. Sim, ele não deveria estar pensando em tais coisas, a menina tinha alguém quem amava, e ele tinha alguém que precisava superar, este sentimento não passava de uma singela atração física que acontece naturalmente quando duas pessoas ficam muito tempo na companhia uma da outra. Certo?

O CONDE QUE EU AMAVAOnde as histórias ganham vida. Descobre agora