CAPÍTULO 64

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Me arrumei para aquele suposto passeio que Ren havia programado, me perguntava o que ele estava planejando ou como agiria na sua frente, talvez seja por causa da minha constante atuação, mas já podia mentir um pouco mais a respeito dos meus sentimentos.

Coloquei um vestido bege com detalhes salmão, prendi parte dos meus cabelos com fivelas simples e me dirigi a porta do meu quarto.

— Vai a um passeio com o conde Venoza? — perguntou Beatriz e eu prensei os lábios negando.

— Vou sair com meu irmão, ele quer me mostrar um pouco da cidade.

— Poderia pedir a seu futuro noivo — falou ela.

— Ele está ocupado com seus próprios problemas — retruquei e ela piscou sem entender, então sem dizer mais nada, saí do quarto. Desejava não encontrar Selena. Achei estranho que ontem ela não tenha vindo a meu encontro ameaçar-me ou dizer coisas ruins a meu respeito, simplesmente não apareceu alegando estar sentindo-se mal.

De alguma forma, isso dava-me um calafrio na espinha, pois eu sentia que ela tinha alguma carta na manga que poderia usar a qualquer momento.

Assim que cheguei na escada, observei Ryan, ele estava completamente de preto, combinava muito com esta cor. Ao contrário de mim, ele não me viu, parecia distraído com o jornal e entrou no corredor que dava a biblioteca.

— Ah, senhorita Wamura, vais sair? — A senhora Venoza apareceu. Terminei de descer as escadas e sorri a olhando.

— Vou a um passeio com meu irmão — falei e ela piscou.

— Chame a senhorita Lowis, sei que ela adorará ir. — Sorriu. Sorri de volta com cortesia.

— A senhora não parece gostar muito da presença dela aqui, ou é impressão minha? Aconteceu alguma coisa? — perguntei fazendo-me de desentendida e ela franziu o senho.

— Ora, bobagem! Não aconteceu absolutamente nada...

— Não entendo por que ela está aqui, já que visivelmente não é tão bem vinda...

— Ela e Núbia são amigas, além do mais sua casa é um pouco distante da nossa propriedade, então quando eles vêm, acabam ficando por alguns dias...

— Ah, sim. Entendo. Já estava imaginando que tinha alguma coisa por trás, e não gosto de ficar desconfiada, entende? — Sorri e me dirigi a porta, finalmente. Felizmente isso foi suficiente para deixar a senhora Venoza quieta. Logo que saí, olhei o céu para me certificar que ele não estava chuvoso.

Por algum motivo, hoje eu me sentia mais leve. Alguma coisa em mim me dizia que seria um ótimo dia.

Ren estava ajeitando os cavalos, desci as escadas da entrada e me dirigi a ele.

— Você tem que ficar calmo com ela — comentou ele escovando um dos animais. — Ela não tem muitas forças nas pernas... pra andar a cavalo, por que comigo ela...

— Estou aqui — falei antes que ele terminasse essa frase e Ren deu um solavanco olhando-me surpreso, então a escova escorregou de uma de suas mãos. Ren prensou os lábios sorrindo e pegou o objeto rapidamente.

— Oi... — disse visivelmente constrangido, então recompôs-se. — Este é o cavalo que vai te acompanhar, pelo que percebi ele é o mais calmo deles. Semicerrei os olhos, depois do que passei com cavalos, já não sei se quero montar em um deles. Ainda lembro da patada que recebi nos braços.

Ren segurou minha mão e levou ao pelo do animal. Notei as mãos dele, eram enormes e tinham veias saltantes, além de estarem quentes, engoli a seco me sentindo nervosa. Ele sorriu com o canto da boca.

— Está se aproveitando? — perguntei e Ren me olhou fingindo desentendimento.

— Quem? Eu? Claro. — Sorriu e eu percebi que mordi ao lábio inferior. Parei no mesmo instante.

Ren me ajudou a subir no cavalo que me aceitou muito bem.

— É difícil equilibrar — falei e ele subiu no seu enquanto segurava uma cesta.

— Sei que tem forças nas pernas, basta usar... — disse risonho e eu corei no mesmo instante.

— Você está muito indecente — comentei e ele riu.

— Eu? Não falei absolutamente nada, pensaste tudo sozinha. — Me olhava vitorioso. Semicerrei os olhos me sentindo um tanto desafiada.

— Muito bem, para onde vamos? — perguntei e ele pigarreou iniciando a cavalgada.

— Tem um lugar que visitei, acredito que vais gostar, fica em outra propriedade dos Venoza, pedi que nos deixassem ir.

— É um lugar bonito? — perguntei e ele sorriu, então não me disse mais absolutamente nada. Aproveitei o silêncio para observar a paisagem, parece que nossa presença chamava muita atenção das pessoas. Olhei para Ren, ele parecia tranquilo, quase como se não estivéssemos em uma situação como aquela, como se não estivéssemos mentindo sobre tudo a nossa volta. Confesso que senti um pouco de falta da Yuna naquele momento, ela adoraria participar de um passeio como aquele.

— Ren, você chama muita atenção — comentei e ele sorriu.

— Eu estou tentando me acostumar com este fato — disse me olhando, ele era mesmo muito bonito, seu rosto era bem desenhado, era alto e tinha um poste físico definido e másculo, óbvio que chamava atenção.

Reconheci a entrada assim que chegamos próximo a ela, o mordomo que regia ali foi muito gentil e se disponibilizou para nos ajudar com qualquer coisa que quiséssemos, porém nós não ficamos na casa principal, Ren me guiou para dentro da floresta.

— Você veio aqui muitas vezes? — perguntei e ele negou.

— Uma vez.

— E se lembra tão bem.

— Minha memória é relativamente boa, estamos quase chegando — disse.

De longe ouvi um barulho de água e isso me deixou enérgica, o cheiro era de água doce. Desci do cavalo assim que avistei o rio de águas transparentes. Era simplesmente lindo, tudo compunha uma paisagem maravilhosa, o som dos pássaros, o azul do céu refletido na água, tudo era muito bonito.

— Isso me dá muita vontade de pular — falei e ele sorriu.

— Pule — disse simplesmente.

— Ora, vou molhar o vestido, além do mais, parece funda...

Ren colocou a cesta no chão, amarou os cavalos perto da água e se aproximou.

— Não é tão funda — disse desabotoando a camisa. O observei me sentindo nervosa. Ren então percebeu que eu o olhava e sorriu. — Você quer desabotoar para mim? — perguntou e eu pisquei.

— Claro, por que não — me aproximei e percebi que ele me olhava surpreso e um tanto envergonhado. Tirei o primeiro botão lentamente enquanto o observava. — Por que está me olhando assim? Saiba que eu não sei brincar — Sorri e ele ficou ainda corado. Depois de terminar os botões tirei sua camisa e ele ficou olhando-me desconcertado — Não vai entrar? — perguntei.

— Ah... é... — Ren entrou no rio e deu alguns passos fazendo uma demonstração da profundidade, a água batia na sua barriga — Viu, é raso — falava. Observei com cuidado seus músculos, pescoço, braços e me senti eriçar. Ontem mesmo estava tocando-os por cima da roupa, então uma pequena curiosidade se instalou na minha mente, saber a temperatura real da sua pele, a sensação de tocá-lo ali. Suspirei me sentando na beirada.



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Mari de santa só a carinha rsrs

Mas eu não te julgo, Mari u.u

O CONDE QUE EU AMAVAOnde as histórias ganham vida. Descobre agora