CAPÍTULO 63

303 64 30
                                    


Alguém bateu na porta e eu estremeci no mesmo instante. Pisquei rapidamente caindo em mim, céus! O que eu estava prestes a dizer?! Levei a mão a boca e o empurrei para que me levantasse.

Então fui até o espelho olhei meu estado, céus, minha boca estava vermelha e inchada, ainda sentia sua mão pelo meu corpo apertando-me. Respirei fundo me acalmando.

— Abra esta porta agora — Selena ordenou e eu olhei para Ren. Ele estava parado com os punhos cerrados, então ajeitou seu cabelo e sua roupa, depois se dirigiu a poltrona e sentou nela cruzando as pernas.

— Acha bom você sair, ela pode pensar errado...

— Por agora, será pior se eu me levantar — falou olhando-me de um jeito sério e profundo. Não entendi, mas não tenho tempo para perguntar. Fui até ele ajeitei seu colarinho, depois passei um pouco de pó branco em sua boca e na minha. Ren continha o sorriso.

— Pare com isso... — reclamei.

— Não sei por que os esforços, ela vai imaginar algo de qualquer forma, e você está muito mais vermelha que eu, nem sabia que podia ficar dessa cor. — sorriu e eu apertei sua bochecha, Ren segurou minha mão com um sorriso insinuante. — Nós podemos ignorá-la se quiser.

— Ren! — o repreendi me sentindo quente. Na verdade, o clima estava quente e acabava facilitando, precisava de um leque.

O olhei nos olhos e me senti nervosa, então me ajeitei e engoli a seco andando em direção a porta.

— O que você quer? — perguntei assim que abri.

— Sei que Ren está aí — Ela empurrou a porta e entrou olhando-o, depois me olhou e cruzou os braços. Fechei a porta atrás de mim me encostando nela. Pela expressão da mulher, sabia que ela iria lançar seu veneno mais uma vez. Ren a olhava impassível. Parece que o ando subestimando.

— O que houve? — perguntou Ren.

— Não deveria estar aqui, o que hão de achar se...

— Qual o problema em estar perto da mulher que eu amo?

O olhei surpresa, depois olhei para Selena, ela parecia em choque, depois perdeu a cor.

— Não acredito no que está dizendo, ai meu Deus, que desgosto, não permitirei tal coisa! Ela já está prometida a Ryan, e você, terá muito mais oportunidades na vida se casar com a duquesa Lowis. Ren, seja racional! — gritou.

— Estou sendo perfeitamente racional, Selena — ele falou mais sério.

— Não, não está... Está agindo que nem seu pai, movido por um devaneio! — Ela estava fora de si, até mesmo sua respiração estava acelerada, ela olhou-me com raiva, e então saiu do quarto batendo a porta com força.

Ren respirou fundo, então se levantou.

— Foi mais fácil do que eu pensei que seria... — Pareceu dizer a si mesmo, então me olhou e eu me senti nervosa lembrando-me de sua declaração ainda a pouco. Ren prensou os lábios e sorriu sem jeito. — Não se preocupe muito com isso, eu falei por que queria que você soubesse também, mas entendo se não for... o seu desejo — Ele respirou fundo levando ambas as mãos ao bolso.

E eu continuei calada. Não sabia o que dizer. Tinha tantas coisas que eu queria falar, mas ao mesmo tempo nada me vinha a mente. Ele continuou.

— Seu aniversário passou, não é? — perguntou e eu assenti ainda um tanto envergonhada. — Tenho algo guardado para você, amanhã poderia ceder-me um pouco do seu tempo. Será uma surpresa, quer saber?

— Se está me contando, não será uma surpresa — falei o olhando mais tranquila.

— Imaginei que fosse mais curiosa — falou com ironia e divertimento. Sorri.

— Mas gosto muito mais de mistério, na medida certa claro. — Retruquei e Ren sorriu olhando-me com aqueles seus olhos ilegíveis, senti meu corpo aquecer novamente e desviei olhar.

— Me desculpe por ainda a pouco, fui longe demais... — falou ele finalmente.

— Achei que não fosse pedir — retruquei no tom de brincadeira na tentativa de melhorar a tensão ali, e quem sabe me acalmar um pouco.

— Achei que tivesse gostado — replicou ele olhando-me com divertimento. Fiquei sem palavras e senti minha bochecha formigar. — Tuchê. — Sorriu ele.

— Acho melhor sair, antes que sua tia dê outro chilique — falei indo para trás dele e o empurrando para fora do quarto.

— Tudo bem, tudo bem, eu saio. — Ele seguiu rumo a porta conforme ia empurrando-o. Então Ren se virou e beijou-me de surpresa rapidamente na boca, como um estalo. Arregalei os olhos envergonhada e ele sorriu vitorioso. — Só para que quem sabe influencie um pouco. — Me olhava. — Confesso que foi minha primeira vez fazendo isso, então seria melhor se me deixasse fazer mais vezes, assim poderei mostrar meu melhor.

Ri envergonhada.

— Hm... — fingi estar pensando para deixá-lo apreensivo. — Você tem talento — falei e ele sorriu.

— Treinei muito com você em meus sonhos — falou olhando-me fixamente com divertimento e eu senti corar no mesmo instante.

— Minha nossa, está me deixando envergonhada, pare com isso... — o empurrava.

— Você está bem vermelha.

— Eu posso sentir — falei já sem ideias de respostas.

— Está linda.

— Ren... Boa tarde!

— Vou indo — Ren sorriu abrindo a porta e deu de cara com Ryan. Tanto eu como ele nos assustamos com aquilo.

— Disseram que estava tendo uma gritaria, vim averiguar se estar tudo bem — explicou sério, então ignorando Ren completamente, me olhou. — Está tudo bem, Yuna? — perguntou insinuando que estivesse em perigo.

— Por acaso está duvidando de mim, Conde Venoza? — perguntou Ren.

Respirei fundo. Tudo o que eu não queria era uma briga.

— Não aconteceu nada — falei antes que Ryan pudesse responder a essa provocação. — Não tem por que se preocupar, Ryan, estou perfeitamente bem.

— É o que parece mesmo... — ele respondeu como se estivesse desconfiado, depois saiu a passos decididos, me senti nervosa, será que desconfiou de algo?

Quando Ren saiu, andei de um lado para o outro no quarto. Tudo o que eu preciso fazer é lhe contar a verdade, será pior se ele descobrir por outra pessoa. Mas quando? Quando hei de lhe falar? Se não decidir agora, nunca vou tomar essa decisão.

Então reunindo toda a minha coragem, planejei minha confissão.



§~~~~~~~~~~~§


Está mais que na hora, Mari.

O CONDE QUE EU AMAVAOnde as histórias ganham vida. Descobre agora