CAPÍTULO 32

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Entrei no meu quarto, desolada, não acredito que ele...

Não pensei que aquilo fosse me causar tamanho desespero, talvez por que no fundo eu sinta que existe algo. Quando o vi me olhar daquela forma, como se fosse beijar-me pareceu até que desmaiaria, quase como se estivesse prestes a sucumbir um desejo que eu nem sabia que existia, os lábios dele pareciam tão macios e tudo parecia ser perfeito para que o beijo fosse bom, era o mesmo olhar que Ren fazia para mim quando olhava para meus lábios. Me abracei.

Pensar nisso me causava dor, pois eu sabia que não era real. Eu não estava pronta para me sentir dolorida, não de novo! Aquilo que ele sentia não era amor, ou era? Talvez fosse apenas uma paixão, uma atração... E quanto a mim? Por que meu coração não para de bater rápido?! Céus... Andei de um lado para o outro pensando em como seria beijá-lo e meu corpo ficava quente apenas de imaginar, assim como um arrepio percorria toda minha espinha e entranhas... Não era amor, certo?

— Minha nossa! Por que você insiste a se atrair por homens que estão longe do seu alcance, Mari? — Tirei a peruca e baguncei meus cabelos andando de um lado para o outro. — Não é amor, talvez atração.... dessas que as mulheres geralmente tem e que duram até um beijo saciar a curiosidade, talvez seja como essa. — Resmungava para mim mesma. — Eu nunca beijei um homem, por isso todo esse rebuliço...

Me imaginei beijando-o e senti um calafrio percorrer a minha espinha. Levei a ponta dos dedos a minha boca enquanto tentava me convencer de que se tratava de algo passageiro e de que o tempo daria um jeito nisso. Assim que fosse embora, tudo se acabaria e esse sentimento revelaria que não era nada profundo...

Mas o que mais me preocupava era ele. Será que ele estava desenvolvendo sentimentos por mim? O coração dele estava tão forte... Me lembrei de Ren, quando ele me abraçava, eu sentia seu coração bater descontroladamente, mas isso nunca representou amor. De certa forma, lembrar disso me deixou menos aflita. Voltei a me recordar do que Ryan falou e me sentei na beira da cama. O que deveria fazer? Ele falava tão sério que seria impossível gostar de mim, como mudou de ideia assim tão rápido? Por que justo isso teria que acontecer quando eu desejava que fosse o inverso!

Eu estava tão certa que este plano estava perfeito com a afirmação dele, que nem apliquei esforços em fazê-lo odiar-me. Levei a mão ao peito, e agora imaginá-lo odiando-me me causava uma certa hesitação. Fechei os olhos com força e respirei fundo tentando controlar meus pensamentos.

— Que miserável sou... — resmunguei para mim mesma. Era quase como se tudo em minha vida já viesse destinada ao fracasso, com uma data de validade. Se eu tivesse morrido como minhas irmãs, nada disso teria acontecido.

Então uma ideia veio a minha mente. Talvez seja necessário que eu conte a verdade para que tudo volte a seu lugar. No entanto, antes de ter qualquer sentimento por ele, essa ideia me parecia até razoável, visto que meu único receio era ficar desempregada e arruinar com o nome da família Wamura e por tanto, o de Yuna e Ren, mas agora, eu não queria que Ryan e Núbia, nem mesmo Beatriz me vissem como a mentirosa que sou.

Jamais acreditariam em minhas boas intenções e seria até mesmo acusada de golpista quando, na realidade, tudo foi plano de Yuna. Fechei os olhos com força, não queria que Ryan me odiasse por esse motivo... Mesmo que no fundo eu sabia que era necessário.

No entanto, eu tentei acreditar que bastava seguir o curso natural das coisas que aquele sentimento logo se dissiparia, tanto de minha parte como da de Ryan. Me fiz acreditar que tudo o que ele sentia era uma atração aguda que passaria assim que eu parasse de resistir ao seu impulso de beijar-me. Assim que cedesse e ele realizasse sua vontade, logo esqueceria desse sentimento e partiria para outra conquista, assim como qualquer galanteador, tudo o que ele tem é orgulho ferido, certo? Sara o rejeitou e agora ele deseja conquistar-me, então assim que conseguir, deixará de sentir algo por mim...

O CONDE QUE EU AMAVAOnde as histórias ganham vida. Descobre agora