Capítulo 3

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Tentei conter o tremor das minhas mãos ajeitando a manga da blusa, mas era quase impossível com ele estando tão perto de mim, meu coração não parava de bater.

Ele tirou os óculos escuros e me encarou profundamente com um olhar desafiador, tão verde quanto as folhas das árvores em volta.


—– Eu sou Fred, e você é?  —  Ele perguntou, estendendo a mão na minha direção.


Demorei um pouco pra raciocinar, fascinada por aquele olhar que já havia me impactado de uma maneira que me fez esquecer até o meu nome.


—– O que aconteceu, o gato comeu a sua língua? — Ele zombou, me deixando ainda mais nervosa.


Meu rosto começou a queimar e certeza de que eu estava vermelha como um pimentão.


—– Ana — Respondi, timidamente, apertando sua mão.


—– Uffa! Pensei que você ia ter um treco — Ele riu, totalmente desinibido.


Que sorriso!


Mas espera aí, é impressão minha ou esse cara que eu acabei de conhecer, está tirando onda com a minha cara, isso eu não posso permitir.


Pensei em mil respostas para dar pra ele, mas desisti assim que ele parou de rir e olhou sério pra mim.


—– Muito prazer, Ana.


Sua voz soou um tanto atraente, fazendo meu corpo inteiro estremecer. Só me sentir assim uma vez, quando um garoto me deu um selinho na quarta série, e olha que os nossos lábios mal encostaram.


Tentei manter os meus olhos longe dos dele, para ver se eu conseguia me concentrar no que ele estava dizendo.


—– Engraçado, eu não me lembro de ter te visto por aqui antes — Ele falou buscando o meu olhar.


Olhei para ele que estava com um largo sorriso em seu rosto, e abaixei a cabeça novamente.

—– É que acabamos de nos mudar —  Falei baixo.

—– Acabamos?

—– Sim, eu e minha mãe, ela saiu para fazer compras, o que você não perguntou, mas resolvi falar mesmo assim.


"Meu deus, Ana, o que foi isso?".


Ele deixou escapar uma risada, e eu sem querer olhei para a sua boca e percebi que era levemente rosada, e um tanto convidativa, mas o constrangimento me fez desviar o olhar rapidamente e me encolher de vergonha.


—– Legal — Ele sorriu e em seguida tirou um palito de cigarro detrás da orelha, o que por incrível que pareça, eu não tinha percebido que estava ali, depois ele o colocou entre os dentes e  ascendeu


Confesso que isso acabou com as minhas expectativas.

Um bad boy não faz bem o meu tipo.

—– Então, você fuma?

Óbvio anta, que pergunta mais idiota.


—– Você não? — Ele soltou a fumaça no ar.


—– Não, isso... isso faz mal para a saúde — Alertei, ingênua.


—– Eu sei, tudo que é bom, faz.


Ele olhou para o meu rosto, depois para a minha boca. Senti as borboletas se agitarem no meu estômago, mas desviei o olhar para outra direção, fugindo da tentação.



DesilusãoWhere stories live. Discover now