Capítulo 4

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Quem era aquele garoto?

E por quê eu não consigo tirar ele da cabeça?

A única coisa que sei sobre ele, e que ele é meu vizinho, e que não faz muito bem o meu tipo. Gosto de garotos mais educados, tipo um príncipe, não um cara que nem se importa em fumar um cigarro em cima de uma garota, e o que era aquilo na orelha dele, um brinco. Sem chances Ana, não vai rolar.

Meu pai iria odiar ele.

E também não quero decepcionar minha mãe, me envolvendo com garoto que não tem futuro. Pelo menos é o que parece, ele deve ser um desses bad boys que não estão nem aí pra nada, e que não se importam nem com própria vida.

Logo quando conheço um garoto meu senso de auto-defesa apita.

Tudo bem que fiquei encantada e que talvez eu poderia estar até de boca aberta e babando por conta dele, mas mesmo assim não vou baixar a minha guarda, ele pode ser um conquistador, tentando se aproveitar das minhas fraquezas.

Tentando se aproveitar de mim.

Não, isso não vou permitir.

Decidi abrir a janela do meu quarto para tomar um ar fresco. Como o cômodo era pequeno, ficava um pouco abafado no calor, mas acabo me sufocando com fumaça que vem do lado de fora.

Depois de tossir horrores, olho para a janela do outro quarto e me deparo com o garoto novamente, e com aquela bomba entre os dentes. Fico com raiva e ao mesmo tempo constrangida ao ver que ele ainda estava sem camisa.

Não era assim que eu imaginava um segundo encontro.

____ E aí.

Automaticamente fecho a janela e volto para a cama. Eu não quero que ele pense que estou dando mole, e que estou de certa forma cedendo aos seus encantos.

Começo ler meu romance favorito para me distrair desse incidente. Estou no último capítulo e confesso que estou bastante curiosa para saber o que de fato aconteceu com a protagonista da história que por coincidência também se chama Ana.

Será que ela vai dar uma chance para um novo amor? ou voltar a viver com o cara que a desprezou, e partiu seu coração em mil pedaços. Ela certamente o ama ainda, apesar de tudo e...

A a imagem do garoto aparece insistentemente na minha cabeça bloqueando minha linha de raciocínio, junto com ar sufocante e abafado do quarto que tira completamente minha concentração.

"Mas que saco!

Deixo o livro de lado, ajeito o cabelo e vou novamente até a janela.

____ Bem receptiva você - Ele ironiza, antes que eu abra a boca, em seguida sorrir descaradamente.

Fico desconcertada, mas tento manter minha postura de síndica do prédio.

____ Olha, não sei se você percebeu, mas a fumaça do seu cigarro está me incomodando - Reclamo e ele arquea as sombrancelha surpreso.

Acho que ele esperava que eu fosse gaguejar e abaixar a cabeça.

Mas mesmo tremendo por dentro, eu mantenho meus olhos fixos nos seus.

____ Sério?

____ Sim, muito sério.

____ Deveria ter falado antes ao invés de fechar a janela na minha cara.

____ Olha, desculpa - Respiro fundo - Eu sou nova aqui, e é tudo muito novo pra mim, e as vezes fico meio retraída em relação as pessoas, porque não as conheço e acabo descontando minhas frustrações nelas.

____ Entendo.

A cor dos seus olhos estavam radiantes com a luz do sol refletindo neles, e era quase impossível me concentrar.

Apesar de não fazer o meu tipo, ele não deixava de ser bonito e atraente seu cabelo combinava perfeitamente com sua personalidade marcante e seus lábios parecem ter sido pintados a mão, de tão rosados.

_____ Bom, vai ter que se acostumar, porque esse aqui é o meu ponto, minha mãe nem sabe que eu fumo aqui, e sobre o pedido de desculpas, eu não aceito, vai ter que fazer muito mais que isso - Ele me desafiar com o olhar.

Ele estava tentando me seduzir, mas eu não vou cair nessa, eu não estou disposta a me envolver.

Afinal de contas eu sei muito bem como isso acaba.

_____ Eu vou fechar a janela por causa da fumaça, tá bom?

____ Sim, por causa da fumaça - Ele sorri descaradamente, colocando cigarro na boca.

_____Mas, mas foi bom te conhecer - Falo com medo da sua rejeição.

Um garoto bonito estava falando comigo,e isso nunca tinha acontecido.

Mas ele me ignora totalmente.

Ah ele está jogando.

"Vou ignora, e ela vai vir atrás."

Deve ser esses caras acostumados a terem tudo o que eles querem.

Mas eu não vou dá esse gostinho pra ele não.

Posso ser ingênua, mas não sou burra.

Deixo escapar um sorriso irônico e bato a janela com força. Se fosse vidro, minha mãe estaria atrás de mim, me assistindo colar caquinho por caquinho.

Mas como todas as janelas dessa casa, são de madeira.

Posso abusar.

____Filha, que barulho foi esse?

Ou não.

____O vento mãe, o vento.

O vento cujo os olhos são os mais lindos que eu já vi, pareciam duas esmeraldas, e antes que eu comece a babar, balanço a cabeça e volto para o meu livro.

Afinal o amor só dá certo nos romances.

Minha mãe sempre foi bem clara comigo em relação os homens, ela sempre me alertou dizendo para ter cuidado, disse também que os mais sexys são os mais perigosos.

E esse tal de Fred se encaixa perfeitamente um desses perfis, ainda pelo jeito como eu me olhou outro dia, tá na cara que ele não quer casar e ter uma família.

Suas intenções vão além disso.
eu ainda sou imatura demais para entender certos tipos de coisas, então vou me esforçar para não ceder as suas provocações.

DesilusãoWhere stories live. Discover now