Capítulo 49

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Eu fiquei parada olhando pra ele, observando cada traço do seu rosto para me certificar de que aquilo não era um sonho.

Às vezes você acredita tanto que uma pessoa não vai mais voltar, que quando ela volta, você simplesmente não acredita que de fato ela está ali.

Eu sonhava todas as noites com esse momento, ficava dias ensaiando o que ia dizer, e como iria dizer, e tudo o que me falta agora são palavras.

Ao mesmo tempo que eu tenho tanto pra falar.

É difícil controlar a enxurrada de emoções que ao mesmo tempo que enchem os meus olhos, agita o meu corpo com o calor de sua presença, meu coração vibra por sensações perdidas. É como se tudo que há em mim o reconhecesse.


Uma parte de mim quer bater nele até o último suspiro, enquanto a outra quer abraça-lo.

E entre elas, fico eu, dividida sem saber a qual delas recorrer.

Ele é culpado, e eu fui inocente, devo ter sempre isso em mente, e nada que ele disser vai justificar o que fez.

Então ele sorri.


E as memórias se embaralham na minha mente.

Ele não mudou quase nada, está mais bonito, mais forte e com traços maduros. O garoto imaturo pelo qual me apaixonei agora é um homem.

E que homem.

Bom, um homem no físico, não sei se suas atitudes dizem o mesmo, afinal não é como se ele tivesse trinta, ele ainda está na faixa dos vinte, ou seja propenso a errar e se deixar levar pelo seus instintos mais primitivos.


—– O que houve Keith...o gato comeu a sua língua? — Ele riu e meu corpo inteiro estremeceu.


Ele está me fazendo recordar de sensações que achei que não existiam mais.

Me afastei inconscientemente para abrir espaço.

E então ele passou por mim, permitindo que seu perfume adentrasse a fundo as minhas narinas.

Seu perfume era o mesmo que usava antes.

Um cheiro inconfundível e maravilhoso.

O que está acontecendo com o meu corpo, não era assim que eu esperava que ele fosse reagir, afinal de contas ele fez algo imperdoável.

E era para o meu corpo repudia-lo, não deseja-lo tanto.


Fechei a porta e respirei fundo, tentando conter a onda de emoção que me inundava por dentro, a confusão que ameaçava corromper minha mente, e sabotar meus sentimentos.

Em seguida, caminhei em sua direção, e me sentei no sofá de frente pra ele.

E nossos olhos se encontraram.

O verde intenso do seu olhar me roubou novamente as palavras, e um nó se formou em minha garganta.

E me impediu de falar tudo que ficou engasgado por anos.

—– Você está linda, por acaso vai para algum lugar? — Ele perguntou me desafiando a responder, porque ele conhece bem esse comportamento.

Sabe que qualquer coisa que eu disser, vai sair por meios termos.

Ele sorri ao me ver perdida e nervosa.

Franzo as sobrancelhas, irritada, dando a entender que era ele quem deveria estar nervoso e não eu.

Percebendo então o meu julgamento interno, ele suspirou pesadamente.

DesilusãoWhere stories live. Discover now