Capítulo 56

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Quando chegou o dia do então jantar na casa do Peter, com a companhia ilustre dos pais dele, eu me senti impotente, incapaz de aparecer lá depois de ter dormido com o Fred. Eu sei que eu e Peter não somos oficialmente namorados, mas eu de alguma forma estava alimentando suas expectativas e me dói muito o fato de ter que quebra-las, mas eu infelizmente não posso evitar.


Então a única solução que eu encontrei foi inventar uma gripe em cima da hora, e ainda por cima, contagiosa, assim ele não poderia me visitar, dando a entender que eu estava em um péssimo estado e não poderia aparecer na frente dos pais dele com os olhos lacrimejando e o nariz escorrendo.

Seria um desastre.

E também não acho que conseguiria olhar nos olhos dele e fingir que não aconteceu nada.

E apesar de parecer desapontado do outro lado da linha, ele disse que não tinha problemas e que haveria outras oportunidades.

Suas poucas palavras e o seu silêncio me deixaram triste e aliviada ao mesmo por ele nao achar que estava inventando desculpas.

Apesar de eu estar.

No trabalho eu também havia comentado com o Mike  que provavelmente ficaria doente e que faltaria.

Para não parecer suspeito.

Então fiquei em casa dois dias fazendo absolutamente nada, e com um peso enorme na consciência.

Até que para a minha surpresa a campainha toca.

Será que ele não levou muito a sério o que eu disse e resolveu vim verificar.

Estremeci ao olhar no espelho e notar que minha aparência saudável não era nada convicente.

A campainha soou insistente.

Meu coração acelerou e eu me senti em desespero por não conseguir nada pra usar para fazer minha indisposição parecer real.

Passei as mãos pelo cabelo, aflita.

A campainha tocou mais uma vez e eu me irritei, e a única pessoa que me veio na cabeça foi o Fred.

Então calcei as pantufas e segui descendo as escadas, em seguida fui pisando fundo até a porta, ainda achando que era ele, já que era o único que não sabia que eu estava doente.

—– Fred, agora não — Resmunguei abrindo a porta.

Mas me assustei ao ver que não era ele, e sim o Robert.

—– Quem é Fred? —  Ele arqueou as sobrancelhas surpreso e confuso ao mesmo tempo, porém com um sorriso calmo nos lábios.


—– O vizinho — Coçei a cabeça perdida — Ele às vezes aparece aqui pra me perturbar.

—– Que idade ele tem?

Não entendi porque ele perguntou isso.

—–  Ah tem uns.. — Mexi os olhos pra pensar —  Oito, um menino, e está obcecado por mim,  acredita?


Vou me arrepender pelo resto da vida de ter contado essa mentira e espero que Deus não me castigue por eu ter inventado uma doença para não ter que enfrentar as minhas dificuldades.


—– Nossa, a idade do meu filho — Ele disse se surpreendendo novamente, me deixando também surpresa por que até então eu não sabia que ele tinha um filho.

—– Eu não sabia que você tinha um filho?

—– Na verdade eu tenho dois, o outro tem seis anos —  Ele falou empolgado, demostrando em suas feições que seus filhos eram sua prioridade.

DesilusãoOnde as histórias ganham vida. Descobre agora