Capítulo 11

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Quando pensei que os dias de solidão não teriam fim.

Escutei o barulho familiar do motor de um carro e um sorriso logo escapou dos meus lábios.

Desci as escadas correndo e fui em direção à porta.


Ver a liza dentro daquele carro roendo as unhas despreocupada, me fez sentir um misto de raiva e alegria. Caramba nunca senti tanto a falta de alguém assim.

Depois do meu pai é claro.

-- Meu Deus, Liza, onde você estava? - Perguntei eufórica, imaginando mil situações que poderia ter acontecido.


-- Entra vai, no caminho eu te explico - Ela falou sem me olhar, e eu obedeci, é claro.

-- Tá, mas vamos passar no ponto e pegar o Simon porque eu prometi pra ele que quando a gente voltasse a ir para escola, juntas, eu falaria com ele

-- O cego?

-- Liza - A repreendi

-- Ué - Encolheu os ombros - Mas ele não é cego?


Revirei os olhos e virei o rosto pro lado, encarando a paisagem um pouco mais tranquila.


-- Você deveria ter dado pelo menos alguma notícia, sei lá, eu fiquei muito preocupada, e David então...


-- Ana, eu não tenho tempo para os seus sermões agora, estou com problemas - Ela soltou impaciente.


-- Por que, o que aconteceu? Por que não está arrumada? faltam dez minutos para começar as aulas - Perguntei depois de notar que ela não estava de uniforme e com rosto lavado, ele nunca deixa suas sardas aparentes.


-- Hoje não vamos à escola, preciso conversar com alguém, você vem comigo pra casa?

-- Mas e o Simon?

-- Esquece o cego, é caso de vida ou morte.


Eu fiquei dividida, eu estava indo tão bem na escola, não faltei nenhum dia, mas ver o semblante caído de liza e sua aparência horrível, fiquei bastante assustada.


-- Está bem.


Ao passar de frente à escola, eu abaixei no banco do carro pra ninguém me ver, confesso que fiquei decepcionada comigo mesmo, mas não podia mais voltar atrás.


Pela primeira vez na vida, eu estava matando aula, e a sensação é um tanto estranha. Eu me sentia culpada o tempo todo, acho que por está acostumada a ser sempre certinha e seguir as regras.

Espero muito que a liza tenha uma boa explicação pra isso.

Tomara que minha mãe também não descubra.


-- E o seu pai? - Perguntei assim que paramos em frente a sua belíssima residência.

-- Está viajando.

O pai dela está viajando e ela nem pra ligar pro David, e avisar que está viva.

Ela abriu a porta do carro no mesmo instante que eu, e ambas descemos.


Era bom respirar o ar puro da riqueza novamente, porém eu estava começando a gostar da nova vida, apesar de não ter mais as mordomias de antes.

-- Sua casa é linda.


Ela correu os olhos pela casa e suspirou.

-- É aqui que o meu pai se esconde, aquele corrupto - Falou, depois colocou a chave do carro em cima da mesa de centro


DesilusãoWhere stories live. Discover now