Capítulo 19

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Fiquei olhando para a xícara por alguns minutos, observando cada detalhe desenhado nela afim de fugir do olhar penetrante e a expressão simpática daquele cara que estava começando a me incomodar.

Impaciente, ele tomou a xícara da minha mão e colocou de volta na bandeja.

—– Desculpe, mas eu fiquei agoniado com o seu silêncio — Ele sorriu, em seguida se levantou — Bom, estranha, hora do banho.

Ele ofereceu a mão pra mim.

Levantei os olhos ainda confusos pra ele, que sorriu estranhamente animado.

—– Eu acho que consigo ir sozinha.

—– Mas é claro que consegue, notei que andou perambulando pelo quarto, mas não se preocupe, eu nem usava aquele perfume — Ele riu e isso me deixou constrangida e surpresa ao mesmo tempo.

"Como ele sabe, deve ter uma câmera escondida aqui em algum lugar.

Corri os olhos por todo o canto.

—– Você por acaso estava me vigiando? — Questionei assustada por se tratar de um quarto, eu poderia estar trocando de roupa ou algo do tipo e esse pervertido estava vendo tudo.

—– Se está querendo saber se tem uma câmera nesse quarto, não, não tem, mas eu sou detalhista, e fiz uma breve observação. Notei que aquele perfume, além de estar no lugar errado, está meio ...vazio...

Eu pensei em me desculpar, mas o cheiro daquele perfume não era dos melhores, ou seja, acho que ele deveria me agradecer por isso.


—– Não se preocupe, não vou intimidar você com nenhuma pergunta, vou respeitar o seu tempo, o meu papel aqui é apenas cuidar de você.

Assim que ele se afastou, eu comecei a pensar em inúmeras maneiras de fugir daquele quarto, porque apesar de ter decidido ficar, eu ainda me sentia um pouco insegura, agora que ele sabe do meu vício.

—– Olha, eu tenho algumas roupas de mulher aqui, mas antes que me pergunte, é uma longa história...mas você pode vesti-las se quiser... no banheiro tem toalha, shampoo e sabonete caso precise, e pra sua segurança não tranque a porta por dentro, e ah, eu já ia me esquecendo ...

Ele foi até o canto do quarto e pegou uma muleta.

—– Vai precisar disso.

Peguei a muleta rapidamente de suas mãos.

Eu até me questionei se não precisaria mesmo de ajuda, porque o piso do banheiro molhado pode ser escorregadio, e um tombo a essa altura seria fatal, e eu também não sei se com a dor que estou sentindo vou conseguir esfregar algumas partes no meu corpo.

Entretanto depois da experiência dolorosa do passado, eu não posso dá esse estranho, total liberdade para mexer com as minhas emoções.

Prefiro não confiar.

—– Obrigado —  Agradeci com um meio sorriso.

Em seguida, me apoiei firme na muleta e segui relutante para o banheiro.

—– Tem certeza de que não precisa de ajuda? — Ele insistiu atrás de mim, percebendo minha dificuldade para me locomover.

—– Tenho — Resmunguei, fazendo-o parar de me seguir.


Abri a porta do banheiro com uma das mãos, enquanto apoiava o corpo na muleta. Tomando bastante cuidado para não cair e prejudicar ainda mais o meu estado.

DesilusãoWhere stories live. Discover now