Capítulo 58

52 12 2
                                    

Quando Peter abriu a porta, notei que ele estava deslumbrante como sempre.
Vestido de terno e gravata como se estivesse a caminho de uma reunião de negócios, um relógio brilhava em seu pulso e as lentes dos seus óculos estavam impecáveis de tão limpas, dando mais visibilidade ao seu olhar.


Sem falar do seu perfume, que tinha um cheiro maravilhoso, e aumentava cada vez mais a minha vontade de agarra-lo ali mesmo.

Uau!

Suspirei.

Mas apesar de tudo, ele  não estava com aquele sorriso lindo no rosto, nem aquela excitação que sempre demonstrava ao me ver.

—– Você poderia me devolver a minha presilha, é presente da minha avó —  Pedi com um sorriso que logo se desmanchou assim que eu vi as malas prontas no pé da escada.

Ele me olhou confuso e triste, fechando um pouco a porta bloqueando minha visão.

—– Sua presilha não ficou aqui, Ana, você deve ter perdido na boate — Ele disse sério olhando para o relógio, me deixando ainda mais triste porque ele de certa forma parecia estar me evitando.

—– Ah, deve ter sido mesmo, que estupidez a minha —  Falei sem graça e cabisbaixa. Não foi dessa forma que eu imaginei esse dia.

Ele me lançou um olhar rápido, e eu percebi sua inquietação, como se ele não me quisesse ali, talvez por está chateado comigo.

Ele mal olhava pra mim.

—– Peter, me desculpe — Suspirei, procurando desesperadamente pelo seu olhar.

Ele ficou em silêncio e cabisbaixo por um momento, depois suspirou fundo se afastando da porta.

Passei por ele engolindo a seco, e ao ver as malas de perto, paralisei completamente.

Eram duas malas bem grandes, o que indicava que ele não estava indo para uma simples reunião de dois dias.

—– Você vai embora? — Perguntei com o medo da resposta, e ouvi mais um suspiro abafado.

—– Eu passei na sua casa ontem a noite, mas você não estava...

Ele vai embora sem se despedir de mim.Meu coração se apertou.

Por isso ele está tão estranho, se eu não tivesse vindo na sua casa, talvez eu nunca mais iria vê-lo.

—– Aí quando eu estava voltando pra casa, vi uma movimentação estranha em uma boate, e imaginei que estivesse por lá...

Ele falou atrás de mim e eu mal tinha coragem de me virar para encara-lo.

Meus olhos ficaram presos nas malas, e as lágrimas jorravam sem parar, imaginando como seria minha vida daqui pra frente, sem ele.

Quem vai me salvar?

Então eu pensei que essa era uma boa hora para esclarecer tudo, porque eu não sabia quando eu ia vê-lo de novo, e se vou vê-lo, o que me deixou um pouco abalada.

—– Eu menti sobre estar doente, e sobre várias outras coisas também —  Confessei cabisbaixa entrelaçando os dedos, depois me virei e encarei seus olhos.

Ele não parecia surpreso, mas mesmo assim continuei.

—– O Fred voltou ....

—– É eu sei —  Ele falou sem me olhar.

—– Sabe?— Fiquei surpresa.

—– Sim, eu vi vocês conversando naquele dia que estive na sua casa, mas não quis falar nada...

DesilusãoWhere stories live. Discover now