Capítulo 9

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No outro dia, eu me senti mais confiante para me sentar ao lado do Simon no ônibus, já que na primeira vez ele foi tão gentil comigo.

—– Bom dia, será que eu posso me sentar aqui? —  Perguntei com educação.

Ele sorriu ao escutar a minha voz.

—– Claro — Ele afastou a mochila pro lado, me fazendo sorrir aliviada.

—– Obrigado — Passei por ele e me sentei perto da janela.

Ficamos em silêncio por um momento, até que decidi iniciar um conversa pra quebrar a tensão entre a gente.

—– E sua amiga?

—– Não veio, descobri que ela começou a namorar, e o seu namorado é quem está levando ela pra escola agora.

Notei um certo pesar em suas palavras.

—– Eu sinto muito, Simon.

—– As garotas mudam quando começam a namorar, é meio que automático, elas ficam mais cegas do que eu — Ele riu, me arrancando uma risada.

—– Você é hilário.

—– É sério, pelo menos eu não vou ter problemas com isso — Ajeitou os óculos

—– Não diga isso, e também não são todas que ficam cegas

—– O amor é como uma droga, te deixa obcecado, e você muda completamente sua percepção sobre o mundo e as pessoas a sua volta, mesmo que você não queira.


—– Não sei não, acho que não vou ser assim —  Olhei pela janela, me lembrando de quase desmaiar quando Fred me tocou.


—– Então comece a rezar desde já, para que o amor não ache a sua porta ou se achar, tomara que não te encontre em casa — Ele debochou

Depois disso ficou impossível segurar a risada.

Mas depois que minha barriga começou a doer, eu parei de rir e comecei a refletir sobre o assunto.

E se ele tiver razão?

Bom depois de pensar tanto, precisei de outro saquinho de papel, porque meu estômago começou a revirar outra vez.

Acho que vai demorar um pouco até o meu organismo se acostumar com esse sobe e desce do ônibus.


Fiz o mesmo ritual que antes, desci do ônibus por último e joguei o saquinho cheio na lixeira prestando bastante atenção em quem estava vindo, e  quando olhei para trás, Simon havia sumido outra vez.

Eu estava começando acreditar que ele era um fantasma que só existia na minha cabeça.

Caminhei receosa até a entrada, pois não sabia quais piadinhas estavam me aguardando desta vez.


Mesmo com medo eu respirei fundo e ergui a cabeça, porque prometi a mim mesma que não vou me importar com os comentários ofensivos e muito menos com as risadinhas maldosas dos outros alunos.

Se meu pai quer que eu seja forte então eu serei.

Ou pelo menos vou tentar.

Esbarrei com o professor no corredor e o meu rosto começa queimar de vergonha ao lembrar de ter quase derrubado ele.


—–Ana, como vai? — Ele perguntou com simpatia exibindo sua impecável fileira de dentes.

—– Estou bem — Olhei pra ele timidamente, notando que os seus olhos eram azuis

DesilusãoWhere stories live. Discover now