Capítulo 3

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O despertador tocou alto. Amelie ouviu seu irmão dar um pulo na cama ao lado.

- Me desculpe, Tom, não achei que estaria tão alto assim.

O irmão mais velho de Amelie parecia um zumbi quando sentou na cama e encarou a garota.

- Ah... Tudo bem. - Tom se deitou na cama – Boa sorte em seu primeiro dia.

Amelie sorriu e saiu do quarto. Eram seis e meia da manhã, a manhã fria de fevereiro fez com que a garota se arrependesse de sair da cama. 

- Bom dia, mãe. - Amelie beijou o topo da cabeça da mãe que tomava café da manhã na mesa da cozinha.

- Como está se sentindo, querida?

Amelie estava se servindo de leite quando a mãe fez a pergunta. O que ela estava sentindo depois de tudo. Amelie lembrou da primeira vez que colocou um capacete na cabeça e entrou no kart, quando tinha apenas seis anos de idade. Depois as pequenas competições que ia com o pai para se divertir aos finais de semana, então o primeiro patrocínio, as brigas com outros garotos na Fórmula 4, batalhas na pista com a piloto Jamie Chadwick na Fórmula 3, pódios com George Russell na Fórmula 2.

Amelie viu os garotos com quem competiu durante sua vida chegando a Fórmula 1, por que ela não poderia também? Era tão injusto que pilotos tão talentosas como ela e Jamie entravam para equipes de Fórmula 1 para serem piloto de teste. Amelie não deixaria uma oportunidade como aquela passar, ela sabia o risco que seria tomar aquela decisão, mas era o certo. Ela esperaria duas temporadas inteiras passarem para ela pilotar. Durante esse tempo no paddock ela poderia ter contatos, fazer amizades, conseguir patrocínios ou maior apoio. 

- Estou feliz, um pouco ansiosa, mas em um geral estou tranquila. Acho que vou ficar nervosa de verdade quando chegar a hora de ir para a Austrália.

- Ou quando você entrar em um carro. - Vincent apareceu na porta da pequena cozinha – Bom dia.

- Levantou tão cedo.

- Queria desejar boa sorte a nossa filha.

Amelie abraçou o pai.

- Obrigada.

Vincent era um pai carinhoso, se envolveu em alguns problemas no decorrer da carreira da filha. A família Quill nunca fora milionária, mas eles tinham dinheiro o suficiente para que Amelie conseguisse participar das competições. Até os treze anos da garota, quando estava na Fórmula 4, o dinheiro fora bem administrado pelo homem. Olivia não precisava trabalhar e Thomas cursava economia na universidade. Tudo mudou quando Vincent perdeu tudo em um investimento que faliu. A família vendeu os três carros que tinham, alguns móveis da casa e todos começaram a trabalhar, mas Olivia, Vincent e Thomas sempre deixaram claro para Amelie que não queriam que a garota desistisse dos seus sonhos. Olivia deixou a vida de madame passou a trabalhar em dois empregos, Vincent trabalhava em um lugar a cada semana e Thomas desistiu da universidade e se tornou balconista em uma loja de conveniência por dois anos antes de retornar aos estudos. 

Amelie era muito grata a família pelos sacrifícios que todos fizeram pela carreira dela, a Fórmula 1 se tornou um sonho não só dela, mas dos quatro. A garota continuou competindo e conseguiu patrocínios, ganhou os campeonatos pequenos, ganhou alguns cheques que a ajudavam a pagar as dívidas. Amelie tentou ser forte quando a crise atingiu sua família, mas ela foi tomada pela culpa e se afundou em uma depressão.

- Vamos, querida? Nem eu e nem você podemos nos atrasar.

Amelie virou o copo de leite e assentiu. Abraçou o pai mais uma vez antes e sair. Acompanhou a mãe até o carro e suspirou quando sentiu o ar quente em sua pele. 

Olivia seguiu o GPS com cautela e atenção até chegarem a sede da McLaren em Woking. As duas foram paradas na portaria, passaram seus dados e foram liberadas para atravessar a cancela. 

Os olhos de Amelie brilharam quando viu a enorme sede redonda, um enorme lago na parte da frente. 

- Eu deveria tirar um dia de folga hoje e entrar com você... Que lugar!

Amelie riu.

- Boa sorte, Amelie. Vai dar tudo certo, querida. Se dedique, faça amizades, trabalhe, mas não esqueça de se divertir. - Olivia beijou a bochecha da filha – Frances já chegou?

- Não sei, vou mandar uma mensagem pra ela. - Amelie saiu do carro e soprou um beijo para mãe da janela.

Olivia fechava o vidro quando de repente parou.

- Quase esqueci! Hoje é 14 de fevereiro! Feliz dia de São Valentim. - a mãe de Amelie sorriu e acelerou o carro.

Amelie estava parada em frente a uma enorme porta de vidro. Ela não era a única pessoa que aguardava na marquise. Pessoas com camisas sociais com o logo da McLaren no canto conversavam, algumas fumava, riam.

Frances apareceu do lado de dentro com uma camisa igual.

- Gostou do meu novo uniforme? Laranja não caiu muito bem em mim, mas acho que vai cair bem em você. - Frances estendeu uma camiseta da equipe.

- Bom dia, Frances. - Amelie sorriu para a mulher.

- Bom dia, querida. Vamos entrar, recebi uma mensagem dos caras lá de cima, você precisa conhecer o pessoal.

𝐷𝑟𝑒𝑎𝑚 𝑡𝑜 𝑆𝑢𝑟𝑣𝑖𝑣𝑒 1 - Em busca de um sonho | Lando NorrisWhere stories live. Discover now