Capítulo 45

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Enrico


Enquanto seguia a médica que me levava ao quarto de Mara eu pensava em que palavras eu usaria para conforta-la se nem mesmo eu consigo aceitar a perda do nosso bebê.

Quando entro no quarto ela não olha em minha direção, ela olha para a parede a sua frente  com um olhar perdido, seus olhos estão inchados, seu rosto cheio de hematomas, seus braços arranhados e até na mão que está ligada ao soro vejo sinais de amarraduras.

__ meu amor __ chamo sua atenção.

Ao me ver ela começa a chorar e dou passos em sua direção.

__ sai daqui, eu não quero te ver nunca mais.

__ Mara eu... __ dou mais um passo.

__ não se aproxime de mim  __ ela virou seu rosto para o outro lado __ nós já não temos mais nada que nos liga um ao outro.

__ nosso bebê se foi mas ainda tem o nosso amor __ insisti sem me aproximar dela __ eu te amo Mara.

Ela voltou a me encarar e seu olhar estava duro __ e onde você estava quando precisei de você? __ ela tirou o cobertor que cobria seu corpo e devagar levantou, abriu aquela roupa de hospital onde pude ver seu corpo machucado __ veja o que ele fez comigo... agora eu te pergunto. Onde você estava?

__ me perdoe por te abandonar.

"O que mais eu poderia dizer? Como dizer para a mulher que acabou de perder um filho que daqui a menos de seis meses ela também perderá o pai do seu filho? Não... eu não poderia dizer isso a ela."

__ eu te pergunto Enrico onde você estava?
Por favor me convença de que você não me abandonou __ ela me olhava firme esperando por uma resposta que eu não pude dar.

Continuei em silêncio enquanto ela voltou a fecha a roupa com dificuldade e tentou sentar na cama que era alta demais para suas pequenas pernas, fui até onde ela estava e quando segurei seu braço para auxiliá-la ela me afastou como se tivesse repúdio do meu toque desistindo de subir na cama.

__ não me toque, não preciso de nada que venha de você pelo menos não mais.

__ você acha que só você está sofrendo? Eu também perdi meu filho e quase a mulher que amo.

Seu olhar suavizou um pouco e ela falou com suavidade e tristeza na voz:

__ Eu sei que parece infantil mas toda vez que eu olhar para você lembrarei da perda do meu filho __ seus olhos perdidos voltaram a me fitar e a cada palavra dita lágrimas rolam por seu rosto me destruindo por dentro __ eu não quero mais perder ninguém, não quero te ver e recordar a minha perda. Todos os que amo morrem me deixando apenas com a dor, quem sofre é quem fica sozinho. Você pode me prometer não me deixar só? A saudade do que não tive __ ela colocou a mão na barriga __ ou melhor do que por pouco tempo eu tive... dói demais Enrico, não quero passar por isso de novo. Você entende?

A abraço e ela se debate  tentando sair dos meus braços e eu a aperto até sentir ela se render __ eu... queria poder dizer que eu nunca mais deixarei isso acontecer de novo mas não posso, eu sinto a sua dor sei como se senti.

__ se você sabe então me deixa __ ela diz ainda abraçada a mim e eu a afasto o suficiente para olhar em seus olhos mas ainda agarrado aos seus ombros __ por favor, eu te imploro.


Tamara

Meu coração está quebrado e as dores físicas nem se comparam a dor que sinto no coração. Mesmo sabendo que será difícil ficar longe dele ainda assim eu preciso, eu não posso deixar os desejos do meu coração ditarem as regras não mais.

Entre o amor e a razão Where stories live. Discover now