Alina é levada para o Pequeno Palácio após seu teste Grisha e entregue ao Darkling para treinar. Mas há um problema - quando ela atingir a maioridade, ela deverá unir Ravka, casando-se com o herdeiro do trono, Vasily Lantsov.
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O Darkling era fluente em querer.
Ele queria mais do que precisava. Ele foi movido pelo desejo. Ele ficou forte sob a pressão de seu desejo. Sem sua vontade, ele não era nada. Ele era apenas um menino talentoso com potencial desperdiçado. Mas com seu desejo, quando ele usava seu desejo como combustível, como propósito, ele era muito, muito mais do que isso.
Desde que ele era um menino, suas primeiras memórias eram tingidas de desejo. Necessidade. Ambição. Ele queria um pai como as outras crianças tinham, alguém que o ensinasse quem ele deveria ser. Mas sua mãe nunca falava dele, não pronunciava seu nome. Ele havia cumprido o que ela havia pedido, ela disse, e não era mais relevante. O Darkling também queria sua mãe. Embora ela estivesse sempre com ele. Queria uma mãe que lesse histórias para ele, que o ajudasse nos estudos, que fosse movida não pelo desejo de mantê-lo seguro, de fazê-lo crescer, mas de fazê-lo se sentir amado. Ele queria amigos com quem pudesse contar. Ele queria estar com as outras crianças de sua idade. Ele queria rir e brincar. Ele queria uma vida sem medo.
Ele queria pertencer.
Ele queria ser visto.
Ele queria a liberdade de viver como ele escolheu viver.
Ele queria apagar as memórias que o endureceram.
Ele queria reconhecer seu próprio rosto no espelho.
Ele queria nunca mais ver o corpo queimado e quebrado de um Grisha inocente em uma pira novamente.
Ele queria pecar.
Ele queria governar com punho de ferro.
Ele queria que o Grisha o amasse de qualquer maneira.
Ele queria envelhecer e queria morrer.
Ele queria viver para sempre.
Ele queria Alina.
Porra , ele queria Alina.
Ele estava sobrecarregado por isso. Atormentado. Foi cruel, realmente. Ele costumava pensar que seu desejo era a linha de base. Controlável. Que, dentro dele, sempre haveria o buraco que ele não poderia preencher. Que, de forma consistente e perpétua, ele continuaria a viver sua longa vida sozinho, lutando uma luta que não poderia ser vencida, salvando quem poderia ser salvo e matando aqueles que se interpusessem em seu caminho. Ele estava resignado com isso da mesma forma que alguém está resignado com uma dor constante e consistente. Ele viveu com isso. Tornou-se uma parte dele, uma perspectiva insolúvel e implacável. Ele tinha visto reinos caírem. Ele tinha visto pessoas de quem gostava morrer. Ele acordou manhãs sem fim para a mesma história, travando a mesma guerra.
Se ele não pudesse ter o que realmente queria, o que sempre estava fora de alcance, ele se contentaria com todo o resto. Ele se lançaria no Segundo Exército. Ele traçaria estratégias e faria campanha para o que queria. Ele não hesitaria em lutar sujo. Ele iria chantagear e apunhalar pelas costas. Quando necessário, ele mataria. Ele sacrificaria o bem pelo bem maior. Ele iria satisfazer seu desejo com crueldade e bondade. Ele se tornaria o que eles odiavam para que pudesse proteger o que importava. E ele fez. Todo dia.
Até que o mensageiro chegou com um bilhete urgente.
Era dos examinadores Grisha, ele disse. Um orfanato. Keramzin, perto da fronteira Shu-Han. Havia luz na palma de sua mão. Luz!
E então o impossível aconteceu.
Ele tentou lutar contra isso. Como ele tentou! Ele tentou provar que ainda era movido por todos os seus desejos. Mas havia apenas um desejo que importava mais. Aquele que deseja triunfou sobre todo o resto. Uma fraqueza nascida da necessidade. Uma humanidade nascida da necessidade. Um desejo nascido da necessidade. O desejo construiu e o quebrou da mesma forma.
Desejo, como uma peneira com vazamento - lento e seguro e, de alguma forma, tudo de uma vez - pingou na necessidade.
Ele queria tanto que era uma coisa física tangível que sentia que poderia segurar. Ele a queria - sua presença, sua luz, seu poder. Ele a queria como uma coceira que ele não conseguia coçar, como uma memória que ele não conseguia entender, as palavras perdidas na ponta da língua. Ele a queria com ele; ele os queria, juntos.
Ele queria não estar mais sozinho.
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