Capítulo 39

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Bárbara estava sentada no chão enquanto Eduardo escovava o cabelo dela com paciência, sentado no sofá atrás  dela e na frente dela estava Fany comendo laranja que a mãe havia acabado de descascar. A mulher ergueu a cabeça para ver ele e Eduardo beijou seu nariz.

— Mãe. — Aurora entrou na casa e foi até eles, sentando ao lado da mulher.

— Oi, amor.

— Posso ficar aqui um pouquinho com você? — começou a se encolher na mãe.

— Pode, o que aconteceu? — puxou ela para que deitasse em sua perna perto de Fany.

— Nada, é que... eu só quero ficar aqui um pouquinho.

— Eu vou... — Eduardo se levantou — Na farmácia.

— Vou junto. — Fany levantou rápido.

— Você tá comendo, filha.

— Eu vou comendo.

— Não, não, não. Deixa a laranja aqui, o carro vai ficar cheirando forte. Depois você come. — pegou o paninho e limpou a mão e a boca da filha — Vem. — a ergueu no colo.

— Posso ir na frente, papai?

— Pode, mas só porque é aqui perto. — saiu com a menina.

— O que houve, filha? — a mulher alisou o cabelo de Aurora.

— Às vezes eu queria ser a Fany pra ter o seu colo e ficar encolhidinha.

— Você não precisa ser a sua irmã pra ficar encolhidinha em mim, filha. — abraçou-a apertado — Eu te amo, Aurora. E sei que a minha atenção tá voltada pra Fany e...

— Eu sou mãe também, dona Bárbara, a Fany é pequena e precisa de atenção. O ponto não é ela, é que eu queria ser pequena pra caber no seu colo.

— Ah, mas você cabe ainda. — sorriu — É só tentar.

— Se eu sentar em cima de você, eu te quebro.

— Vem. — riu e a puxou.

Aurora se ajeitou e ficou de frente para a mãe com as pernas em cima dela. Bárbara alisava o cabelo da filha, sentia que ela descarregava o peso emocional ali, pedindo carinho.

— Aconteceu alguma coisa, eu sei, Aurora. A mim você não engana.

— É Santiago... ele tá estranho, ontem a gente saiu e ele tava distante, ele anda distante, parece que não me ama mais.

— Às vezes ele só tá com o dia corrido, ele te ama, Aurora. Te ama ao ponto de ele e eu termos saído do tapa.

— As coisas caem no costume, ele e eu estamos juntos há quase dez anos, não é mais como antes, os toques, os beijos. Chego a ter a impressão de que ele pode ter outra.

— Não, não, não. — afastou a cabeça para ver ela — Ele não tem, amor. Vocês já conversaram sobre isso?

— Não... eu não tenho coragem, mãe.

— Pois crie coragem, é a melhor coisa que você pode fazer. — sorriu e beijou o rosto dela — Quer que eu faça alguma coisa pra você?

— Chá... — pediu.

— Eu vou lá fazer.

Aurora levantou e sentou no canto do sofá, Bárbara foi até a cozinha e separou as coisas para fazer o chá da filha mais velha. Ela fazia tudo com muita calma e sobre tudo com carinho. Cada filho tinha seu próprio copo ou garrafa ali na casa da mãe. Fany, por ser a mais nova tinha vários, porém usava mais a mamadeira e o copo com bico e alça pra suquinho, Luna tinha um copão grande com canudo e Aurora um copo grande, mas com bico na tampa.

Reaprendendo a CaminharOnde as histórias ganham vida. Descobre agora