Fontaine - Meu Amor de Verão [NOVA TEMPORADA]

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"Eu não quero ter medo
Eu quero acordar me sentindo linda hoje
E saber que estou bem
Porque todo mundo é perfeito de formas incomuns

— Believe In Me, Demi Lovato" 

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Um dia após a festa, eu acordei um pouco mais cedo do que de costume. Na verdade, bem mais cedo que tenho costume, por volta de umas 05h da manhã, mas isso não me incomodou. O ar estava ameno, eu me sentia bem e resolvi me pôr de pé. Meus pais acordaram logo depois e estranharam eu estar acordada, mas me deixaram no quarto e foram para a sala. Eu fui até o banheiro e tomei um banho bem caprichado, de um jeito especial, que não tomava há muito tempo. Quando já me sentia totalmente renovada, desliguei o chuveiro e coloquei minha roupa.

Voltei para o quarto e resolvi me arrumar, não por nada, eu só queria ficar assim mesmo. Assim que me pus de frente para o espelho, me analisei. Meus peitos tinham crescido um pouco durante aquele mês e meu corpo estava mudando, mas não era uma mudança ruim. Meu rosto estava limpo, não tinha uma espinha sequer e tudo nele parecia harmonioso, até os olhos grandes com o volume de cílios que eu tinha, me deixando com uma expressão mais feminina. Minha sobrancelha não era tão feia como eu pensava, eu só precisava limpar ela, como não fazia há um bom tempo. E meu cabelo, a parte mais temida. Analisei ele com cuidado e notei que meus fios eram extremamente hidratados, mesmo que eu não tivesse tanto cuidado assim com eles. E a Bù. Aquela mecha bagunçada que eu convivi toda a minha vida. Aquela mecha sem sentido.

A verdade é que como Adrien tinha dito, eu era de fato uma garota bonita. Só que com o tempo, eu comecei a me torturar por coisas que eu mesma havia criado sobre mim. A Bù não era um problema. Meus olhos não eram um problema. Meu corpo não era um problema. A minha insegurança era o problema. O maior problema de tudo. O que conseguia acabar com tudo sobre mim. Eu quase perderia o Adrien pela minha insegurança, se ele não fosse tão gentil e me fizesse ver o contrário, ver o que tenho de melhor em mim.

Naquele dia em especial, por nenhum motivo aparente, eu finalmente tinha decidido me olhar com amor. Não pelos olhos de uma adolescente boba de 15 anos. Mas me olhar sabendo que de alguma forma, a minha existência era uma coisa boa. Que ser quem eu era, me fazia conhecer pessoas incríveis que foram feitas para cruzarem pelo meu caminho. Eu era a garota mais sortuda do mundo. E ter aquela sensação era incrível. Era como se eu fosse invencível. Era como se por um minuto, eu fosse infinita. E por esse mesmo minuto, eu notei que uma lágrima escorria do canto do meu olho direito.

A verdade é que tudo o que eu precisava, era que alguém me acordasse para que eu entendesse o que era ser importante. Porque quando você sente que é importante, você se olha com mais amor, com mais cuidado, você quer se manter importante para as pessoas que ama. Eu queria me manter importante para a Alya, para o Adrien e para todo o resto. Então eu deveria começar tendo mais amor por quem eu sou. Para que eu possa saber como poder dar amor para outras pessoas também. E durante isso, mais uma lágrima rolou do meu rosto.

Parece mais difícil quando se tem 15 anos e seu corpo literalmente está mudando por completo, assim como todas as suas experiências estão começando a se aflorar. Você se sente meio confusa, meio perdida, meio alheia às coisas a sua volta. Mas não significa que você seja uma bagunça ou que não tenha salvação alguma. Você é como um brotinho, uma sementinha. Meio pequena, meio desajeitada, mas está se desenvolvendo. Está desabrochando, está descobrindo quem é aos poucos. E essa é a parte mais linda que há na adolescência. Todos nós estamos passando pela fase que traça o destino e deixa as memórias mais lindas pra trás. E eu percebi que devo fazer dessa parte da minha vida, uma memória pra lembrar com carinho. Eu decidi ser amor para que lá na frente, quando eu for adulta, essas memórias de amor possam me aquecer nos dias mais frios.

No meio dessa reflexão, lembrei do que Adrien disse pra mim, como se uma brisa suave passasse pelos meus ouvidos.

"A Bù é perfeita, porque ela faz parte de você. E tudo em você é perfeito pra mim."

Passei a mão naquela mecha teimosa e fiquei a encarando por um bom tempo, até que na minha mente ela tomasse diversas formas, cheguei a me divertir com aquilo. Após um bom tempo, analisando aquela parte peculiar do meu corpo, me dei conta de que, por mais que eu jurasse ser o fim do mundo, no final das contas era realmente só um detalhe sobre mim.

"E tudo em você é perfeito pra mim."

Aquilo ecoava na minha cabeça o tempo todo e sempre que acontecia, eu não conseguia evitar de deixar um sorriso aparecer nos meus lábios. Continuei dando replay daquela frase na minha cabeça, até que notei silenciosamente uma lágrima solitária escorrer dos meus olhos que já estavam totalmente secos. Aquilo realmente havia me marcado de uma forma que eu não sabia explicar.

O dia ainda não tinha começado, então eu belisquei algo e saí de casa, sem muita bagagem, só com minha própria companhia. Andei pela vizinhança prestando atenção nas cores que se formavam pelas primeiras horas do dia, a aura dourada que se espalhava e o canto dos pássaros felizes que voavam por Fontaine. Algumas pessoas de idade expectavam o nascer do dia e eu caminhei por alguns minutos, até que avistasse a baía, onde a vista do nascer do Sol era a mais bela que eu já havia visto. O Sol ia de encontro com o mar e a brisa batia no meu rosto, me envolvendo como se realmente estivesse me abraçando. 

O nascer do Sol era como um recomeço. E ali, eu me senti confortável com minha própria companhia pela primeira vez. 

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